Duchamp e o Cannes Lions
Se você já veio pra Cannes, sabe que não é barato
Se você já veio pra Cannes, sabe que não é barato
18 de junho de 2024 - 18h07
Se você já veio pra Cannes, sabe que não é barato.
Para um competidor, desses que vem aqui buscando a liderança do ranking, estamos falando de milhões gastos – investidos, eu me rendo – entre produção, passagens, credenciais, imprensa, hotéis e rosés. O jogo é muito sério e creditar todo esse volume de dinheiro a uma fogueira de vaidades é meio inocente.
Na planilha de custos para se tornar uma das poucas agências destacada em Cannes, a primeira linha é o tempo. Essa é a parte mais cara. Você precisa de tempo pra ter a ideia, tempo para melhorá-la, tempo para aprová-la, tempo para aumentar sua escala, tempo para executa-la, tempo para colher os resultados, tempo para divulga-la. E, óbvio, tempo para fazer as 200 edições do video case até chegar na versão ideal.
Você é obrigado a dar atenção a todos esses detalhes pois os jurados do Cannes Lions certamente gastarão muito do seu tempo escolhendo as poucas vencedoras. E todo os delegados no Pallais usarão o tempo deles discutindo o que a ideia vencedora trouxe de novo para a nossa indústria.
Marcel Duchamp é um artista que chegou depois dos pós impressionistas ou cubistas. Talvez, por isso, não tenha se interessado pela Provence como seus antecessores. Foi morar em Nova Iorque. Mas por obra do acaso, uma rede social me presenteou hoje pela manhã com uma das suas frases que me fez pensar um pouco no que significa esse evento: “A arte não é sobre si mesma, mas a atenção que trazemos para ela”.
O Cannes Lions é importante pelos Gps, ouros, pratas e bronzes que concede. Mas não só isso. Ele importa, acima de tudo, pela atenção que cria entorno do poder de uma ideia.
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