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Opinião

Mobile first ou mobile only? O negócio é mobile data!

Empresas proprietárias dos dados terão mais possibilidades de inovar, ofertar produtos e de criar uma relação realmente one-to-one com o consumidor


10 de abril de 2018 - 17h01

Créditos: PeopleImages/iStock

Em fevereiro, aconteceu o maior evento global de mobilidade, o Mobile World Congress (MWC), que há anos é sediado em Barcelona, Espanha. Muito se falou sobre como as redes 5G vão revolucionar o mundo e gerar uma explosão de IoT (Internet of Things). Também se falou que o móvel deixa de ser “mobile first” e passa a ser “mobile only”.

Porém, pouco se falou sobre mobile data e como isso já está revolucionando o mundo dos negócios, por meio de modelos disruptivos e de insights que podem mudar o rumo de uma indústria. Hoje, através dos celulares, é possível extrair muita coisa. Porém, dois tipos de dados são relevantes e dizem muito sobre como somos: geobehavior e app behavior. São dados que mostram todo o comportamento de deslocamento de um usuário, onde mora, onde trabalha, quais lugares mais frequenta, quanto tempo fica em cada lugar e também sobre quais aplicativos o usuário tem, frequência de uso, entre outros.

Esses dados são o que chamamos de dados comportamentais. Diferentemente de dados estáticos (nome, endereço, CPF e e-mail) e de dados transacionais (uso de cartão de crédito, pagamento de contas), os comportamentais são capazes de gerar clusters (segmentações feitas a partir de informações) muito mais assertivos. Por exemplo, em vez de criarmos um cluster de homens de classe A, que moram numa região X e clicam em notícias de esportes, se pode criar um cluster de homens de classe A que têm interesse por futebol, mas que jogam tênis duas vezes por semana, às terças e quintas, na academia X que, aos finais de semana, viajam para praia, utilizam serviços de streaming de música, usam carro durante a semana, mas, no final de semana, preferem táxi. Esses dados são o Santo Graal para qualquer indústria, não apenas para o departamento de marketing e para publicidade, mas também para mudar modelos de negócios.

Vejam o setor financeiro. Um banco de varejo pode saber se um cliente premium utiliza aplicativos de um banco de investimento, cruzar essa informação, saber se esse cliente possui algum investimento e ofertar um produto. Ou o banco pode saber se um cliente frequenta agências de concorrentes ou, até mesmo, desbloquear automaticamente o cartão de crédito em viagens, sem necessariamente o cliente precisar fazer o desbloqueio, porque o banco já vai saber aonde o cliente se encontra. No setor de seguros, se pode saber se um cliente, quando envia uma nota fiscal para reembolso, esteve realmente em uma determinada clínica, a fim de evitar fraude. Ou saber se o segurado possui um estilo de vida saudável (frequenta academias, utiliza aplicativos relacionados à saúde, se vai a restaurantes naturais) e utilizar essas informações para melhor calcular o valor da apólice. No varejo, é possível saber se um potencial cliente foi impactado por publicidade e se visitou determinada loja, ou, ainda, se um investimento em publicidade leva mais ou menos gente a uma loja, num determinado período. Mais além, podemos saber o perfil de pessoas que frequentam uma determina loja, de uma cadeia de lojas, a fim de adequar a vitrine e até mesmo o mix de produto.

Muito mais do que pensar em mobile como um canal ou ponto de interação, se deve pensar que é uma fonte riquíssima de dados que dizem muito sobre quem somos. Essas informações podem ajudar a criar modelos de negócios disruptivos e muito mais assertivos. Vale também pensar que empresas com esse tipo de 1st party data (quando são proprietárias dos dados levantados) são as que terão mais possibilidades de inovar, ofertar produtos e de criar uma relação realmente one-to-one com o seu consumidor.

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