Cannes 70: As campanhas que renderam Grand Prix ao Brasil
Nos 70 anos de história do Cannes Lions, as agências brasileiras conquistaram 16 Grand Prix, sendo que Africa, AKQA, DM9 e Ogilvy conseguiram o feito duas vezes cada
Cannes 70: As campanhas que renderam Grand Prix ao Brasil
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Alexandre Zaghi Lemos
5 de junho de 2023 - 12h33
Nas últimas décadas, o Brasil se firmou como um dos três países mais premiados do Festival Internacional de Criatividade de Cannes, tendo, ao longo desse histórico, conquistado diversos Grand Prix. Na maioria das edições, ocupa a terceira colocação entre os mercados concorrentes, atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Além disso, as agências brasileiras estão entre as que mais investem no evento em todo o mundo, algo que deve se repetir na 70ª edição do Cannes Lions, que acontece na semana de 19 a 23 de junho de 2023.
O prêmio especial de Agência do Ano já foi entregue ao Brasil nove vezes, para a AlmapBBDO (2016, 2011, 2010 e 2000), DM9DDB (1998, 1999 e 2009), F/Nazca S&S (2001) e Ogilvy & Mather (2013). Além disso, a DM9DDB também conquistou o título de Agência de Ano em Cyber, em 2005.
Entretanto, a partir de 2018, a nova política do evento de valoração dos troféus deixou esse almejado título de Agência do Ano bem mais distante para as concorrentes brasileiras, que, normalmente, eram beneficiadas pela quantidade de inscrições e pontos de finalistas.
Desde então, para efeito de contagem de pontos para prêmios especiais, como Agência, Rede e Holding do Ano, a pontuação para um Grand Prix subiu de 10 para 30 pontos, com os Grand Prix de Titanium e de Creative Effectiveness passando a valer 35 pontos (antes era 12).
Nessa reavaliação, os Leões de Ouro tiveram pontuação aumentada de sete para 15 pontos; e os Leões de Prata, de cinco para sete pontos. Os Leões de Bronze e os shortlists mantiveram a pontuação atual, de três e um ponto, respectivamente.
Ou seja, se antes de 2018 eram necessários sete finalistas para se igualar em pontuação a um Leão de Ouro, com a nova regra agora são 15, mais do que o dobro.
Por outro lado, desde a mudança da regra, em 2018, o Brasil acelerou na conquista dos degraus mais altos nos pódios de campanhas do festival. De lá para cá, as agências brasileiras conquistaram sete Grand Prix. Até 2015, esse feito havia sido alcançado outras nove vezes. Ou seja, em 70 anos, as agências brasileiras conquistaram 16 Grand Prix, sendo que Africa, AKQA, DM9 e Ogilvy conseguiram o feito duas vezes cada.
Confira, a seguir, todos os Grand Prix ganhos pela publicidade brasileira nos 70 anos de Cannes Lions:
“Umbigo”, da DM9 para Guaraná Antarctica Diet, foi o primeiro Grand Prix da publicidade brasileira em Cannes, conquistado em 1993, na categoria Press & Outdoor. Criado por Marcello Serpa, com direção de criação de Nizan Guanaes, o anúncio associa o refrigerante à boa forma física.
Grand Prix de Cyber em 2000, “Braille”, da AgênciaClick para Banco de Olhos de São Paulo, o banner convidava as pessoas a “tatear” um texto em braile com o mouse, ao que surgia a mensagem “Doe suas córneas”. Os banners criados por Mauro Alencar e Edwin Veelo, com direção de criação de PJ Pereira e Eduardo Martins.
“Monitor”, da DM9DDB para a cola Super Bonder, da Henkel, conquistou o Grand Prix de Cyber de 2005 com experimento no qual uma câmera online mostrava um monitor colado à parede da agência, que reproduzia mensagens postadas na internet, em uma espécie de reality show que durou 123 dias. Criação de Cris Santoro, Pedro Gravena, Maurício Mazzariol, Alexandre D´albergaria e Keke Toledo, com direção de criação de Sérgio Valente e Fernanda Romano.
A série de anúncios da campanha “Música. Entenda do que é feita”, da AlmapBBDO para a revista Billboard, ganhou o Grand Prix de Press em 2010 ao criar retratos de astros como Amy Winehouse e Bono Vox formados por pequenos rostos de quatro outros artistas que os influenciaram em suas formações musicais. Os anúncios “Bono”, “Eminem”. “Amy”, “Britney” e “Marilyn” mostram as influências de cada um dos artistas como se fosse a clássica composição do sistema gráfico de cores (cyan, magenta, amarelo e preto). Criação de Marcos Medeiros, Danilo Boer e Andre Kassu, com direção de criação de Marcello Serpa, Dulcídio Caldeira e Luiz Sanches.
“Rádio repelente”, da Talent para a revista Go Outside, vencedor do Grand Prix de Radio em 2012, é um experimento que emitiu pelas ondas do rádio sinal que espanta mosquitos, mas é inaudível ao ser humano. O aparelho de rádio foi transformado em dispositivo repelente de mosquitos ao transmitir junto com a programação um sinal extra de 15 kHz, recurso usado em diversos repelentes eletrônicos. Criação de Leandro Lourenção, Bruno Bomediano e Philippe Degen, com direção de criação de Degen, Felipe Luchi e João Livi.
“Retratos da Real Beleza”, da Ogilvy & Mather para Dove, da Unilever, é um documentário criado por Diego Machado e Hugo Veiga, com direção de criação de Anselmo Ramos, que mostra o desenhista forense retratando mulheres a partir do depoimento delas próprias e de terceiros. É até hoje o case criado no Brasil mais premiado da história do Festival de Cannes, com o Grand Prix de Titanium, 10 Ouros, 2 Pratas e 4 Bronzes.
“Fãs imortais”, da Ogilvy & Mather para Sport Club Recife. Por meio de um aplicativo, os torcedores puderam personalizar e imprimir a carteirinha que os cadastravam como doadores de órgãos. Mais de 51 mil pessoas aderiram e a lista de espera por transplantes na região metropolitana de Recife foi zerada. Criação de Paco Conde e João Coutinho, com direção de criação de Paco e Roberto Fernandez.
“Anúncio protetor”, da FCB Brasil para Nivea. A pulseira destacável de um anúncio impresso que conectada a um aplicativo de celular permitia que pais monitorassem a distância seus filhos na praia. Criação de Victor Bustani, Raphael Leandro de Oliveira e Andre Bittar, com direção de criação de Pedro Gravena, Joanna Monteiro e Max Geraldo.
“100”, da F/Nazca S&S e Stink para Leica Gallery é um filme de dois minutos que homenageia não só o centenário da marca Leica, mas a história da fotografia, ao reproduzir cenas marcantes. Criação de Bruno Oppido, Romero Cavalcanti, Thiago Carvalho e João Linneu, com direção de criação de Fabio Fernandes e Eduardo Lima, produção da Stink, com direção de cena da dupla Jones+Tino e trilha da Satélite Áudio.
“Tagwords”, da Africa para Budweiser, da AB Inbev, conquistou o Grand Prix de Print & Publishing. O case usou peças de mídia impressa simples, que traziam quatro elementos: um ano, o nome de um grande festival de música global e a marca da cerveja, com a indicação para buscar essas palavras, juntas, no Google. A proposta do case era fazer a pessoa descobrir, pela própria busca na internet, a conexão da Budweiser com grandes astros da música internacional, que aparecem em fotos antigas segurando garrafas da cerveja. Criação de Felipe Ribeiro, Rafael Quintal e Rodrigo Sganzerla, com direção de criação de Matias Menendez e Sergio Gordilho.
“Detector de corrupção”, da Grey para Reclame Aqui, venceu o Grand Prix de Mobile. Em forma de aplicativo, o “Detector” conta com uma tecnologia de reconhecimento facial. Ao posicionar o celular na frente de uma reportagem de TV, foto de jornal ou imagem na internet de qualquer político, imediatamente o app reconhece e exibe uma ficha de informações sobre a pessoa: se está ou não envolvido em processos de corrupção e quantos processos enfrenta. Criação de Bruno Brux, Rafael Gonzaga, Guilherme Pinheiro, André Choairy e Tiago Pinheiro, com direção de criação de Bruno Brux, Rafael Gonzaga, Adriano Matos e Rodrigo Jatene.
“Air Max Graffiti Stores”, da AKQA para Nike, conquistou o Grand Prix de Media. O projeto, que contou com apoio do coletivo de arte de rua Instagrafite e ilustrou muros da cidade de São Paulo, com desenhos da nova linha da Nike. Nos locais havia também uma interatividade. Por meio de uma ferramenta de geolocalização, quem estivesse na frente de cada um desses painéis conseguia receber um link que permitia a compra imediata via internet do modelo desenhado, antes que ele estivesse disponível nas lojas. Criação de Christiano Vellutini, Guilherme Pinheiro e Pedro Araújo, com direção de criação de Pedro Araújo, Renato Zandoná, Hugo Veiga e Diego Machado.
O videoclipe “Bluesman”, da AKQA, Coala.lab, Stink Films e Satelite Audio para o rapper baiano Baco Exu do Blues venceu o Grand Prix de Entertainment for Music em 2019. No filme de oito minutos, dirigido por Douglas Bernardt, o cantor celebra como o ritmo musical foi um instrumento de libertação para a população negra e aborda, sob diferentes aspectos, como o racismo está enraizado na sociedade brasileira. Realização de Ajaz Ahmed, Hugo Veiga, Luiza Baffa, Diego Machado, Paula Santana, Renato Zandoná, Beatriz Durlo, Lidiane Angelo, Ananda Pires, Marcela Santos, Christiano Vellutini, Gabriel Junqueira de Andrade, Thiago Custódio, Guilherme Marconi, Fernanda Pereira e Lucas Andrade.
“Salla 2032”, da Africa para House of Lapland, conquistou o Grand Prix de Entertainment for Sport ao promover a inusitada candidatura da cidade de Salla, na Finlândia, que sofre consequências das mudanças climáticas no Círculo Polar Ártico, como sede dos Jogos de Verão de 2032, para chamar a atenção para as consequências de um clima cada vez mais imprevisível e invernos mais curtos. Em um filme bem-humorado, os cidadãos locais aparecem se preparando para as temperaturas mais altas e para sediar o evento, além de atletas se adaptando para substituir seus esportes habituais as suas versões de verão. A peça foi produzida pela Triatoma e dirigida por Santi Dulce. Criação Rodrigo Adam, Mihail Aleksandrov, Leonardo Zardo, Maso Heck e Nicholas Bergantin, com direção de criação de Sergio Gordilho, Matias Menendez, Nicholas Bergantin e Rodrigo Adam.
“Eu Sou”, da VMLY&R para Starbucks venceu o Grand Prix de Glass. O projeto ajudou pessoas trans a mudarem seus nomes oficialmente. A agência e a marca levaram a estrutura de um cartório para uma das lojas do Starbucks, na região central de São Paulo, e convidaram as pessoas trans, que ainda não haviam conseguido trocar seus nomes, seja por questões financeiras ou pelas dificuldades do processo, a fazer a mudança dentro da loja. Criação de Breno Oliveira, Pedro Assis e Rick Abreu, com direção de criação de Rafael Pitanguy, Rafael Gil, Isabelle de Vooght e Rodrigo Almeida.
“Parada no Feed”, da Gut para Mercado Livre conquistou o Grand Prix de Entertainment for Music ao promover uma parada virtual no Instagram para compensar o cancelamento da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, no ano de 2020, por causa da pandemia de Covid-19. O perfil reproduzia, por meio de fotos, a extensão de toda a Avenida Paulista na rede social. Para ajudar a gerar buzz, a ação contou com a participação da cantora Gloria Groove, que lançou o clipe da canção Gloriosa, criada especialmente para o projeto. A produção ficou a cargo da Landia, com trilha da Hefty. Criação de Rainor Marinho, Murilo Santos, Catharina Mendonça e Bernardo Sande, com direção de criação de Bruno Brux, Linus Oura e Tiago Abreu.
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