Diário de S. Paulo: falência e circulação interrompida
Funcionários divulgam carta repudiando a decisão da Justiça que, desde o dia 23 de janeiro, paralisou as atividades do jornal
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Bárbara Sacchitiello
5 de fevereiro de 2018 - 16h30
O dia 23 de janeiro foi a última data em que uma edição do Diário de S. Paulo chegou às bancas. Desde então, nenhum funcionário ou qualquer outra pessoa pode entrar na sede do jornal, em São Paulo. A publicação da edição impressa e o abastecimento do noticiário online também estão interrompidos.
A paralisação do veículo foi motivada por um decreto de falência assinado pelo juiz Marcelo Barbosa Sacramone, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, feito no dia 22 de janeiro. A razão alegada para o pedido judicial seria uma confusão societária, patrimonial e gerencial entre as empresas proprietárias do grupo: Editora Fontana, Editoria Minuano e Cereja Serviços de Mídia.Pelo decreto do juiz, as atividades do Diário de S.Paulo deveriam ser interrompidas por cinco dias. Após esse período, o próprio juiz recomendava, na sentença, que o prédio fosse reaberto e que as atividades da empresa fossem retomadas, pois, segundo sua interpretação, para a massa falida, seria mais produtivo que a empresa continuasse em operação.
Essa observação da sentença, no entanto, não foi cumprida. Funcionários do Diário de S. Paulo enviaram, nesta segunda-feira, 5, um comunicado, assinado em conjunto, no qual repudiam a paralisação das atividades do jornal. Veja abaixo:
De acordo com informações obtidas pela reportagem, desde quando a justiça determinou a ordem para que o prédio fosse lacrado, funcionários de todos os departamentos estão impedidos de exercer suas atividades e sem uma previsão do retorno das operações. Os colaboradores, inclusive, não podem nem acessar o prédio para resgatar objetos pessoais que teriam permanecido na empresa. A diretoria do jornal teria dito aos funcionários que estava tomando as medidas cabíveis para conseguir uma liminar contra o pedido de falência, mas, de acordo com informações obtidas, o jornal ainda não havia conseguido nenhuma vitória judicial.
Há cerca de 70 funcionários – entre contratados e prestadores de serviços – que se encontram na mesma situação. Pela paralisação das atividades, nenhum dos profissionais recebeu o pagamento neste início de fevereiro. Acordos firmados com anunciantes pelo departamento comercial também não puderam ser cumpridos mediante a interrupção da circulação.
De acordo com fontes consultadas, ainda não há previsão para o retorno das atividades do jornal.
No dia em que foi decretada a falência, o presidente do Diário de S. Paulo, Luiz Cesar Romera Garcia, enviou um comunicado interno lamentando a decisão judicial e afirmando que o veículo estaria tomando providências para retomar a circulação. Veja a íntegra do comunicado:
“ Na condição de proprietário do Diário de S.Paulo, gostaria de deixar registrado minha profunda tristeza e decepção com a recente decisão da Justiça de estender o pedido de falência da Editora Minuano para o Diário de São Paulo, que acabou tendo a sua sede lacrada na última terça-feira, 23/1, e está temporariamente fechado.
Respeito a decisão do Judiciário, mas não concordo pois nunca desvie nenhum centavo, fazendo de tudo para o bem do jornal.
Ao longo dos últimos meses fizemos de tudo para mostrar à Justiça a boa fé. Mostramos que a nova administração não tinha nenhum tipo de relação com as empresas causadoras da falência. Todos os atuais funcionários e prestadores de serviço atuavam somente para o Diário SP. Após meses de extrema dificuldade, vínhamos conseguindo colocar a empresa em ordem. Com a compreensão e dedicação de nossos funcionários e colaboradores, estávamos colocando os salários em dia. Basta a Justiça ouvir qualquer um deles para saber a realidade dos fatos. Não foi o que aconteceu. O resultado disso foi uma medida precipitada e equivocada, que na prática está acabando com uma instituição centenária e deixando cerca de 70 famílias desempregadas.
No momento, seguimos tentando uma solução jurídica para o Diário não morrer. E também seguimos aguardando ansiosamente que a própria sentença do juiz seja cumprida pela interventora judicial em sua totalidade, ou seja, que o Diário de SP volte a circular.
Atenciosamente
Luiz Cesar Romera Garcia”
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