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Opinião

Como faltou inteligência de mercado à Zébeleo

A ira da internet com a ideia foi consequência direta da completa miopia ou desinteresse dos sócios em desenvolver um projeto minimamente viável com a realidade deles e do mercado


1 de setembro de 2016 - 14h03

Estatísticas do Sebrae provam: metade das empresas no Brasil morrem nos dois primeiros anos. Os motivos são diversos, mas a maioria dos casos está mais atrelada ao planejamento do negócio do que aos aspectos do financiamento, como lucro ou fluxo de caixa. A inteligência de mercado existe para justamente avançar sobre este pilar que historicamente o brasileiro não tem muita habilidade. E foi o que faltou exatamente a Bel Pesce, Leonardo Young e Zé Soares.

A questão da competência dos sócios nem será questionada nesse texto. Mas surpreende uma completa miopia ou desinteresse em desenvolver um projeto minimamente viável com a realidade deles e do mercado. A ira da internet com a ideia foi consequência direta de uma completa falta de compreensão do que estavam desenvolvendo.

O primeiro ponto é empreender uma hamburgueria, no que consiste em uma análise de microambiente: o segmento cresceu 575% nos últimos 10 anos em São Paulo, em pesquisa do Instituto Gastronomia. Ou seja: é praticamente certo que criar uma experiência “disruptiva” como se propuseram, seria uma falácia (a não ser que eles viessem com um hambúrguer sem pão e carne, por exemplo). Trata-se de um segmento notoriamente classificado como “Oceano Vermelho”, como diria o clássico livro de estratégia.

O macroambiente também foi negligenciado pelo trio, à medida que esqueceram que vivemos na maior crise do país nos últimos 125 anos, e o poder de compra dos consumidores está em queda. Logo, além do ticket-médio de plataformas de crowdfunding seguir esta trajetória, você não pode oferecer recompensas que estejam fora do crível para o público e viável para o seu bolso. Ainda que não fossem três “personalidades”, a chance do projeto atingir o investimento-alvo era muito baixa.

Por último e mais importante, estava a construção da marca e a proposta de valor – o famoso branding. Ter uma das palestrantes mais requisitadas sobre empreendedorismo no País e um recém-vencedor de reality show solicitando altos valores para a construção de um negócio que traria pouco benefício à oferta já maçante no seu segmento e com contrapartidas esdrúxulas é uma soma entre sobrestimar sua fama e repercussão e subestimar a compreensão do público.

Ainda que consigam cativar contingentes de pessoas mais com palavras do que com resultados e fatos, o “empreendedorismo de palco” tem seus limites no relacionamento com o público. Se hoje a Bel Pesce demanda uma gestão de crise da sua imagem, devidamente escrutinada profissional e pessoalmente, é porque faltou algo que ela sempre pregou ao longo dos anos dentro e fora do Vale do Silício: desenvolver um bom plano de negócio, pessoal e dos seus projetos.

Foi assim, sem inteligência de mercado, que a Zébeleo foi para o beleléu e se juntou às estatísticas.

 

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