O Brasil em Cannes

17 de junho de 2019 - 17h17

1. Um conceituado e conhecido diretor de criação chega em Nice, depois de um fim de semana de excessos em uma determinada cidade espanhola. Ainda de ressaca e não alimentado, pousa, pega sua mala e pede um Uber até Cannes. Chegando ao apartamento, vai abrir a mala e grita.

MERD*! ESSA MALA NÃO É MINHA.

Jurando que pegou uma mala igual a sua, mas de outro dono, olha na etiqueta e descobre que o dono da mala é outro brasileiro. Vê que tem amigos em comum com ele no Facebook. Manda mensagem para eles, pedindo o número do dono da mala. Consegue. Liga. Ele está desesperado no aeroporto procurando a mala. Ele tranquiliza o proprietário e volta ao aeroporto com a mala alheia. Chegando lá, entrega a mala para o dono real e pega a sua na esteira.

Detalhe: A mala não é igual, nem do mesmo tamanho. Só é da mesma marca.

2. Um young bebe até tarde (até aqui, nenhuma novidade). Fica além dos seus amigos na ruinha. Volta pra casa. Sem chave, tenta ligar para que os amigos abram. Mas todos estão extremamente embriagados e ninguém consegue atender o telefone. Só lhe resta uma opção, dormir na rua até que alguém acorde para abrir pra ele. E é o que ele faz.

De repente, acorda dentro de uma ambulância. Uma enfermeira tenta furar seu braço para aplicar soro. Sem entender nada, ele grita em português: “Eu não sou mendigo, eu não sou mendigo”. Mas a enfermeira, o paramédico e o motorista não falavam português (e quem é que fala?). Só consegue voltar pra casa depois das 13h. Pelo menos, ganhou uma Coca-Cola do sistema de saúde francês.

3. De madrugada, chego no apartamento. Deixei a janela aberta, para ventilar. Me deparo com um pato (ou albatroz, segundo amigos mais versados na biologia) em cima da minha cama. Ele cagou no meu pijama, no edredom e no travesseiro. Espanto ele com uma vassoura, troco a roupa de cama e vou dormir pensando “Esse é o tipo de coisa que só acontece em Cannes”.

Melhor que isso, só a agência brasileira que deve ganhar leão graúdo com This is America.