Do Carnegie Hall ao Palais: o trajeto do Grand Prix de Music
Resgate do legado de Alaíde Costa para a bossa nova reforça característica da Almap de incutir cultura nacional em narrativas globais
Do Carnegie Hall ao Palais: o trajeto do Grand Prix de Music
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Isabella Lessa
19 de junho de 2024 - 12h51
Na terça-feira, 18, segundo dia de premiação do Cannes Lions, a AlmapBBDO conquistou seu primeiro Grand Prix na categoria Entertainment Lions for Music.
A agência foi reconhecida pelo projeto criado para Johnnie Walker que levou a cantora Alaíde Costa de volta aos holofotes do Brasil e do mundo. Mais do que isso, “Errata” se propôs a reparar a ausência da artista, figura proeminente da bossa nova, dos espetáculos que aconteceram no Carnegie Hall nos anos 1960 – na época, somente músicos homens, como Tom Jobim e João Gilberto, foram convidados a se apresentar na lendária casa de shows de Nova York.
O case começou com um esforço de PR – uma “errata” de página dupla na Folha de S. Paulo que relembrou a carreira de Alaíde Costa e explicou a relevância dela para a música brasileira – e terminou com a apresentação da cantora no palco do Carnegie Hall, onde deveria ter subido décadas antes.
O fato de a campanha ter conquistado o GP de Entertainment Lions for Music representa uma mudança em relação aos cases escolhidos nos anos anteriores – que, ou premiaram videoclipes de artistas, ou reconheceram cases de marcas em que a música é um fator preponderante para a construção da narrativa.
Ano passado, o júri entregou o GP para filmes que se enquadram em cada um dos casos: o clipe Beautiful Life, de Michael Kiwanuka, e o comercial “The Greatest”, da Apple. A primeira agência brasileira a conquistar um GP na categoria foi a AKQA, com Bluesman, curta-metragem para o músico Baco Exu do Blues. O trabalho foi premiado na edição de 2019 e o clipe This is America, de Childish Gambino, também recebeu o troféu.
Em 2024, tendência que despontou nos trabalhos premiados foram as histórias reais, como o case de Johnnie Walker, conta Madeline Nelson, head of independent label relations da Amazon Music nos EUA. “A marca utilizou recursos para contar a história de uma mulher que foi excluída da da bossa nova e, além de tudo, conseguiu falar do impacto da música”, diz a presidente do júri.
Marco Gianelli, o Pernil, CCO da AlmapBBDO, observa que a publicidade se acostumou a recorrer a celebridades para falar de produtos, mas, para driblar um caminho puramente comercial, as agências começaram a recorrer a ideias e projetos de entretenimento que conseguem atrair e reter a atenção do público.“Quando a gente cria algo com celebridades conectadas à cultura local, sabemos que o trabalho fica frágil porque é mais difícil para um gringo entender. “É um orgulho para a gente conseguir tornar essas coisas globais. Denota uma mudança até do próprio festival, que decide refletir a cultura local numa premiação como essa”, comenta.
Para o criativo, a intenção do projeto em si é o que mais chamou atenção dos jurados de Entertainment. “Não foi uma grande produção quando filmamos com ela. Foi algo muito intimista, pudemos conviver bastante com Alaíde”, relata.
Quando o time da Almap subiu ao paco do para receber o prêmio, Luiz Sanches, chairman da agência, levou consigo a imagem da cantora. A empresa cogitou trazê-la para Cannes, mas ela está em turnê. “É interessante ver que a agenda dela está repleta de shows, ela está recebendo cachês mais justos. Isso reverberou na marca”, diz Pernil. Veja o case:
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