Creator Economy no puxadinho premium de Cannes
Tem tanta coisa que a gente precisa conversar! A cocriação entre agências e marcas, os modelos de remuneração, o controle/não controle da narrativa, entre outros
Creator Economy no puxadinho premium de Cannes
BuscarTem tanta coisa que a gente precisa conversar! A cocriação entre agências e marcas, os modelos de remuneração, o controle/não controle da narrativa, entre outros
19 de junho de 2024 - 17h10
Mesmo que seja a primeira vez que a Creator Economy tem uma trilha em Cannes – como também ganhou no SXSW e outros eventos do nosso mercado, o que faz todo sentido – ainda sinto que falta uma parte.
Esforço para o Creator ter uma experiência diferente não faltou, o que mostra que o festival está realmente interessado em atrair mais criadores de conteúdo nos próximos anos e está fazendo de tudo para que essa experiência seja única. Foi exatamente o que o CEO de Cannes, Simon Cook, falou na cerimônia de abertura do evento para os creators, em um rooftop com a melhor vista do Palais des Festivals: “Queremos ver muitos mais de vocês ano que vem”, afirmou.
Além de um rooftop exclusivo, com ativações de marca, espaço instagramáveis, estúdio para gravação, brindes e rosé o dia todo, temos acesso exclusivo às cerimônias de premiação (que normalmente tem filas dobrando a esquina), uma curadoria de conteúdos gerais e uma trilha exclusiva só com conteúdos de interesse dos creators. Mas é exatamente toda essa exclusividade que faz com que “falte uma parte” e uma ponte.
A parte que falta é justamente a que está na sala ao lado, falando de publicidade sem considerar uma camada bastante relevante que os creators adicionaram ao contexto do mercado tradicional: a influência adicionou contexto ao que sempre foi massa, conversa onde sempre foi anúncio, um fator humano onde a coisa caminhava para a “criatividade data driven”.
Nos painéis da Creator Economy, a curadoria está bem afinada, trazendo gente relevante pra conversa – apesar de pequena em volume de palestras – a estrutura de Cannes acaba proporcionando que os grandes nomes do ecossistema aceitem o convite. Comparado com SXSW, vi muito mais gente relevante do mercado. A pauta gira em torno da relação publicidade e marca, o que já era esperado. Outros modelos de monetização e a marca própria não tiveram muita atenção da curadoria. Mas ok, para um festival de publicidade eu entendo que essa relação indústria/creators seja o foco da pauta. O meu problema com ela é que não rolou discussão nenhuma!
Tem tanta coisa que a gente precisa conversar! A cocriação entre agências e marcas, os modelos de remuneração, o controle/não controle da narrativa, entre outros. Os creators estão no puxadinho mais premium do festival, os publicitários estão em outros lugares e a conversa que poderia ser muito boa, não rolou.
Em alguns painéis marcas e agências até estão, mas não tem ninguém da indústria na plateia para assistir. Mas uma delas ficou gravada e eu sugiro que vocês assistam assim que for ao ar. Nela, uma conversa bem emblemática aconteceu.
Publicitário: “Eu trabalho para uma agência. Nós temos muitos criativos que gostariam de controlar a narrativa e a criação…”
Moderadora: “Espera, vamos dar uma pausa aqui. Vocês, criativos das agências tradicionais, gostariam de controlar a narrativa, da mesma forma que sempre fizeram. Surpresa. Creators são uma grande ameaça então né?”
Publicitário Titubeando: É… costumava ser… Sabe, é um grande aprendizado pra gente. No início teve um grande nervosismo em dar o controle da narrativa para o creator, algo que sempre foi nosso.
Bom.. talvez essa conversa seja embaraçosa demais para os grandes palcos… o puxadinho ainda é o lugar mais confortável pra ela. Quem sabe ano que vem.
Compartilhe
Veja também