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Mídia

“Amazon e Apple entrarão no mercado de notícias”

Reitor da faculdade de jornalismo de Columbia, Steve Coll, vê aquisição de veículos por players de outras áreas como movimento estratégico


9 de outubro de 2017 - 17h36

Os grandes investidores de tecnologia do Vale do Silício eventualmente começarão a investir em jornalismo. É o que defende Steve Coll, Reitor da Faculdade de Jornalismo da Columbia University, nos Estados Unidos. Ele – que atuou no Washington Post por 20 anos, conquistou vários prêmios de jornalismo e atualmente divide o trabalho acadêmico com a revista New Yorker – acredita que novos players devem entrar no mercado de notícias para suprir as necessidades de financiamento da indústria.

“Netflix , Apple e Amazon vão entrar no mercado de produção de notícias, eventualmente. As notícias fazem parte de um universo digital de conteúdo que é absolutamente essencial para seus modelos de negócio”, disse ele durante o primeiro seminário internacional de jornalismo da ESPM, nesta segunda-feira, 9.

Ao mesmo tempo em que gigantes de tecnologia querem diversificar seus negócios por meio de conteúdo, para os veículos de mídia, as aquisições por outros players são “um risco e uma saída” para seus modelos.

Para Steve Coll, aquisições de veículos por marcas de alto valor de mercado pode dar a eles mais independência econômica para testar formatos. “Quando Jeff Bezos comprou o Washington Post, achamos que ele teria interesses pessoais ou teria uma ideia diferente do que seria o jornalismo. Isso gerou certa ansiedade na época, mas ele tem sido ótimo, investindo na propriedade e em tecnologia. Ele tem sido muito ambicioso na forma de construir a audiência, sem empurrar a agenda da Amazon”, disse. Em 2013, o fundador da Amazon comprou a divisão de jornais do Whashington Post por US$ 250 milhões.

Por outro lado, a compra de veículos por companhias comprometidas com determinadas agendas políticas ou lobbies é um risco. “Isso aconteceu em países como Turquia ou Índia, onde grupos usam a compra de veículos para controlar parte do jornalismo”, afirmou.

Em relação à dificuldade de monetizar as notícias frente e plataformas como Facebook, Coll afirma que a rede social por enquanto é a primeira a experimentar um modelo escalável de distribuição de notícias para além dos websites, e muito embora tenha se mostrado prejudicial aos publishers até então, faz parte de um momento de estabilização da indústria.

“Nunca tivemos uma revolução tecnológica de comunicação que não resultou em novas formas de produção. O Facebook se tornou o maior disruptor por se tornar um distribuidor , mas sem se responsabilizar pela curadoria. Algumas pessoas dentro da plataforma reconhecem que é preciso se responsabilizar pelo conteúdo editorial, mas o fundador, Zuckerberg, me parece comprometido com a ideia de que o Facebook é uma plataforma neutra”, pondera.

Força Local

Para o professor, é preciso ainda recuperar a força dos mercados de conteúdo locais, uma vez que os cortes nas redações com as  reformulações para o digital minaram o trabalho investigativo em escala regional.

“Perdemos muito do jornalismo local recentemente nos EUA. As cidades principais como Washigton, Nova York e Los Angeles têm visto um revival do investimento, com novos players como BuzzFeed e Vice e novas organizações de notícia. Mas, no coração do país, onde as comunidades dependiam das organizações locais para lutar contra o poder de prefeitos e prevenir corrupção a nível local, existe uma enorme perda nos últimos anos”, avaliou.

Apesar do volume de informações públicas cada vez mais acessível, ele alertou para a necessidade de criar uma nova geração de produtores de conteúdo capaz de interpretar o grande volume de dados.

A desconfiança nas instituições tradicionais e nas narrativas oficiais também é outro ponto latente para o mercado, de acordo com o professor.  “Uma boa parte substancial das pessoas não confia na imprensa. A mídia está tribalizada e definida pelo engajamento ideológico”, opinou.

Para manter a credibilidade em um cenário como este, o desafio é ser mais transparente na forma como as histórias são desenvolvidas e na origem das fontes. “O público quer o poder de verificar de forma independente as informações, por isso cresce esse movimento de linkar o material de onde os dados são tirados, algo como ‘olhe, cheque você mesmo, se você não confia que estamos interpretando os dados de forma justa, aqui está o material bruto”, completou.

 

 

 

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