Mercado publicitário venezuelano sente os efeitos da crise
Luisana Jiménez, sócia-criativa da TBWA Venezuela, fala sobre o impacto dos problemas políticos e econômicos vividos pelo país no cotidiano das marcas e agências
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Luiz Gustavo Pacete
24 de abril de 2017 - 11h35
No último fim de semana, a crise política e econômica na Venezuela se agravou com uma série de protestos, confrontos e mortes. Na semana passada, a tensão que vive o país vizinho fez com que a General Motors anunciasse a interrupção da produção de sua fábrica no país alegando que forças do governo tomaram o local.
A crise da Venezuela também reflete diretamente na economia. Um levantamento da Kantar Worldpanel mostra redução de 55% no consumo das famílias venezuelanas em 2016. De acordo com a pesquisa, a queda ocorre há sete anos seguidos: começou em 2009, com declínio de 3%, e atingiu seu ponto mais crítico de 2013 a 2015, quando alcançou os 23%.
Neste contexto de desafios, Luisana Jiménez, sócia-diretora da TBWA Venezuela e membro da Federação Venezuelana de Agências de Publicidade, afirma ao Meio & Mensagem que o momento vivido pelo país alterou totalmente as relações de consumo, a forma como se anuncia e, consequentemente, o ritmo de criação das agências. “Nos deparamos com um consumidor afetado pela hiper inflação, produtores prejudicados pela desvalorização da moeda e clientes com problemas de matéria prima”, diz Luisana que também falou sobre o desafio da criação em tal contexto.
“A atual situação política, econômica e social que vive nosso país nos trouxe consequências como mudanças no consumidor, nos anunciantes e na forma como abordar a mensagem publicitária”
O efeito da crise
A TBWA Venezuela está no país há 14 anos e, neste período, já enfrentou muitos momentos de êxitos e de grandes desafios. Um ano nunca foi igual ao outro. As vezes de crescimento, as vezes de estratégia, as vezes de reformulação. A atual situação política, econômica e social que vive nosso país nos trouxe consequências como mudanças no consumidor, nos anunciantes e na forma como abordar a mensagem publicitária. A soma de todos esses eventos se converteu no maior desafio para a agência. Como enfrentar uma crise desta proporção? Não é um desafio particular, diria que representa o desafio nacional tanto para consumidores, agências e anunciantes.
Mudança na estratégia da agência
Diante deste contexto, não podíamos continuar fazendo o mesmo para obter os resultados que tivemos no passado. E com foco nisso, avançamos mudando as estratégias internas, nos adaptando às realidades do mercado. Passamos a olhar para áreas onde tínhamos mais oportunidades. Mas os desafios seguem quase inumanos. Nos encontramos com um consumidor golpeado pela hiperinflação. Produtores afetados pela desvalorização da moeda. Clientes com problemas de matéria prima para elaboração de produtos.
O papel da criação
Com todo esse cenário, o mercado mudou sua forma de se comunicar. De se solidarizar com o consumidor, do seu momento, da sua situação e da sua economia. As marcas tomam muito cuidado para não serem espalhafatosas. Por muitas razões. Por que as mensagens estão sendo cada vez mais próximas, sensíveis e cuidadosas. E neste sentido, o mundo digital tem sido fundamental e está tomando cada vez mais espaço.
“As mensagens estão sendo cada vez mais próximas, sensíveis e cuidadosas. E neste sentido, o mundo digital tem sido fundamental e está tomando cada vez mais espaço”
Quais os pontos de atenção do criativo
A verdade é que criar tem sido um desafio diário. Há muito em que pensar. O orçamento disponível. O consumidor. O desafio da marca. No que se pode dizer política ou socialmente. São muitos fatores que o criativo deve conduzir para liberar sua criatividade. Porém, esses fatores estimula e fazem com que entrem na crise explorando as melhores ideias. Vemos em nossas próprias marcas campanhas cujos resultados demonstram que crise não impede boas ideias.
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