“Netflix destrói a geração de valor da indústria”, diz diretor da Globosat
Alberto Pecegueiro participou de debate do Fórum Pay TV e criticou a política de preços praticada pela plataforma de streaming
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Bárbara Sacchitiello
30 de julho de 2018 - 14h15
As plataformas de conteúdo over-the-top (OTT) – particularmente a Netflix – foram o alvo de boa parte dos debates da primeira manhã do Fórum Pay TV, novo evento da indústria da TV por assinatura que reúne representantes de diversas faces da cadeia para debater os desafios e oportunidades do setor e acontece, que acontece nesta segunda e terça-feira, dias 30 e 31, em São Paulo.
Ao discutir os impactos que essa opção de serviço trouxe ao público espectador – e consequentemente seus impactos nos negócios na indústria da pay TV, que vem há três anos em um ritmo de retração de base de assinantes – executivos da Globosat e da Sky criticaram a política de preços praticada pelos serviços de streaming – algo que, na visão dos players, derruba a cadeia de valor construída pela indústria de canais pagos.
“A Netflix tem inúmeras qualidades. Ninguém questiona a forma pela qual a companhia conseguiu usar a tecnologia a favor de um serviço e como ela consegue incorporar os novos hábitos de consumo de pessoas. Mas a estratégia definida pela empresa para construir a sua imagem é destruidora para o valor da indústria. Ninguém é capaz de fornecer uma qualidade tão grande de filmes, séries e produções a um custo tão baixo como a Netflix faz”, analisa Alberto Pecegueiro, diretor da Globosat.
Ao participar de um painel no fórum Pay TV, o executivo argumentou que é natural o interesse das pessoas por uma oferta de conteúdo de qualidade pela qual elas possam pagar menos. O profissional pondera, contudo, que além de ser prejudicial a toda a indústria – que não tem a mesma escala internacional e nem a saúde financeira para custear o preço baixo da assinatura – a estratégia da Netflix é, a médio e longo prazo, danosa para a própria empresa. “Os estúdios de cinema e de produção ajudaram a alimentar o monstro ao fornecerem seus conteúdos para a Netflix e, agora, começam a rever sua estratégia. A fonte de conteúdo externo da Netflix já começa a secar e eles terão de incrementar fortemente a produção própria para suprir a ausência dos conteúdos provenientes de estúdios”, acredita Pecegueiro.
Representando as operadoras de TV por assinatura, Luiz Eduardo Baptista, presidente da Sky, concordou com a opinião de Pecegueiro. Partidário da ideia de que, na esfera da TV por assinatura, sobreviverão os players que conseguirem manter uma oferta parruda de conteúdo, Bap (como é conhecido no mercado) opina que a Netflix começará a pagar o preço pela sua política de valor. “Dar algo de graça nunca é uma boa ideia. Entendo que os estúdios de conteúdo começarão a trazer grandes desafios para a Netflix. O serviço é sustentado pela qualidade do conteúdo e a partir do momento em que a empresa passa a ater dificuldade para ter esse conteúdo, surge um problema. Para a Netflix sustentar seu negócio, ela teria que iniciar um modelo de venda de pacote premium”, disse Bap.
O profissional também apontou que a percepção de valor que as pessoas possuem em relação aos serviços de streaming de conteúdo nem sempre é correta. “Nem sempre fazemos pesquisas de forma certa. É óbvio que, se perguntarmos para qualquer pessoa se ela prefere escolher os canais que querem assistir ou comprar um pacote fechado, elas vão optar pela primeira opção. Mas essas pessoas não sabem que adquirir um conteúdo separado ficaria muito mais caro. A questão da curadoria é muito importante e as programadoras e operadoras, marketplaces do setor, não irão morrer, mas precisam buscar maneiras mais adequadas de empacotar aquilo que o consumidor quer assistir”, pontuou Bap.
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