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Marketing

Dafiti vai às compras para fechar no azul

Em entrevista, Philipp Povel, CEO da Dafiti LatAm Group, explica o prejuízo da empresa mesmo com a receita em alta


29 de julho de 2015 - 8h00

A varejista online de moda Dafiti vive uma situação desejada por muitas empresas: excesso de capital. Criada em 2011, a companhia levantou R$ 660 milhões com investidores como a alemã Rocket Internet e o fundo americano JP Morgan. O caixa forrado permitiu à Dafiti comprar, no início de julho, os sites Tricae e Kanui para marcar sua entrada nos segmentos de moda infantil e esportiva, respectivamente.

Ter dinheiro sobrando, entretanto, não é sinônimo de vida fácil. Assim como muitos de seus concorrentes, a Dafiti ainda dá prejuízo e, no curto prazo, o mercado não espera resultado positivo. As receitas, porém, vêm crescendo. Em 2014, o faturamento da empresa subiu 41% para R$ 592 milhões e as estimativas para 2015, mesmo em ano de crise, é crescer em linha com o mercado, acima de 30%. “Nós nos preocupamos com a rentabilidade, mas muitas empresas do nosso setor demoraram para fechar no azul. Agora é o momento de investir”, diz Philipp Povel, CEO da Dafiti LatAm Group.

Confira abaixo trechos da entrevista concedida pelo executivo ao Meio & Mensagem, publicada na edição 1670, cuja íntegra está disponível para download em Android e iOS.

Meio & Mensagem — Uma das grandes fragilidades apontadas para o modelo da Dafiti e de seus concorrentes é a rentabilidade. Muitas empresas de comércio eletrônico aumentam as vendas, mas dão prejuízo. Quando vocês vão reverter esse cenário?
Philipp Povel —
Algumas vezes já me perguntaram se eu não me preocupo com a questão da rentabilidade. Não é que eu não me preocupe, é que temos convicção de que nosso modelo vai dar certo. Temos bons exemplos como isso funcionou em outras empresas com modelo parecido ao nosso pelo mundo. A própria Zalando [maior e-commerce de moda da Europa] é um exemplo disso. Ela foi muito criticada, mas começou a fechar no azul apenas em 2014, seis anos depois de ter iniciado suas operações. Isso aconteceu com a Zappos, a Amazon e outras.

M&M — O que vem causando esse prejuízo? Custos operacionais, baixas margens?

Povel — Conquista de novos clientes é algo em que atuamos com muita agressividade e que, naturalmente, gera custos. É um processo de construção de relacionamento e fidelização. Focamos nossa estratégia em pós­-venda para ampliar nossa relação com esse cliente. Fazemos isso por meio de otimização, ampliação de portfólio, meios de pagamento e estrutura. Tem investimento em marketing, ampliação, estrutura e tecnologia. São os principais fatores que ainda afetam nossa rentabilidade.

M&M — Quanto a Dafiti já captou desde seu lançamento?
Povel —
Até setembro de 2014, quando ainda operávamos somente como Dafiti, recebemos um total de R$ 660 milhões divididos em vários aportes. Após esse período, a Dafiti foi integrada ao Global Fashion Group (GFG), um grupo criado por investidores da Dafiti que tinham interesse em investir em outras empresas do mesmo segmento. Com isso, passamos a ser cinco companhias com a chegada da indiana Jabong, da russa Lamoda, a Namshi, que opera no Oriente Médio, e a Zalore, que atende Sudeste da Ásia e Austrália.

M&M — O comércio eletrônico brasileiro cresce acima de 20% nos últimos anos. Esse crescimento é sustentável?
Povel —
Não só o mercado brasileiro, mas a América Latina, como um todo, é uma das regiões mais promissoras, por­ que combina potencial, uma receita projetada de US$ 150 bilhões até 2018, e o baixo nível de penetração do segmento de moda, apenas 2%. No Brasil, em 2009, a categoria de moda ocupava a 15a posição no ranking de vendas online, hoje, a categoria está entre as cinco primeiras da lista e uma penetração de apenas 3%, faturando R$ 3,8 bilhões. Para o Brasil, a estimativa da McKinsey é que o e­commerce de moda cresça a taxas superiores a 30%. São esses números que nos dão base para entender que a rentabilidade neste momento não é o foco e sim os investimentos em expansão e que esse crescimento é sustentável em curto, médio e longo prazos.

M&M — Como manter esse otimismo em um ano que deve terminar com PIB negativo?
Povel —
A situação econômica é deli­ cada, mas o mercado é muito grande e nossa fatia é pequena considerando o todo. Até agora, não sentimos o reflexo do clima econômico nas vendas. Além desse potencial de crescimento, temos o aumento da penetração do mobile no Brasil que parece ter engrenado de vez e contribui para o crescimento do e­com­ merce. As pessoas estão testando, experimentando e comprando pelo celular. Apenas por percepção, não por números, identificamos que existe sim uma migra­ ção em momentos de crise, mas não é al­go significativo.
 

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