Alexandre Zaghi Lemos
18 de junho de 2024 - 12h05
Corrida pelos Leões não envolve só as altas taxas de inscrições, é preciso acrescentar a preparação prévia dos cases e as viagens das equipes a Cannes
Ganhar um Leão em Cannes não é fácil – muito menos barato. Em 2024, as empresas brasileiras concorrentes financiaram 2.066 inscrições de cases para disputa dos troféus do Cannes Lions.
Na tabela de preços da 71ª edição do Festival Internacional de Criatividade, o custo para envio de peças varia de 650 euros a 2.680 euros por inscrição, dependendo da categoria e do prazo para pagamento – há quatro períodos, com o valor subindo na medida em que a data do evento se aproxima.
A redação de Meio & Mensagem calculou a média do custo de inscrição em cada uma das 30 categorias e considerou as inscrições brasileiras em cada competição para chegar ao valor estimado de investimento feito pelo mercado nacional em 2024: 2,2 milhões de euros, algo próximo a R$ 12,9 milhões.
Entretanto, é preciso acrescentar neste cálculo a não menos custosa preparação prévia dos cases, que mobiliza equipes das agências, produtoras e anunciantes – é mais provável o sucesso de uma campanha mediana com um ótimo vídeo case do que o de uma excelente ação mal apresentada ou com fraca argumentação. Há ainda o trabalho de relações públicas e busca por engajamento em projetos promissores, para que cheguem ao festival já chancelados de algum modo pelo público.
Crachá ou Pipoca
O Brasil é o terceiro país com mais trabalhos concorrentes, atrás apenas de Estados Unidos e Reino Unido, e se mantém entre as maiores delegações – ouve-se português por todos os lados, nos corredores do Palais des Festivals, nas festas e nos restaurantes do entorno.
Para ter acesso aos ambientes oficiais do evento, a taxa individual varia de 4.095 euros a 10.495 euros, desembolso salgado que estimula o que vem sendo chamado pelos brasileiros de “pipoca do festival” – analogia à folia gratuita do Carnaval que se contrapõe aos espaços pagos.
O Cannes Lions se mantém como o evento de maior investimento das holdings de agências de publicidade, que continuam destinando altos budgets – embora com menor apetite do que no passado – à inscrição de cases para a disputa dos desejados Leões e ao envio de equipes à Riviera Francesa.
Entretanto, suas principais financiadoras não são mais as agências, suas redes e holdings, mas sim as plataformas de mídia digital. Muitas delas investem não só no patrocínio ao evento, mas especialmente em experiências para ativar sua presença e gerar networking, promovendo conteúdo tanto dentro do Palais como nos arredores.
Na semana passada, o AdAge teve acesso a alguns orçamentos que mostram quanto o evento cobra dos patrocinadores para ocupação de espaços que vão desde fachadas dos hotéis e telões digitais no Palais até instalações na areia da praia. Os valores variam de US$ 40 mil a US$ 200 mil e aumentaram cerca de 25% desde que o evento voltou a ser realizado presencialmente 2022.