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O milionário mercado de casamento chinês

Novas tendências de casamento alimentam mercado na China. Indústria movimenta US$ 80 bilhões


11 de janeiro de 2013 - 6h11

*Por Normandy Madden para o Ad Age

Embora os chineses tenham permanecido fiéis a muitos ideais e costumes religiosos, há um aspecto da cultura chinesa que está passando por mudanças drásticas: namoro, amor e casamentos. Atualmente, as jovens chinesas desfrutam de uma liberdade que soaria chocante para suas avós, como o direito de escolher o marido.

Entender como as chinesas estão aderindo a tradições estrangeiras ou se apegando a velhos costumes relacionados a namoro e casamento é essencial para os anunciantes. A cada ano, mais de 10 milhões de pessoas se casam na China, criando uma indústria estimada em US$ 80 bilhões anualmente. Os mercados de moda, turismo, joias e varejo são apenas alguns dos que se beneficiam.

Isso inclui não só o dia do casamento propriamente dito, mas os estágios que vão desde o dia de beleza pré-casamento à compra de uma casa e planos para um bebê. “A lista é infinita”, disse Christine Ng, diretora da BBH na China, durante o talk-show “Thoughtful China” nesta semana.

Assim como Richard Burger observou em seu livro, “Behind the Red Door: Sex in China”, namoro e casamento baseados em romance e amor eram praticamente inexistentes na China até a década de 1980.

A tendência das joias de casamento é outro indicativo de como a China está evoluindo. Até uma década atrás, o tradicional ouro amarelo e o jade eram populares, mas as jovens mulheres de hoje preferem ouro platinado, ouro branco, prata e diamantes.

“Elas querem metal branco, principalmente platina, quando estão escolhendo o anel de noivado ou o anel de diamante. É uma influência do Ocidente”, afirmou Rebecca Ip, vice-presidente da Tiffany & Co. Hong Kong e Macau.

“Com o maior número de chinesas estudando e morando em outros continentes, observamos uma nova demanda em direção a casamentos mais ocidentais. Os casais estão tentando escapar um pouco das tradições e exigem um jantar chinês moderno, diferente do jantar de família tradicional”, conta Patrick Behrens, assistente executivo do Peninsula Shangai.

Durante o jantar, acrescentou ele, casais também tendem a servir vinho em vez do licor chinês e, “já que vermelho é a cor da celebração, na ceia de casamento o vinho tinto é bem mais popular do que o branco. Outra tendência recente é ter uma banda ou outra atração para a noite. Embora ninguém esteja dançando durante o jantar”.

Só porque mulheres podem escolher o homem que amam não significa que o façam, conta Jin Tingting, editor chefe do Ijie.com, portal sobre casamentos que pertence ao site americano The Knot.

As mulheres chinesas são constantemente criticadas na mídia local por serem pragmáticas demais em suas visões sobre o casamento, afirma Jin. Ma Nuo, concorrente do reality show “If You Were the One”, disse: “Prefiro chorar no banco de trás de uma BMW a sorrir na garupa de uma bicicleta”. Muitas amam seus esposos, diz Jin, mas “toda chinesa procura por um homem rico e bonito, que tenha um bom salário e um apartamento grande”.

Embora os casamentos arranjados tenham desaparecido – exceto no interior –, namoros e casamentos à moda ocidental ainda não é um padrão. Mesmo hoje, a maioria dos chineses acredita que casar-se com a pessoa errada trará desgraça para a família inteira, e que esta deve participar ativamente da escolha pela pessoa certa.

Para muitos casais, o namoro permanece arraigado à tradição. Espera-se que filhos e filhas procurem a aprovação dos pais, e casamentos chineses são banquetes elaborados que podem durar dias.

Casais de noivos compram um anel de diamante juntos através de uma extensa pesquisa online, sendo que a escolha final é da noiva e sua família.

E os solteiros da China, resultado do desequilíbrio de gêneros causado pela política do filho único? Esses homens “realmente aspiram ao casamento. Sar-lhes ferramentas por meio de marketing e desenvolvimento de produtos os ajudará a se sentirem mais competitivos e completos com si mesmos”, explica Mary Bergstrom, fundadora do Bergstrom Group e autora do "All Eyes East: Lessons from the Front Lines of China’s Youth Market."

*Normandy Madden é vice-presidente sênior de desenvolvimento de conteúdo da Thoughtful China e ex-editora do Ad Age na Ásia.

Tradução: Isabella Lessa

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