A crise não vai passar
Para boa parte do mercado, que ainda opera em formatos mais arcaicos, esta não será uma crise com começo, meio e fim. E sim, uma nova configuração do mercado
Para boa parte do mercado, que ainda opera em formatos mais arcaicos, esta não será uma crise com começo, meio e fim. E sim, uma nova configuração do mercado
Comum em todos os meios publicitários o assunto mais comentado dos últimos dois anos é a crise que está impactando o mercado publicitário. Junto com isso vem toda aquela história que as margens estão menores, os negócios já não são mais como eram, o marketing está cada vez mais júnior e menos preparado. Tudo isso, como todos já sabem, mas querem sempre repetir, nos leva para conclusão que as agências e a propaganda perderam o espaço que tinham e hoje temos um problema de relevância.
Infelizmente para boa parte do mercado, que ainda opera em formatos mais arcaicos de agenciamento de espaços de mídia, esta não será uma crise com começo, meio e fim. E sim, uma nova configuração do mercado. Esta também não é a influência do digital ou de alguma tendência no nosso mercado e sim o resultado de uma evolução natural dos negócios.
Alguns anos atrás muito se falou sobre a falência das vídeo locadoras e muitas palestras usaram o exemplo da Blockbuster. Como que a Blockbuster não conseguiu ser a Netflix? Simples, uma confortável e bem remunerada zona de conforto, quase impossível de ser rompida para inovação. Muitas lojas, muitos funcionários, diversas contingências e milhares de certezas sobre uma fórmula já desgastada.
Curioso disso tudo é que o que mais sinto falta hoje no Netflix é justamente o que as vídeo locadoras nunca conseguiram valorizar, seu atendimento. Não estou falando dos algoritmos que cada vez mais nos conhecem e recomendam mais do mesmo, errando muito pouco e chegando em sistemas quase perfeitos. Falo daquela dica de filme que o cara da locadora te empurrava e te colocava pra pensar, às vezes você gostava, outras não, mas era motivo para conversa da próxima semana. É inteligência, emoção e conhecimento, que não podem ser substituídos por chatbots. Hoje são scrolls intermináveis no Netflix sem ter uma palavra de apoio, nem que seja para discordar.
A crise já acabou. Acabou com agências, com remunerações e com uma realidade que hoje já é distante. Temos que estar mais perto do novo, que do velho. Onde sua agência inovou de verdade nestes últimos anos? Onde foram investidos os recursos ganhos em outros tempo? Se nada foi feito é chegada a hora de você fazer algo, dentro ou fora desta estrutura.
Talvez você olhe para essa ebulição de novas agências, novos serviços, novos formatos e ache que é tudo exatamente igual ao que a boa velha agência já faz a anos. Que os clientes continuam querendo agências, pensamento estratégico e claro as boas ideias. Sim é fato, ainda fazemos o que sempre fizemos, mas a questão é que Netflix também só oferece filmes.
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