22 de junho de 2023 - 11h00
No terceiro dia de Festival de Cannes Lions 2023, a escritora, atriz e comediante Tiffany Haddish, Presidente do She Ready Foundation, e Erica Taylor, Vice-presidente e Diretora de Marketing da Genentech, foram, ao meu ver, o grande destaque com o painel “Bem-estar: um novo estilo de criatividade para ajudar a preencher a lacuna global de igualdade em saúde”, na programação de Inkwell Beach.
Apresentado por Havas, The Washington Post, Reckitt e Genentech, o talk show debateu como o mercado publicitário pode contribuir na melhoria de um direito universal, à saúde da população de todo o mundo.
À publicidade cabe o papel de instrumento fundamental de educação e disseminação de informações sobre doenças, como diabetes, hipertensão, obesidade, DSTs, além do câncer – on top of trends.
O papel da televisão + creators
Na minha geração, a televisão foi como uma babá, esse papel se expandiu para as redes sociais, através de creators, que viraram referência e nos ensinam quase tudo. Quem nunca teve um sintoma desconhecido e buscou no Google para se autodiagnosticar e caiu um vídeo no You Tube?
Por continuar sendo meios com tal poder de alcance, por que não as marcas assumirem isso e começar a cumprir com um papel de fornecedor de informações sobre saúde e educação?
Por que não usar a credibilidade das celebridades e influenciadores para difundir a importância dos cuidados com a saúde?
Como a indústria farmacêutica, seus departamentos de marketing e agências de publicidade poderiam divulgar programas voltados para a promoção da saúde, respeitando sempre as agências reguladoras, por exemplo?
São alguns desafios que vejo como oportunidades para o setor atuar com impacto social.
A saúde no Brasil
O sistema de saúde brasileiro é precário, especialmente, quando consideramos o atendimento à classe C,D e E representada por 75% da população brasileira, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, de 2019.
A falta de acesso a médicos e serviços de saúde de qualidade é uma realidade para muitas dessas pessoas.
Mais de 150 milhões de brasileiros, o equivalente a 71,5% da população, dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamento médico, atendimento hospitalar e outros serviços.
Diante desse cenário, a publicidade pode desempenhar um papel fundamental na superação dessas barreiras, promovendo educação e conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce e a busca por serviços de saúde para o tratamento correto, que podem levar à cura.
E ainda contar com celebridades e creators, como citei acima, para revelar suas próprias fragilidades – trazendo ainda mais veracidade na narrativa – compartilhar informações sobre doenças comuns, que afetam diariamente milhares de pessoas, e hábitos saudáveis para prevenção e tratamento mais eficaz.
A premiada campanha “The Greatest”, da Apple, ganhadora do Grand Prix, na categoria Entertainment Music, é um excelente exemplo de criatividade em prol de um mundo melhor. Ao invés de retratar pessoas com deficiências em uma posição de vulnerabilidade, a gigante da tecnologia as retratou cheias de empoderamento.
O projeto, que foi co-criado pelos próprios personagens e produzido por pessoas com deficiências, revela como os dispositivos da marca ajudam pessoas com deficiência visual a identificar as entradas e saídas ao longo de um caminho, notificam o usuário sobre sons específicos, como choro de bebê, até mesmo permitem o uso do iPhone, Apple Watch ou iPad por meio de comandos de voz.
É com essa mesma força criativa da comunicação de impacto social, que as marcas devem se posicionar efetivamente sobre o papel que cumprem perante a sociedade na propagação de temas relacionados à saúde.