Jacques Séguéla: talento, amor à publicidade e bom humor
Publicitário, homenageado com o Leão de São Marcos, disse que a atividade diz respeito a ideias, a otimismo e a “estar no lugar certo na hora errada ou no lugar errado na hora certa”
Jacques Séguéla: talento, amor à publicidade e bom humor
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Roseani Rocha
21 de junho de 2024 - 10h03
No alto de seus 90 anos, Jacques Séguéla, mostrou vigor e bom humor ao participar do seminário que antecederia a entrega a ele do Leão de São Marcos, em cerimônia na noite desta sexta-feira, 21, no Palais des Festivals – a primeira vez que ele participou do Cannes Lions foi em 1975, quando o festival ainda acontecia em Veneza, na Itália.
“Meu inglês é francês. Não se preocupem se não entenderem. Eu também não me entendo”, começou dizendo e provocando risos na plateia. Depois, o publicitário, que é ex-vice-chairman e chief creative officer da Havas, disse comer “leão no café da manhã” e adorar isso, em alusão aos muitos prêmios que recebeu ao longo da trajetória de 60 anos na indústria, atendendo clientes como Apple, Air France, Carrefour, Citröen, Louis Vuitton e Microsoft, além de fazer campanhas políticas.
Bem-humorado, soltou várias frases de efeito. Outra delas foi: “Uma coisa que não muda é que a publicidade sempre foi e será sobre ter uma ideia. Dinheiro não faz ideias. Ideias é que fazem dinheiro. Mas ideias são como espermatozoides: há milhões, mas só um vira uma ideia bebê”.
Uma ideia é apenas uma forma de pensar diferente, disse Séguéla, exibindo em seguida um vídeo com uma de suas primeiras campanhas a vencer um Leão, feita para o Citröen Visa GTI, em 1988 e comentando que o problema ali não tinha sido a ideia – comparar o desempenho do carro ao de um jato, numa corrida, em que o carro terminava no mar – , mas o craft.
O publicitário lembrou que uma vez que 74% das marcas nascidas em um século morrem nele mesmo, “nosso trabalho não é só vender iogurte e carros, mas fazer a Danone e a Citroën sobreviverem aos próximos cem anos”.
Para as novas gerações trabalhando na indústria da comunicação, ele quis dizer cinco coisas: 1. Publicidade é sobre ideias (“se não tiver ideias, mude de profissão”, recomendou); 2. Publicidade é otimismo (“o otimista inventa o avião e o pessimista, o paraquedas”); 3. Publicidade é estar no lugar certo na hora errada ou no lugar errado na hora certa), 4. Faça publicidade significativa e faça as marcas eternas ao dar a elas uma alma; e 5. Publicidade é amor (“sirva a ela, que ela servirá a você; dê à publicidade e ela dará a você”).
E aproveitou a deixa para homenagear a mulher – ou quase isso. Disse que seu grande presente não são os 35 livros que escreveu sobre publicidade ou as mil campanhas que fez ou os prêmios que recebeu, mas sua esposa. “Foi o melhor presente que o Cannes Lions me deu há 47 anos”, comentou, dizendo, em seguida, que ela o ama até hoje, porque o amor te faz ficar cego. “E depois vou ver minha amante, que é a publicidade. Obrigada, Cannes Lions, amem ideias, amem a criatividade, amem!”, disse sob aplausos.
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