Nomadismo digital ganha força na indústria criativa
O que um ex-diretor de marketing da L’Oréal, um cientista da informação e dois casais estão aprendendo sobre trabalhar de forma remota em vários países
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Luiz Gustavo Pacete
23 de fevereiro de 2018 - 7h16
De tempos em tempos, o mundo corporativo é inundado de expressões específicas. Muitas delas são novas roupagens para derivações de disciplinas que já existiam. Neste grupo, está o nomadismo digital. O tema vem sendo discutido em podcasts, matérias, congressos e por profissionais relacionados à área do trabalho. Há alguns sinônimos para a expressão como a expansão do famoso sabático ou teletrabalho.
Os desafios do publicitário “mochileiro”
O termo vem aparecendo em vários livros recentes como Digital Nomads: How to Live, Work and Play Around the World ou Be a Digital Nomad. Uma das primeiras obras a utilizar a expressão foi o “Digital Nomad”, publicado em 1999. Ele também tem sido cada vez mais utilizado por profissionais com origem na indústria criativa.
Após 12 anos no mundo corporativo, sendo seu último cargo o de diretor de marketing digital na L’Oréal, Ian Borges resolveu buscar mais “propósito” como empreendedor. Borges possui a startup Futuro do Trabalho que cofundou junto com o empresário Ricardo Semler. “Os principais benefícios são a liberdade geográfica e a possibilidade de conhecer novos países e culturas continuamente. Os contras são relacionados a distância da família, amigos e pets no Brasil. Mesmo com as redes sociais e video calls, a saudade é grande já que perdemos muitos momentos especiais”, diz Borges.
Borges explica que de desafios práticos de trabalho estão os fusos horários. “Principalmente quando estamos do outro lado do mundo, para alinhamento de reuniões. As questões burocráticas de banco, documentos, assinaturas e contratos também é bem chata, pois a maior parte dos sistemas e processos no Brasil não são adaptados para esse estilo nômade, exigindo deixar muitas procurações com a família”, afirma. Ele reforça que para aqueles que possuem a oportunidade de se tornarem nômades digitais a primeira pergunta a ser feita é: “Por que você quer se tornar um nômade digital? O propósito dever ser muito claro, pois é esse propósito que vai ajudar a seguir em frente nos momentos de dificuldades durante a jornada”, diz Ian.
“Outro ponto é planejamento. É muito importante pensar em economias, destinos, roteiros, previsão de gastos, vistos, vacinas e seguros. Enfim, uma série de aspectos importantes que a pessoa aprenderá com a experiência, mas que vale a penas investir energia antes de apenas se jogar no mundo. Nomadismo digital é bem diferente de turismo ou mochilão”, afirma Borges.
Marcus Lucas, 34 anos, cursou Ciência da Computação e mestrado em Telecomunicações, ele afirma que se tornou nômade digital em 2011 após estruturar seus negócios digitais focados na criação e venda de livros digitais e treinamentos em vídeo. “Meu primeiro destino foi a Tailândia. Ter um fundo de emergência antes de viajar, ter um ou mais fluxos e fontes de renda, procurar com cautela os melhores destinos para nômades digitais (países com boa qualidade de vida enquanto baixo o custo de vida), aprender inglês, estar aberto para conhecer novas pessoas e novos costumes são algumas das premissas”, afirma.
Há também casos de casais que decidem pelo nomadismo digital. Cleivson Bezerra e Ana Paula Bezerra é um desses exemplos. “Somos um casal com dois filhos. Queríamos explorar o mundo e dar uma experiência de vida que escola tradicional nenhuma poderia oferecer para eles. ” Eles contam que são inúmeros os benefícios de viver nômade, conhecer novas culturas, novas pessoas e línguas. “É um enriquecimento intelectual imenso. Além disso viver nômade por incrível que pareça é mais barato do que viver fixo em algum lugar. Nossos custos caíram consideravelmente. O aprendizado e educação foram surpreendentes com o ensino HomeSchooling que agregou ainda mais no nosso estilo de vida. Posso dizer que o mais difícil é a saudade do Brasil, da família e dos amigos”, afirma.
Ainda vale a pena estudar publicidade?
Vinicius Teles e Patricia Figueira, conhecidos nas redes como Casal Partiu, deixaram o Brasil em 2010. “Desde então, não temos casa fixa em nenhum lugar do mundo e passamos de dois a três meses em cada cidade que visitamos. Estivemos em pouco mais de 300 cidades espalhadas por 67 países. No momento, estamos em Belgrado, na Sérvia. Durante todo este tempo, estivemos trabalhando em nossos próprios negócios, os quais foram mudando com o passar dos anos. Variedade é o principal ponto positivo. A vida é mais interessante quando não ficamos o tempo todo em uma única cidade fazendo mais do mesmo na companhia das mesmas pessoas”, afirma Vinicius.
Crédito da imagem no topo: Pixabay
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