Greenpeace invade WPP, cobra Cannes Lions e indústria publicitária
Organização não-governamental critíca agências que ajudam empresas poluentes a criar narrativas que mascaram a crise climática
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22 de junho de 2022 - 13h37
Por Bárbara Sacchitiello e Thaís Monteiro
Nesta quarta-feira, 22, o Greenpeace invadiu um evento da VMLY&R no espaço do WPP na praia de Cannes durante o Cannes Lions em protesto às agências que trabalham com empresas que usam combustíveis fósseis, prejudiciais ao meio ambiente. Os ativistas vieram de barco e vestidos como o cachorro do meme “This is fine” (“Está tudo bem”, em tradução livre), em que um cachorro aparece sorrindo em meio ao fogo.
O movimento do Greenpeace começou junto com o festival internacional de criatividade. Na primeira noite de premiação, na segunda-feira, 20, o head de criatividade do Greenpeace Gustav Martner, que trabalhava em agências como diretor de criação, subiu ao palco para devolver um leão que conquistou anteriormente e protestar contra a indústria publicitária que faz anúncios sobre empresas que prejudicam o meio ambiente.
A partir de então, a organização não-governamental têm realizado protestos ecoando as frases “Sem prêmios em um planeta morto” e “Anúncios de combustíveis fósseis estão queimando o planeta”.
Os atos começaram com a adesivação de postes em Cannes na terça-feira, 23. A arte é inspirada no meme “This is fine”. Porém, nessa versão, na frente do cachorro está o Leão do Cannes Lions, troféu que simboliza a premiação.
Já nesta quarta-feira, 23, pela manhã, ativistas distribuíram cartazes com a arte acompanhada de um adesivo com um QR Code que direciona o público ao site da campanha #BanFossilFuelAds e para a petição de mesmo nome. O cartaz diz: “Enquanto a indústria publicitária está se celebrando no Cannes Lions, a crise climática continua. Agências que trabalham com empresas de combustíveis fósseis estão criando chamas, ajudando poluentes inventar novas formas de nos convencer de que está tudo bem. Essas agências mantêm o status quo, enquanto comunidades vulneráveis e o ecossistema sofre”.
A campanha é um apelo a União Européia e pede: a proibição de propagandas de combustíveis fósseis, bem como de transporte aéreo, rodoviário e aquaviário (exceto serviços de transporte de interesse econômico geral) movidos a combustíveis fósseis; proibir a publicidade de quaisquer empresas que atuam no mercado dos combustíveis fósseis, nomeadamente através da extracção, refinação, fornecimento, distribuição ou venda de combustíveis fósseis; proibir patrocínios de empresas definidas no ponto anterior, ou usar marcas registradas ou nomes comerciais usados para combustíveis fósseis.
Segundo o Greenpeace, essa legislação aumentaria a conscientização pública sobre produtos e tecnologias que são responsáveis pelas mudanças climáticas e outros danos ambientais e à saúde.
Protesto fora, prêmios dentro
Apesar de estar aproveitando o Cannes Lions para chamar atenção às demandas de meio-ambiente e sustentabilidade, o Greenpeace também tem participado do Festival de forma oficial, com direito à conquista de prêmios.
O case “Los Santos +3º”, criado no Brasil pela agência VMLY&R, conquistou dois Leões de Ouro nas categorias Entertainment e Entertainment for Sport, além de uma Prata em Entertainment.
O trabalho, feito para o Greenpeace do Brasil, combina metaverso e sustentabilidade ao criar uma cidade fictícia, chamada Los Santos (inspirada em Los Angeles) no GTA. O local apresentava todas as consequências de uma cidade impactada pelas mudanças climáticas, fazendo com que os gamers entrassem em contato com as questões ambientais.
O Greenpeace também conquistou um Leão de Prata em Entertainment for Sport para o case chileno “The Sacrifice”, criado pela McCann de Santiago, que colocou surfistas profissionais para competirem na área mais poluída do litoral do país, em Quintero Puchuncavi.
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