Marcas se afastam da seleção brasileira
Dos 14 patrocinadores oficiais do time, só a Sadia veicula campanha de apoio após vexame diante da Alemanha
Dos 14 patrocinadores oficiais do time, só a Sadia veicula campanha de apoio após vexame diante da Alemanha
Alexandre Zaghi Lemos
9 de julho de 2014 - 7h16
Pelo menos momentaneamente, parte dos patrocinadores oficiais da seleção brasileira não sabe bem que uso fazer da propriedade na publicidade. Até 24 horas após a vexatória derrota por 7 a 1 para a Alemanha, só a Sadia havia se posicionado de forma mais explícita, com anúncio em jornais e comercial veiculado na TV. Criada pela F/Nazca S&S, aparentemente antes do jogo de terça, a mensagem da marca encerra a campanha #JogaPraMim (veja o filme mais abaixo).
“A primeira bandeira na janela. O primeiro muro pintado. A primeira camisa da sorte. A primeira virada épica. O primeiro gol inesquecível. A primeira comemoração na rua. Valeu a pena torcer. E se não deu pra papar mais um título agora, nossa torcidinha tem tempo pela frente pra ver o sexto, o sétimo, o oitavo… Quem tem alma de criança nunca perde por esperar. Seleção #tamojuntinho”, diz o texto.
Ao, de certa forma, defender a seleção, a Sadia teve de conviver com críticas do público nas redes sociais. Os outros treze patrocinadores da seleção não fizeram ações publicitárias de apoio ao time – como seria de se esperar após uma derrota "normal". São eles: Nike, Itaú, Vivo, Guaraná Antarctica, Gol Linhas Aéreas, Seguros Unimed, Nestlé, Extra, Gillette, Volkswagen, Mastercard, Samsung e EF Englishtown.
A reportagem só conseguiu encontrar mais um anúncio publicado nos jornais desta quarta de apoio ao Brasil, não à seleção. É uma peça criada pela DM9DDB para a C&A que tenta vender celulares da Samsung com o título: “Celulares vão evoluir até 2018. Mas nosso apoio vai continuar o mesmo. Valeu. Brasil!”.
Bem mais desavisada foi a Frattina, loja de joias e relógios, que veiculou anúncio do relógio Hublot King Power Scolari (com direito a foto do treinador em ação) no caderno de esportes do Estadão, onde, entre outras manchetes, lia-se: “Felipão assume culpa por vexame”.
Mais discreta que a Sadia, a Nestlé fez postagem no Facebook: “Brasil, faz bem estar juntos. Seja qual for o placar”. Enquanto isso, na TV (mais especificamente na Band), continuava a veiculação na tarde dessa quarta-feira do filme de Ninho que mostra crianças cantando o hino nacional brasileiro, peça anterior ao jogo contra a Alemanha.
O Itaú, uma das marcas mais associadas à Copa, só fez sua primeira manifestação, também sem citar a seleção, às 14hs desta quarta-feira, e só no Twitter: “A dor é grande, mas o orgulho de ser brasileiro é maior. Estamos juntos, Brasil”.
Em boa parte das páginas oficiais no Facebook e no Twitter das marcas patrocinadoras da seleção, a última postagem relacionada à Copa ainda era, às 19hs de quarta-feira, anterior ao jogo de terça, e de apoio à seleção.
Nas últimas 24 horas também diminuiu a aparição dos jogadores da seleção em campanhas publicitárias na mídia, embora Fred ainda seja visto em comerciais do Magazine Luiza (há rumores de que será substituído por Marcos, ex-Palmeiras) e outros jogadores apareçam em filmes da Gillette, por exemplo.
Curiosamente, nos intervalos da transmissão da Rede Globo da semifinal entre Argentina e Holanda, a maioria dos comerciais não fazia referência à Copa. Ou seja, a maior parte dos cotistas preferiu, pelo menos por enquanto, abandonar campanhas que tenham como mote o futebol, a seleção ou o próprio Mundial, e optaram por filmes de produtos e serviços, como a liquidação de notebooks do Magazine Luiza, o aplicativo para celular do Itaú e as propriedades nutritivas do leite Ninho (na Globo não passou o filme do hino nacional cantado por crianças).
Uma das poucas referências ao futebol, foi o comercial de Skol que mostra brasileiros despachando argentinos para Buenos Aires, veiculado justamente após a vitória da Argentina sobre a Holanda.
Profissionais do mercado publicitário que atuam em agências que atendem marcas patrocinadoras da seleção, da Copa ou das transmissões do Mundial pela TV, ouvidos pela reportagem com a condição de anonimato, acreditam que boa parte dos anunciantes não estava preparada para enfrentar uma situação inesperada e inusitada como a derrota de 7 a 1, nem mesmo nas mídias sociais. Daí o silêncio predominante – ou “ensurdecedor”, como se costuma dizer nesses casos.
A maioria acredita que algumas marcas, após conseguirem se refazer do susto, vão se manifestar antes do jogo de sábado pela disputa do terceiro lugar, contra a Holanda. Entretanto, alguns profissionais também ponderam que não há “obrigação” de todas as marcas tocarem no assunto. As que resolverem fazê-lo devem optar por mensagens que tenham um tom “respeitoso e sensível”, além de seguirem o “ânimo da torcida”. “Há um luto a ser respeitado e uma preocupação legítima dos anunciantes. Está todo mundo pisando em ovos. Ser oportunista num momento desses é o pior caminho”, diz um dos ouvidos.
Leia também:
Não havia plano B para humilhação
Derrota brasileira bate novo recorde nas redes
O obituário da seleção brasileira nas redes sociais
Marcas tiram onda após derrota da seleção
Capas de jornais estampam drama brasileiro
Compartilhe
Veja também
Americanas abre concorrência para escolher agência de publicidade
Rede de varejo trabalha com a WMcCann desde 2018 e abriu processo para rever empresa responsável pelas campanhas e ações de comunicação
KFC presenteia clientes com ossinhos de frango premiados
A ação criada pela DM9 faz referência aos palitos de sorvete premiados, que marcaram os verões brasileiros