Oito palavras na moda que merecem a morte

Buscar

Oito palavras na moda que merecem a morte

Buscar
Publicidade

Marketing

Oito palavras na moda que merecem a morte

O que você realmente quer dizer quando diz que seu produto ou serviço é artesanal, autêntico ou transformador


1 de agosto de 2014 - 8h46

Por Simon Dumenco*

Recentemente, foram colocados anúncios por todo o McDonald’s localizado na minha vizinhança para promover o mais novo lançamento da rede, o Bacon Clubhouse. Os cartazes incluem a seguinte sentença, em letras garrafais: "O pão desse sanduíche é feito artesanalmente".

Bem, se o mais popular, o maior provedor de fast food para as massas do universo, pensa que pode se safar afirmando que o pão de seu novo "entupidor de artérias" (são 720 calorias! 40 gramas de gordura!) é feito artesanalmente, é óbvio que a palavra artesanal foi esvaziada até o talo de sua aura e apelo superior que teoricamente teve um dia.

Dito isso, é provavelmente injusto apontar apenas para o McDonald’s, porque muito antes do departamento de marketing da rede de fast food colocar seus dedos oleosos sobre tal palavra, "artesanal" já havia sido relegada a uma submissa insignificância por seu uso corriqueiro e exagerado.

Uma coisa boa sobre os pães artesanais do McDonald’s: me colocaram para pensar sobre outras sete expressões em voga no dicionário de profissionais de marketing e mídia que deveriam ser eliminadas. Vamos à lista:

Autêntico/ Autenticidade
Se você tem que chamar atenção para o quanto original você é, então, me desculpe, mas sua autenticidade não é autêntica o bastante para mim.

Curador/ Curadoria
Então você tem um gosto apurado (ou pelo menos pensa que tem) e escolheu algumas dicas bacanas. Que legal. Mas, por favor, lembre-se: você não é tão importante! Agora que praticamente todos têm acesso a ferramentas fáceis de usar (do Tumblr ao Pinterest e por aí vai) e que permitem a marcação e redistribuição de conteúdo, praticamente todo mundo pensa que é um curador. Quando uma palavra que costumava significar algo incomum se torna um lugar comum, talvez seja a hora de retirá-la de seu vocabulário (ou, pelo menos, da sua bio no Twitter).

Disruptive ("revolucionário")
Eu sei, eu sei. Você não apóia o status quo! Você quer balançar as estruturas! O projeto no qual está trabalhando não apenas vai revolucionar o ecossistema: vai, também, revolucionar o modo como as revoluções revolucionam o ecossistema. A História será dividida em duas: A.V. e D.V. (Antes de Você e Depois de Você). Bem, eu odeio acabar com o seu sonho, mas, da última vez em que dei uma olhada nas notícias, Walter Isaacson (biógrafo de Steve Jobs) não tinha topado escrever a sua biografia. (Dito isso, você pode conseguir um pequeno post no Mashable se mandar para eles um release sobre sua nova e revolucionadora tecnologia. Então, o que está esperando?).

DNA

Quando você diz a todos que uma nobre e particular qualidade ou valor está "no DNA" da nossa companhia, eu entendo perfeitamente o que você está querendo dizer: é algo tão da nossa natureza, tão intrínseco a nossa missão (leia mais abaixo) que você nem precisa pensar nisso – não fosse pelo fato de que você, constantemente, não apenas está pensando sobre isso, como também está falando sobre isso. E toda vez que você fala sobre isso me faz lembrar que o poder do convencimento é, no mínimo, tão importante quanto a vocação em ambientes criativos. Alardear a todos os pulmões o quanto a qualidade intocável é parte do DNA de sua companhia soa como uma afirmação ao melhor estilo Stuart Smalley (clássico personagem do humorista Al Franken) – eu sou bom o bastante, sou esperto o bastante…

Game-changing ("transformador")

Uma mudança que transformaria o jogo para todos seria parar de usar a expressão "game-changing".

Guru

Vamos ser sinceros, digo, autênticos. Se você se autodescreve como um guru, você não é um guru.

Missão

Termine esta sentença: "Estamos numa missão para…" Se você disse "explorar Marte", ou algo similar, e trabalha na NASA, bom para você. Mas se você está em busca apenas de vender ou promover algum produto ou serviço enquanto atrai alguma atenção para si mesmo e para os acionistas da empresa, vamos lá, não é preciso dar um tom quase espiritual a tudo o que você faz. Porque em 99% dos casos as missões descritas em documentos oficiais não passam de ar quente para inflar balões.

Posfácio
: por sinal, se você estava pensando em qual seria a minha missão aqui na coluna Media Guy, é assegurar que um time de gurus que tenham autenticidade em seus DNAs possam colocar suas visões artesanais e de curadores em prol de uma revolução que transforme o jogo. Você gostaria de fritas para acompanhar?

* Simon Dumenco é colunista do Advertising Age

wraps

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Cade aprova a compra do Playcenter pela Cacau Show

    Cade aprova a compra do Playcenter pela Cacau Show

    Rede de chocolates adquiriu a empresa de entretenimento com o foco de ingressar no setor de experiências

  • Vult entra no segmento de produtos para cabelos

    Vult entra no segmento de produtos para cabelos

    Marca de beleza amplia atuação, colocando no mercado mais de 50 diferentes produtos para contemplar a diversidade brasileira