“O jornalismo receberá mais atenção”
Arnaldo Tibyriçá, recém-nomeado presidente da Abril, no lugar de Walter Longo, fala sobre a nova fase do grupo
Arnaldo Tibyriçá, recém-nomeado presidente da Abril, no lugar de Walter Longo, fala sobre a nova fase do grupo
Luiz Gustavo Pacete
22 de novembro de 2017 - 8h38
Presidente do Grupo Abril desde a segunda-feira passada, 13, o advogado Arnaldo Tibyriçá, há 15 anos no grupo, acompanhou de perto, como membro do conselho da Abril, as demandas e mudanças da empresa. Agora, assume a presidência para expandir a organização estratégica que foi feita durante a gestão de Walter Longo. Tibyriçá fala sobre as prioridades e os esforços de ampliar as receitas com o auxílio de áreas como Abril Branded Content (ABC) e Abril Big Data (ABD).
Ele ressalta que, nesta nova fase, as redações ganharão mais atenção considerando um cenário anterior em que a empresa esteve focada em novos negócios e reestruturação. “As equipes de jornalismo, responsáveis pelo meu produto, vão receber uma atenção ainda maior agora. O que vai ser muito percebido por nosso time editorial, que é a área mais reconhecida dentro da empresa e do mercado, é que ele será mais valorizado. Porque sem produto bom não funciona”, diz Tibyriçá.
Valor do conteúdo
Aqui na Abril, hoje, o momento não é superfeliz. Já tivemos dias mais bonitos. Mas, quando falamos do nosso core business, por exemplo, tem uma coisa que é bom deixar clara, na minha missão, que é entregar uma Abril mais preparada e adequada para continuar seu caminho de relevância, nesse caminho do nosso core que é conteúdo. É informação. As equipes de jornalismo, responsáveis pelo meu produto, vão receber uma atenção ainda maior no meu período. Precisamos focar em inovar. O que vai ser muito percebido por nosso time editorial, que é a área mais reconhecida dentro da empresa e do mercado, é que ele será mais valorizado. Porque sem produto bom não funciona.
Negociações de títulos e marcas
Está muito claro para a Abril que é parte do jogo começar, terminar, fechar negócios. Isso aconteceu com a MTV e a Abril Educação. Tivemos negociações de vários títulos com a Editora Caras e depois trouxemos alguns de volta. Isso é natural, alguns deixaram de existir, outros serão criados. E será cada vez mais dinâmico. O conteúdo é e será importante. As novas gerações tomam muito mais decisões e precisam de informação. E esse dinamismo se reflete na nossa estratégia de falar com os jovens. No fim, nosso objetivo é comunicar da melhor forma possível. Seja pelo conteúdo jornalístico ou pelo conteúdo de marca.
Expansão de receitas
Os núcleos ABC e ABD devem entrar, agora, em uma fase de crescimento com foco em colhermos resultados. O potencial desses dois núcleos é infinito pela capacidade que temos de separar nossos grupos. Entender as pessoas e falar com elas, seja a Abril ou nossos parceiros. Enxergo essas áreas como duas startups que agora precisam ganhar corpo e amadurecer. Invisto em algumas startups e, em grande parte, faço isso pelo aprendizado. E, em algum momento, essas startups precisam mudar de fase e esse é o momento dessas áreas. Que não são mais apêndices, mas, de fato, devem gerar receitas.
Reajuste financeiro
Claro que o termo dívida tem uma conotação ruim, mas não é adequado para nenhuma empresa ter só capital próprio. É um equilíbrio de capital próprio e capital de terceiros que é uma forma de empréstimo. Entrei aqui em 2003 em uma situação muito parecida com a de 2015 (quando a família Civita aportou R$ 450 milhões na Abril). O que fizemos foi avaliar: a dívida está programada para tanto tempo, vamos estender e dar um espaço. Vamos tirar essa pressão do caixa para que se possa organizar e voltar à normalidade. E foi isso que aconteceu nessas épocas. O que posso dizer, neste momento, é que a minha dívida financeira não me pressiona mais. Estou dentro de um período que não tenho uma pressão sobre meu caixa em relação a isso. O fato é: está equacionado, não tenho um problema com a minha dívida bancária. O que preciso ajustar agora é geração de caixa. Mergulhar nas nossas verticais de custo e receita para ter certeza que estamos o mais eficiente possível.
Walter Longo deixa Grupo Abril
Redução de custos
Não é possível mais não olhar para a redução de custos diariamente. Isso na empresa, na vida pessoal, em qualquer área. E o que aconteceu com a Abril é que existe uma consciência do que éramos e da estrutura que demandávamos e do que somos agora. De uma editora que publica revistas impressas para uma empresa com várias outras possibilidades, demandas e estrutura. O Walter iniciou essa etapa de experimentação e vamos dar continuidade. E quando você se depara com novas realidades, precisa fazer ajustes constantes em sua estrutura. Precisamos fazer mais com menos, ser mais eficientes e deixar para trás uma realidade que não usamos mais.
Terceirização
A nova lei da terceirização nos permite fazer isso com mais segurança. Tem uma série de serviços que antes eu trazia para dentro de casa que não é meu core business e posso terceirizar. Além disso, há uma série de serviços que se atualizam e melhoram em uma velocidade muito grande. Demissão não é meta nem propósito. Mas na vida normal de uma empresa, mesmo não estando em fase de transição, há um entra e sai de gente. Algumas com mais, outras com menos. Quando você está em um momento de transformação, olha isso com olhos muito mais de como se adaptar a estrutura às novas necessidades. E, se você estiver sobrecarregado e perceber que tem mais pessoas do que precisa, eventualmente, será necessário, isso é verdade, mas não é meta. E quando falo em terceirização, tem muita gente que pode não estar na Abril prestando serviço. Já fizemos movimentos assim na MTV (que pertenceu ao grupo até 2013) e Abril Educação (vendida ao Tarpon Investimentos em 2015) quando percebemos que tínhamos uma estrutura maior do que a necessária.
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