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Zoo da Inovação: O que é uma startup zebra?

Movimento surge em oposição à cultura de venture capital e aposta em crescimento sustentável e ligado a comunidade


13 de julho de 2022 - 12h46

No ano passado, o Brasil chegou à marca de 14.065 startups distribuídas em 78 comunidades e 710 cidades brasileiras, segundo a Associação Brasileira de Startups. Entre 2015 e 2019, foi registrado crescimento de 207% nesse número. Esse avanço, naturalmente, reflete nas cifras. De acordo com o Relatório 2021 Wrapped Brazilian Startups, no ano passado houve aumento de 200% no volume aportado nas startups brasileiras. O valor médio dos investimentos também cresceu, chegando à casa dos US$ 13,7 milhões. Nesse universo, historicamente, o posto mais cobiçado é o dos unicórnios – startups com avaliação de mercado de mais de US$ 1 bilhão.

 

Ao contrário da figura dos unicórnios, zebras andam em bando (Crédito: Bogdanov/ Oleg shutterstock)

No entanto, na contramão, há um movimento de startups questionando o cronograma de crescimento e expansão agressiva, baseado em rodadas de investimento. Trata-se das startups zebras, empresas focadas em crescimento sustentável e na conexão com suas comunidades e propósitos.

“São startups que buscam competição mais saudável e que atuam mais em comunidade, em colaboração umas com as outras (aqui, com a referência às próprias zebras, que andam em bandos). Diferentemente dos unicórnios, que são ‘vistos’ sozinhos, que ficaram muito marcados pela sua alta valorização em mercado de venture capital bastante aquecido, sem necessariamente apresentar métricas que justificassem valuations tão elevados”, explica Filipe Garcia, head do programa de aceleração da Wow.

O precursor no movimento das zebras foi o grupo Zebras Unite, formado por quatro mulheres que tiveram a experiência de fundar empresas e sentiram as dificuldades na captação de recursos em venture capital. Em 2017, o grupo publicou manifesto com o mote “As zebras consertam o que os unicórnios quebram”. “O Manifesto das Zebras nasceu como contraponto da cultura de venture capital (VC) que, historicamente, prioriza o crescimento exponencial em detrimento de modelo sustentável de receita e impacto local. O manifesto também funciona como crítica ao destino mais comum do dinheiro de VC, que são fundadores homens, brancos e héteros. Há pouca diversidade no que diz respeito a aportes. No modelo zebra, se valoriza crescimento linear e sustentável, o impacto local e a diversidade de fundadores e time”, afirma Flávio Alves, CEO da Novatics.

Para isso, as companhias buscam modelos alternativos de financiamento, como crowdfounding e fundos que priorizam investimentos para fundadores que pertencem a grupos minorizados. O head do programa de aceleração da Wow cita empresas brasileiras como a NaPorta, negócio de last mile focado em comunidades e regiões periféricas, e o Banco Pérola, que oferece crédito para pequenos negócios e empreendedorismo social.

Série

“Zoo da Inovação” é uma série de Meio & Mensagem. Confira os demais capítulos e conheça as startups: unicórnio, camelo e dragão.

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