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Diário de Cannes

Metáforas Caninnas

Ouvi essa entre um inglês e um norueguês em meio a muita cerveja


18 de junho de 2018 - 10h59

Ouvi essa entre um inglês e um norueguês em meio a muita cerveja.
– Você é capitão de um navio e sabe que vai bater em um iceberg em breve. O que você faz?
– Sabe como?
– Experiência. Já passou por ali várias vezes naquela época do ano e viu que naquela velocidade só pode acontecer uma coisa: bater em um iceberg.
– Aciona os radares ora?
– Os radares também indicam que o choque é inevitável.
– Mas por que então não se desvia da rota?
– A tripulação simplesmente não quer.
– Agora é que não entendo nada! – E toma o restante do copo, sem desgrudar a boca já levanta o braço e acena ao garçom pedindo outra.

– A tripulação, o vice-comandante, os chefes de setores de máquinas, acomodação, etc. ganham seus bônus por pontualidade e excelência do serviço prestado aos clientes do navio.
Se o navio desviar demoram mais a atracar e esse atraso desperta uma série de outros no porto.
Os guindastes, os funcionários dos estaleiros, os fornecedores de comida. Impossível.
O navio segue seu rumo. Impávido. Precisa chegar no horário.

– Mas por que?!!!! – O Noruegues não se conforma.
– Possuem contas a pagar, hipotecas, mensalidades dos filhos. Aceitam o risco.
Cresceram navegando assim. Os administradores e Stocks da companhia de navegação não iriam gostar nada nada desse atraso.

– Ok, eu sou o capitão do Navio e sei que ele vai bater em um iceberg. Não posso mudar a rota. Não consigo diminuir o ritmo. Nem convencer minha tripulação a abrir mão de ganhos até mesmo pelas suas vidas.
Já sei. Utilizo a tecnologia. A inteligência Artificial, os Drones… sei lá. Tudo para impedir que o Navio, um dos maiores do mundo afunde. – O norueguês se coloca no lugar do comandante e quer salvar o navio.

– Ok, mas e se eu te disser que parte desses recursos não foram autorizados pelos acionistas dos navios. Já pagavam um comandante experiente e uma tripulação a peso de ouro. Simplesmente o custo não fora aprovado. Ainda assim, o que você faria?

O Norueguês, de uma tradição Viking milenar com a vela e o mar no seu DNA pense em silêncio mais um pouco.
Ele tira os cotovelos da mesa e senta-se na cadeira com as costas, entregando a vitória de argumentos ao inglês:
– Ok, mate, você é capitão de um navio que simplesmente não quer se salvar. O que faz?

O inglês sorri com a derrota do nórdico e explica:
– Primeiro você que é capitão e sempre atua de maneira dura, força um pouco mais a mão nas atitudes e se deixa flagar em situações pouco confortáveis.
O Norueguês olha-o atentamente. O inglês continua:
– Com isso, levanta a ira de sua tripulação. Corta os bônus, deixa-os cada vez mais nervosos, até a tripulação ter coragem o suficiente para fazer um motim.
– Um motim?!!
– Sim, um motim!!!! A ponto da tripulação colocar o capitão num escaler de sobrevivência e o lança ao mar. No escaler tem o suficiente para ele sobreviver e chegar
em terra firme.
– Como assim?
O inglês continua:
– Em troca do pequeno escaler com viveres, a tripulação hábil e ambiciosa obriga até o Capitão a assinar um termo de culpa antes de ser jogado ao mar.
O Norueguês mudo. E o inglês arremata:
– Um comandante de navio não pode abandonar o barco nunca. Mas pode ser expulso. Pode voltar para casa e em breve estará no comando de um navio mais
ágil, com menos pressão de investidores, mais tecnologia e segurança.

O norueguês terminou o assunto.
– Ok, assim o capitão escapa. E o barco? Afundou?
– Ainda não. Mas o iceberg o espera de braços abertos.

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