ASMR: o poder de um sussurro para as marcas
Estimulo sensorial que vem ganhando cada vez mais audiência no YouTube chama a atenção de empresas que querem causar sensações
Estimulo sensorial que vem ganhando cada vez mais audiência no YouTube chama a atenção de empresas que querem causar sensações
Luiz Gustavo Pacete
4 de setembro de 2018 - 8h13
Provocar arrepios e relaxar. Essa é a função básica, pelo menos na internet, a qual se destina a ASMR, um termo em inglês que remete a Resposta Sensorial Autônoma do Meridiano (ASMR, na sigla em inglês). A biologia explica o ASMR como “capaz de causar agradável sensação de formigamento sentida na cabeça ou couro cabeludo”. O termo não é novo, mas a explosão de vídeos no YouTube relacionados ao assunto e o uso da técnica pela publicidade, ainda de forma pontual, vem chamando a atenção de marcas.
Billy Nascimento, especialista em neuromarketing da Forebrain, explica que a ASMR é uma resposta que certas pessoas apresentam para um conjunto específico de estímulos sensoriais, primariamente audiovisuais. “É um fenômeno que ainda é pouco compreendido pela neurociência. Fato que a ASMR cresceu e se expandiu na internet, e hoje youtubers se dedicam a desenvolver principalmente sons que possam gerar estas sensações, que se não forem exatamente a ASMR podem gerar estados de relaxamento e sono”, afirma Billy.
Ele explica que há, inclusive, estudos que estão investigando se tais estímulos podem ajudar em psico-patologias, como a depressão e ansiedade.
“Enquanto fenômeno das redes sociais, que mesmo atraindo hoje milhões de visualizações nos canais dedicados a geração destes estímulos, pode ainda ter um conhecimento e alcance limitado, há na geração de ‘conteúdo ASMR’ uma oportunidade para as marcas promoverem e expandirem estas experiências para seus consumidores. Importante somente entender que as sensações provocadas pela ASMR não são universais, estando restrito a parte da população”, explica.
Entre marcas que já fizeram uso da técnica estão Kinder Ovo, Ikea e KFC. “Como diversos fenômenos de compartilhamento e viralização, as redes sociais permitem que a novidades e assuntos antes desconhecidos tornem-se tópicos da curiosidade e busca por experiências diferentes. Só o fato da ASMR ser um fenômeno que se restringe a algumas pessoas, já cria curiosidade e busca para saber se você pode ter as reações fisiológicas e psicológicas daqueles que já passaram pela experiência daquela sensação”, diz Billy.
“As sensações provocadas pela ASMR não são universais, logo, pode não funcionar como comunicação massificada”
Cauã Taborda, gerente de comunicação do YouTube para a América Latina, confirma que, no último ano foi possível identificar um crescimento no interesse do termo “ASMR” na busca do Google, segundo dados do Google Trends. “Além disso, canais brasileiros como o de Sweet Carol estão atingindo centenas de milhões de visualizações, o que mostra que há uma demanda crescente sobre o assunto. E como o tema exige de ferramentas e plataformas do audiovisual para ser explorado, esses criadores enxergam no YouTube uma oportunidade para compartilhar esse tipo de material”, explica.
De acordo com Cauã, o que se vê na plataforma são criadores tomando bastante cuidado técnico com o áudio. “Investindo em captação e edição, já que o ASMR se vale dos sons como estímulo principal. Vemos criadores brasileiros sobre ASMR ganhando destaque e produzindo com bastante frequência”, diz Cauã. Entre os youtubers brasileiros especializados no tema estão: Sweet Carol (838.485 inscritos • 145.588.559 visualizações), Gaúcha ASMR (366.863 inscritos • 36.311.667 visualizações) ASMR Adlipe (200.330 inscritos • 20.327.879 visualizações) e Sabrina ASMR (225.982 inscritos • 25.881.145 visualizações).
Alguns exemplos de marcas que já aplicaram a técnica:
Ikea
https://www.youtube.com/watch?time_continue=36&v=_dtJIK15_qg
KFC
Dove Chocolate
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