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Recuperação do consumo na Venezuela será lenta

Estudo da Kantar mostra redução de 55% nas compras das famílias venezuelanas


20 de janeiro de 2017 - 7h09

 

venezuela

País vive instabilidade econômica e política

Um estudo recente divulgado pela Kantar Worldpanel mostrou uma redução de 55% no consumo das famílias venezuelanas em 2016. De acordo com a pesquisa, a queda ocorre há sete anos seguidos: começou em 2009, com declínio de 3%, e atingiu seu ponto mais crítico de 2013 a 2015, quando alcançou os 23%.

De acordo com Vinicius da Silva, CEO da Kantar Worldpanel Venezuela, a escassez de produtos combinada com a alta da inflação resultou em menos compras. Foram ouvidas 2.300 donas de casa das regiões de Caracas, Valencia, Maracaibo e Puerto La Cruz. Ainda de acordo com o levantamento, os venezuelanos antes compravam em média 280 vezes por ano e agora vão aos pontos de venda 100 vezes menos.

A falta de produtos também é uma constante e é por causa dela que as filas se formam nos supermercados. “Aparece um novo jogador, o canal informal, que garante a entrega do produto a preços superiores. Também vemos trocas entre amigos ou venda em casas de famílias e vizinhos”, diz Vinicius da Silva.

Segundo Marcos Vinicius de Freitas, coordenador do curso de Relações Internacionais da FAAP, a situação de consumo na Venezuela está diretamente relacionada à deterioração da economia, que vem enfrentando dois problemas cruciais: a instabilidade resultante de um sistema político eleitoral quase ditatorial e uma diminuição acentuada no preço do petróleo. “As multinacionais, com o intuito de manter margens e, quando possível, ainda preservar o mercado, tendem a reduzir drasticamente os investimentos, o que leva a um sucateamento da produção e, em muitos, à desconstinuação de linhas de produtos. Tudo isto, sem dúvida, leva ao despararecimento de produtos das prateleiras. ”

Ainda de acordo com Freitas, a recuperação, após um período de instabilidade, tende a ser lenta. “A desestruturação de todo o sistema tomará um tempo grande para ser recuperado e o país terá, inicialmente, de importar muitos dos produtos que poderiam ser feitos localmente”, afirma.

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