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Carrefour transforma inclusão transgênera em realidade

Em sete anos, a rede estruturou um comitê de diversidade que inclui a adaptação de espaços, mudanças culturais e parcerias com entidades


10 de fevereiro de 2017 - 7h00

 

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Marcelle, colaboradora do Carrefour (crédito: divulgação)

Inclusão, diversidade, combate ao machismo e ao preconceito. Esses temas ganham cada vez mais importância no mundo das marcas. A evolução do discurso para a prática, no entanto, é complexa e leva tempo. Ao contrário de algumas empresas, o Carrefour decidiu fazer o caminho inverso. Antes de levantar uma bandeira e se posicionar sobre um tema, estruturou um comitê de diversidade e trabalhou em um processo interno de mudança de cultura e inclusão. Um dos frutos dessa nova política já está sendo colhido e inclui a contratação de duas profissionais transgêneros.

Sete anos após ter iniciado o desenvolvimento de seu comitê de diversidade, a empresa passou a divulgar apoio à inclusão transgênero. No Dia da Visibilidade Trans, em 29 de janeiro, a rede divulgou em seu perfil no Facebook uma foto com as funcionárias Luana e Marcelle. No post, a empresa afirma que oferece “curso de capacitação em varejo para transgêneros com o objetivo de aumentar a chance dessas pessoas no mercado de trabalho”. “Dentro de nossos levantamentos como base do comitê percebemos que os transgêneros faziam parte de um dos grupos que enfrentavam maior dificuldade no mercado de trabalho”, diz Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade e responsabilidade social do Carrefour Brasil.

Pianez explica que grande parte daquilo que é considerado “desafio” para lidar com o tema é muito mais tabu. “Existem muitas barreiras e quando você trabalha isso na cultura da empresa elas caem”, explica. O primeiro passo foi montar um programa que refletisse o que a empresa pensava sobre diversidade. Em seguida, construiu-se um processo de diálogo com as lideranças com o objetivo de que ele fosse disseminado a outros funcionários. “O passo seguinte foi entender os públicos que trabalharíamos dentro do tema diversidade e identificar as necessidades de cada um. Existiu um esforço de criar identidade e diálogo”, ressalta Pianez.

“Ficou definido que o profissional transgênero utilizaria o banheiro com o gênero que ele se identificasse. Se nasceu homem, mas se identifica mulher, vai usar o banheiro feminino”

O executivo explica que questões estruturais, muitas vezes vistas como obstáculos, foram resolvidas de forma simples. “A questão do banheiro quando falamos de transgêneros sempre entra em pauta. Ficou definido que o profissional transgênero utilizaria o banheiro com o gênero que ele se identificasse. Se nasceu homem, mas se identifica mulher, vai usar o banheiro feminino. O mesmo foi feito com o crachá. Lá, deve estar sua identidade, aquela em que o colaborador se sente representado”, afirma Pianez.

Agora, com os processos internos definidos, o executivo explica que o próximo passo será ampliar ainda mais o tema na comunicação da rede. “Partimos da premissa que a questão da diversidade deve estar relacionada ao Carrefour. Nossos clientes representam a diversidade, nosso País representa a diversidade e não faz sentido que ela não seja representada no mundo dos negócios. “

Questão transgênero no mundo das marcas

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Renata Bastos (crédito: divulgação)

A inclusão transgênero na publicidade vem ganhando cada vez mais importância. No ano passado, uma campanha da L’Oréal, protagonizada pela modelo Valentina Sampaio, teve bastante impacto. “A forma como eles trataram um tema tão delicado foi importante, tocou as pessoas e serve como exemplo para outras marcas, sobre como pode ser tratado o tema da inclusão, que é uma reflexão necessária”, disse Valentina em entrevista ao Meio & Mensagem, em setembro do ano passado.

Renata Bastos, produtora de moda na agência Lema, explica que a discussão sobre inclusão não se restringe a um grupo, serve para várias minorias, mas, especificamente, no caso de profissionais trans onde mora o preconceito e as dificuldades em relação ao mercado publicitário.

“Ainda existe um grupo que prefere colocar as pessoas em subcategorias. Ainda lutamos para mulheres terem os mesmos salários que os homens, por negros não serem apenas a ‘working class’ , por trans não serem apenas prostitutas. Temos todos sonhos iguais, queremos realizá-los.

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