Opinião: 2014, o ano em que perdemos o contato

Buscar

Opinião: 2014, o ano em que perdemos o contato

Buscar
Publicidade

Mídia

Opinião: 2014, o ano em que perdemos o contato

Tempo de ilusões. De Copa e eleições. De brigas na rede social. De novas ?mídias da mãe?. De desdobramentos de audiência. Esses são alguns highlights do mercado no ano


10 de dezembro de 2014 - 12h29

Por Geraldo Leite (*)

Foi um ano de ilusões. Saímos da decolagem do País, para a descolagem de uma nação, água e vinho que não se misturam, não se entendem ou nem querem se entender. Superamos as barreiras da Copa (descrédito, mau humor e má vontade), das eleições (ainda juntamos os cacos) e a crise social só não foi maior porque ainda tem (ou tinha) emprego. Atropelados na Copa, nem deu tempo de anotar a placa. Ano de
coxinhas e petralhas, rolezinhos e canalhas e não bastasse tanta tralha, até a água agora falha!

Da Copa pra cozinha
Como numa terapia de grupo, nós nos abrimos para o mundo, recebendo bem a todos, até mesmo quem só nos assistia. Há uma imagem internacional positiva do País e dos brasileiros. E um tremendo potencial a explorar. Fica também a lembrança de um importante sentimento de pertencimento latino. A Copa aqui não era só nossa. Os Hermanos se “hermanaram” e se enxergaram como “nosotros”, o que é uma prova, de fato, que temos muito em comum para ainda desenvolver.

Media training
A revolta das ruas de 2013 desembarcou nas eleições e a mídia, também acuada, meio que bateu, meio que assoprou. Nunca houve tanta desconfiança entre as partes, nem nunca também contamos com tantas mentiras e boatos, graças ao caráter incontrolável das mídias sociais. Armados até os dentes, desconfiados e meio surdos (pois ninguém ouve o outro lado), não parece ser o melhor momento para se discutir uma necessária regulação da mídia.

Foi campeão
Pra quem gosta de futebol, o SporTV criou um programa histórico: É Campeão. Direto da Ilha Fiscal, no Rio, em um estúdio redondo e transparente, capitães de seleções consagradas de Alemanha, Argentina, Itália e Brasil, à cada noite, avaliavam a rodada da Copa. Uma fórmula inédita, desafiadora pela dublagem ao vivo e com um conteúdo inesquecível.

InterMeios ou BelievemeMeios?
E não é que a TV aberta avançou ainda mais no share de propaganda? Até o primeiro semestre ela tinha 69% e, pela draga dos demais meios e veículos, é razoável supor que isso possa se manter. Incluindo a TV paga, já temos

De desdobramentos de audiência. Esses são alguns highlights do mercado no ano três quartos “dominados” pela TV. Como a internet não se sentia à vontade no Inter-Meios (estava em queda, pois Google e Facebook não participam), preferiram sair do projeto em julho deste ano, pretendendo voltar até março de 2015, com uma nova solução do setor, via ComScore. Com isso, todos que planejam agora têm de torcer por uma nova maneira integrada e legítima de avaliar a participação de cada meio de comunicação. Rezem para.

Social Club
Foi o ano em que ¬ oresceu a internet e em que, principalmente, Google e Facebook, viraram as novas “mídias da mãe”. Agora, com equipes comerciais mais qualificadas e oriundas do marketing e da mídia, eles se apresentam nos anunciantes e agências como consultores de negócios. Se nos lembrarmos de que os novos smartphones já saem todos com acesso à internet e que a mídia programática tende a ter um crescimento inevitável, podemos prever que o atual share da verba da TV não está nada garantido.

Senhores do tempo
A rotina das pessoas não para de mudar. Cresce o consumo de mídia, mas também surgem novas formas, momentos e locais. Há uma perda gradual da audiência familiar, com um enorme incremento de acessos individuais pelos dispositivos móveis, pelas redes sociais, pelo conceito de multitelas, pelas variadas formas do OOH, etc e etc. A batalha subterrânea, aquilo que vai mexer com a história, é pelo tempo.

Seguiremos o que a mídia nos oferece (quando não é um evento ao vivo) ou escolheremos da forma que nos for mais conveniente? As pessoas não querem mais esperar a hora da novela, da notícia ou do filme. Cada seleção escolhida no Now, cada gravação digital na TV paga, cada desdobramento da audiência na Netflix (hoje já são cinco milhões de assinantes na América Latina!) é mais uma mídia que se consome, só que fora dos índices tradicionais e no tempo de cada um.

On demand ou “Eu que mando”?
Esse novo tempo da mídia para as crianças é ainda muito mais “demandado”. Agora, não só pela Netflix, mas, por vários canais de interesse infantil online, apps e redes sociais, elas escolhem diretamente o que querem ver, como também a hora, o local, em que aparelho vão assistir e quantas vezes vão repetir. É claro que isso mexe com a audiência tradicional, não só da TV aberta, como da TV por assinatura.

A volta por cima
A mídia On alcançou um volume tal que chegar na Off era inevitável. Quem podia imaginar o sucesso estrondoso do Porta dos Fundos no YouTube? Mérito deles pela ideia, pelo formato, pela sensibilidade e conexão com a audiência, pelo arrojo, pelos criadores, diretores e atores. Num espaço e liberdade que não cabia numa TV aberta, mas que pode dar certo na Fox. E que agora chega como mídia nos relógios de rua. Aliás, o Google também vem se expandindo pelos pontos de ônibus do OOH, numa
demonstração concreta de que o acesso à internet e aos recursos do Google, pode ser bom para todos (ou quase todos).

Highlights
Duas lembranças interessantes da última viagem do Grupo de Mídia para Boston e Nova York:

a) Emilio Garcia-Ruiz, editor de projetos estratégicos do Washington Post, hoje controlado pelo Jeff Bezos, do Amazon, comentou que um dos caminhos do sucesso deles, tem sido contratar engenheiros (já tem 16!) para ajudar, junto com os jornalistas, a empacotar as histórias;

b) Grant McCracken, antropólogo e pesquisador do MIT, diz que a TV vive a sua fase de ouro e que uma das viradas foi incorporar às séries, em geral nos papéis masculinos, a máxima que “bad things can happen to good persons”.

A conferir em 2015: E quando chegarem os primeiros dados de audiência de TV da GfK? O mercado trabalhará com dois índices? E vai vingar a ideia da mídia mobiliário urbano?

Um belo ano a todos e um beijo nas crianças!
 

(*) Este é o quarto ano sofrido. Veja os títulos dos últimos balanços do ano pelo Meio & Mensagem: 2011 – Ano de avanços e solavancos/2012 – Um ano marcado e marvado/ 2013 – Jodido pero contento
 

Geraldo Leite é sócio-diretor da Singular, Arquitetura de Mídia

wraps

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Elon Musk X STF: quais os efeitos da polêmica para os anunciantes?

    Elon Musk X STF: quais os efeitos da polêmica para os anunciantes?

    Profissionais de mídia avaliam a delicada situação das marcas que utilizam o X como plataforma de conexão com seu público-alvo

  • Google proíbe anúncios de conteúdo político no Brasil

    Google proíbe anúncios de conteúdo político no Brasil

    A partir das eleições municipais deste ano, a publicidade relacionada a candidatos políticos não poderá mais ser impulsionada pelo Google Ads