É tudo sobre gente
Um outro ponto que me chamou atenção foi a evolução das ideias voltadas para causas sociais e políticas.
Um outro ponto que me chamou atenção foi a evolução das ideias voltadas para causas sociais e políticas.
19 de junho de 2023 - 19h53
Esse ano tive a honra de ter sido convidada para participar do júri do Festival de Cannes. O frio na barriga só aumentou quando descobri a categoria: Print e Publishing. Me perguntei como essa categoria, tão tradicional, traria inovação sem perder sua essência e quais seriam os critérios para chegar aos trabalhos que melhor representam a criatividade no meio.
Confesso que aquele frio se transformou num quentinho no coração quando percebi que continua sendo uma categoria voltada para as pessoas. Mesmo com o AI bombando, o júri foi unânime nas peças cujas principais qualidades não dependiam dele.
Falando em AI, algo ficou claro para mim: agora que ainda é novidade, o uso dessa técnica é a principal ideia. Vi muita coisa com as duas letrinhas do momento, AI, no próprio título do trabalho. Mas, o que de fato chamou a atenção foram aquelas peças cuja tecnologia estava invisível, a serviço da ideia criativa e, principalmente, das pessoas. Como toda tecnologia bem usada deve ser.
Um outro ponto que me chamou atenção foi a evolução das ideias voltadas para causas sociais e políticas. Elas continuam sendo uma força relevante num corpo de ideias, mas a grande diferença é que agora são propositivas, acionáveis. O tal awereness parece que perdeu um pouco da força, dando lugar à ação. Isso faz com que os trabalhos sejam mais diretos, fortes e, a meu ver, efetivos.
Para minha total alegria, vi também bastantes coisas que retratam verdades humanas, sem firulas nem traquitanas. Criatividade de observação que faz uso de BI (Brain Intelligence) e deixa de fora o tal AI. Ideias que trazem nossa fragilidade, nossas lutas diárias e banais – mas não menos importantes –, e como as marcas podem entrar, como aliadas, de um jeito delicado e nada invasivo.
Fiquei bastante satisfeita quando vi um corpo de trabalho com tanta diversidade de abordagens e jeitos de acontecer, mas com objetivos claros: deixar o mundo um pouquinho mais legal, seja com grandes atos coletivos ou com pequenas atitudes individuais.
Porque, no fim das contas, ainda é tudo sobre gente. Ufa!
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