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Cannes Lions

17 a 21 de junho de 2024 | Cannes - França
Diário de Cannes

Um elevador que nos trouxe até aqui

A troca de admiração e apoio que aconteceu ali dentro me fez pensar sobre como a criatividade fica mais poderosa quando deixamos de lado os egos, disputas e politicagens e colocamos no centro apenas as pessoas, suas histórias e as ideias que nascem delas


18 de junho de 2024 - 16h42

Domingo foi meu primeiro dia na cidade de Cannes, um dia meio turbulento e cheio de compromissos. Entre cadastramento, ensaios e checagens técnicas para uma apresentação que faria ao júri, minha cabeça não parava de girar. Essa é minha primeira vez defendendo um case para um júri, minha primeira vez no Festival, minha primeira vez na Europa.

Entre tantos pensamentos acelerados, uma viagem de elevador foi uma das coisas mais simbólicas desses primeiros dias.

Estávamos no Palais, a caminho de nossa checagem técnica para a apresentação ao júri. Juntas no elevador estavam eu, minha colega brasileira e mais duas mulheres, todas nós apreensivas. Começamos a trocar olhares até que decidimos iniciar uma conversa.

Elas eram indianas e também estavam lá para a checagem de seu material de apresentação ao júri, representando um case de impacto social e econômico para uma marca de bens de consumo. Também era a primeira vez delas em Cannes. Trocamos algumas impressões e começamos a falar sobre nossos projetos que estavam concorrendo entre si no Festival.

Entre outras palavras carinhosas, uma delas me disse: “Nós admiramos muito o trabalho de vocês, toda sorte na sua apresentação.”

Essa frase ficou comigo e me fez pensar muito sobre o aspecto que mais valorizo no nosso trabalho. Quatro mulheres, do Brasil à Índia, concorrentes perante o mesmo júri, admiradas e torcendo uma pelo trabalho da outra. Nervosas com esse momento, mas também animadas.

Aquela viagem de elevador não era qualquer uma. Além de nós, aquele elevador também carregava nossos sonhos, nosso talento, nosso comprometimento e nossas ansiedades. Aquele elevador levava junto de nós todos os nossos times que ficaram no Brasil e na Índia, pessoas que não estavam na Riviera Francesa pessoalmente, mas que tornaram possível cada um daqueles trabalhos. Aquele elevador carregava tudo o que nos trouxe até aqui e permitiu que nos reconhecêssemos uma na outra.

A troca de admiração e apoio que aconteceu ali dentro me fez pensar sobre como a criatividade fica mais poderosa quando deixamos de lado os egos, disputas e politicagens e colocamos no centro apenas as pessoas, suas histórias e as ideias que nascem delas.

Hoje tive a chance de prestigiar a defesa do case delas perante o júri, nos reconhecemos e sorrimos uma para a outra, lembrando com carinho da nossa conversa.

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