Transformação digital ou adoção de ferramentas digitais?
Não podemos confundir “transformação digital” com “ser uma empresa digital”
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BuscarNão podemos confundir “transformação digital” com “ser uma empresa digital”
28 de fevereiro de 2018 - 19h11
Mas afinal o que quer dizer “transformação digital”? O tema está em alta nos grandes fóruns de discussão de negócios pelo mundo. A integração do digital com físico, o futuro do varejo físico, tecnologias aplicadas a eficiência e produtividade dos negócios, o futuro do trabalho, cultura startup e muitos outros temas derivados desses estão presentes na pauta estratégica de quase todas as empresas do mercado (se não estão, deveriam estar).
Mas, na verdade, existe uma grande confusão sobre o que fazer com tudo isso e por onde começar. Eu já atuei dentro de processos como esse e atualmente tenho apoiado consultivamente empresas que estão iniciando seus processos de transformação e acredito que possa contribuir um pouquinho para ajudar na compreensão das frentes envolvidas.
A verdade é que não existe uma fórmula padrão de como transformar uma empresa que sempre operou num formato, para ser digital, do dia pra noite. Aliás, a confusão já começa por aí. Timing, gestão de mudança, sincronicidade de gestão de múltiplas frentes de projeto dão um baita trabalho e não costumam ser tão rápidas…
Importante entendermos também que transformação digital é diferente de aquisição de ferramentas digitais, ou seja, vai muito além do desenvolvimento de um e-commerce, um aplicativo ou passar a investir em mídia no Google e Facebook. Essas frentes compõem um processo muito mais amplo e complexo.
Ser uma empresa “digital” tem muito a ver com a inspiração que vem das grandes empresas de tecnologia nascidas no Vale do Silício e que estão dominando seus segmentos de forma exponencial. Empresas como Google, Amazon, Facebook, que rompem paradigmas e nascem com um estilo bem diferente das empresas tradicionais. Diferentes em pilares essenciais como: evitam processos burocráticos e hierárquicos, são ágeis e inovadores; usam a tecnologia como core do negócio, ou seja, investem em ferramentas e inteligência constantemente para alavancar resultados; atraem e retêm os talentos alinhados a uma cultura que estimula acerto e erro, o trabalho em grupo e colaborativo e centrada no consumidor.
Esse tripé de Processos, Tecnologia e Pessoas costuma ser a essência da transformação. Mas por onde começar? Eis o grande desafio, afinal temos que continuar a entregar o job do dia.
Mas nessas minhas andanças já entendi alguns pontos relevantes sobre o tema, que descrevo abaixo.
A alta liderança entende que precisa evoluir e transformar seus negócios, mas ainda não conseguem entender as entregas práticas de tudo isso. Remodelar seus processos, sua cultura, suas pessoas e suas ferramentas requer dinheiro, tempo e foco. O medo de sair da zona de conforto e de arriscar, impacta diretamente no andamento de qualquer movimento inovador.
Quando se fala em cultura, é comum os líderes se assustarem e interpretarem como “vamos todos virar o Google”, e não se trata disso. Transformação da cultura não quer dizer necessariamente mudar a essência dos negócios (sua missão, sua visão e seus valores), mas sim adequar os comportamentos, o modelo de gestão e contratação, passando até por revisão do modelo de remuneração e benefícios para estimular os fatores de sucesso das empresas na nova economia: inovação em produtos e serviços de forma contínua, foco no cliente, construção de propósito claro para entrega de valor na relação com consumidores e obsessão por dados com entendimento profundo do consumidor.
Criar uma cultura digital também passa por revisar o modelo de metas (tradicionalmente estipuladas por canais e não pelo consumidor), passa por capacitar a equipe para entender o novo consumidor e se adequar a essa nova relação. Passa por buscar gente que gosta de servir e aprender constantemente, passa por entender que o sucesso só vem se existirem erros.
Sobre tecnologia, provavelmente, a sua atual estrutura tecnológica vai precisar ser revista para estar preparada ao novo tipo de entregas consumer centric e omnichannel (cliente como único em todos os pontos de contato com a marca e no centro da estratégia). O ritmo e processos de TI passam a ser totalmente remodelados e essa competência se fortalece sendo estratégica em praticamente todos os fóruns da empresa.
Importante lembrar que a tecnologia abriu um mundo de possibilidades para oferecermos uma experiência incrível para nossos clientes/ consumidores. Não podemos confundir “transformação digital” com “ser uma empresa digital”. Essa frase pode não servir para qualquer empresa. Manter a essência da marca e focar na experiência que ela quer proporcionar para seus clientes é o fato chave, e a tecnologia é o aliado para chegar lá.
Mas estávamos falando sobre “por onde começar”, e o que listaria como prioritário nesse processo é:
1. Fato: o presidente precisa ser o principal sponsor do movimento. Mais especificamente, esse tema precisa estar na agenda estratégica da empresa.
2. Tudo começa por pessoas, então identifique na organização (ou fora dela) pessoas que tenham visão, vontade e poder de influência para liderar as frentes de transformação.
3. Tenha claro qual o seu propósito com a transformação. Lembrando que a tecnologia não é fim, e sim meio. O que você quer entregar de valor para seu consumidor? Um bom começo é definir seu MTP (metodologia – abaixo – usada como referência e aplicada pela Singularity University). Alinhe o objetivo com os principais líderes da empresa.
4. Comece por um assessment estruturado para entender o nível de maturidade nessas três principais frentes (pessoas, processos e tecnologia). Ao compreender seus gaps e oportunidades, fica mais fácil compreender o que falta para chegar ao objetivo estabelecido.
5. Tenha um bom gerenciamento de projetos para priorizar, entendendo a sincronicidade das frentes, o que depende de uma frente para a outra começar.
6. Engaje os times, alinhe a empresa toda num mesmo sentido.
7. Dedique tempo e orçamento para esse movimento.
E para fechar, essa jornada não tem um começo e um fim determinados. Trata-se de um processo contínuo de evolução e transformações constantes, que o farão competitivo nesse novo sistema operacional. Então, desfrute da jornada, é incrível ser um agente de mudança! 😉
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