O futuro da creator economy e das plataformas, segundo o tarô

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17 a 21 de junho de 2024 | Cannes - França

Cannes

O futuro da creator economy e das plataformas, segundo o tarô

Jen Cownie, da VCCP, usou as cartas para prever qual será o futuro da creator economy, ao lado da criadora Robyn Delmonte, enquanto Linda Yaccarino, CEO do X, se reuniu com creators, como Timbaland e Swizz Beatz para discutir o potencial da plataforma para eles


21 de junho de 2024 - 7h48

Em uma sessão descontraída no Terrace, no complexo do Palais, a diretora de estratégia da VCCP, Jen Cownie, ao lado da consultora criativa e criadora de conteúdo da Girl Boss Town, Robyn DelMonte, tirou cartas de tarô para descobrir quais serão as próximas tendências da creator economy.

Jen Cownie, diretora de estratégia da VCCP, viu o futuro da creator economy por meio das cartas de tarô, ao lado da consultora criativa e criadora de conteúdo da Girl Boss Town, Robyn DelMonte (Crédito: Celina Filgueiras)

Robyn começou o papo prevendo que no ano que vem, o anúncio mais bem-sucedido do Super Bowl será totalmente, criado, filmado e dirigido por creators em seus smartphones. “Para mostrar o poder de quando as marcas confiam no criador e permitem que eles façam parte do processo”, ressaltou.

A primeira carta tirada no tarô foi o Nove de Ouros. “Ela tem muito a ver com empoderamento feminino. Eu gostaria de pensar que, na verdade, o creator fará este anúncio no próximo ano e será sobre satisfação ou prazer feminino”, revelou Jen.

Após conversar com outros criadores, Robyn também acredita que o próximo grande aplicativo será uma plataforma em que as métricas não serão o mais importante e as curtidas e visualizações não serão a prioridade. “Muitas vezes, sinto que as pessoas criam para validação e criam para gostos e opiniões, em vez de apenas criarem para sua comunidade ou criarem como uma saída criativa”, opinou.

Em relação a isso, o baralho revelou a Suma Sacerdotisa, que fala sobre intuição. “Esta é uma carta que pergunta: você segue seu instinto?”, explicou Jen. No trabalho dos criadores de conteúdo há muita intuição e as marcas, muitas vezes, devem acreditar nessa intuição dos creators ao invés de apenas acreditar nos números.

“Obviamente, você precisa jogar o jogo dos números para se concentrar em métricas e KPIs. Entretanto, sinto que isso tira muito tempo da criatividade e acho que há uma maneira de fazer as duas coisas, mas isso significa que é preciso haver conversa”, enfatizou a consultora criativa. “Ter conversas e considerar os criadores mais do que um espaço publicitário, mas uma parte do processo, é incrível”.

A próxima carta revelada foi o Três de Paus, que mostra onde as pessoas colocam suas energias. “Há algo muito bom aqui sobre a intencionalidade e sobre o fato de que a economia criadora cresceu de forma muito orgânica ao longo do tempo”, disse Jen. A diretora ainda reforçou que os creators estão se unindo mais, quase que em um senso de estrutura, de trabalharem juntas, em comunidade.

E isso é algo que está realmente acontecendo. No Brasil, por exemplo, a regulação do mercado de influência está sendo discutida por entidades como a Associação Brasileira das Empresas de Comunicação e Publicidade (Abap).

A carta do Diabo apareceu logo em seguida. Ela fala sobre estar preso em padrões, círculos, espirais que parecem inevitáveis, de acordo com Jen. “Tenho certeza de que muitas pessoas que trabalham nas indústrias criativas têm esses momentos”, comentou. Para ela, as marcas precisam falar com o público de maneira diferente e se envolver com os creators de maneiras diferentes.

Além disso, Robyn destacou que os creators ficam presos ao que está funcionando, sob o ponto de vista de métricas, ao mesmo tempo em que precisam fazer algo diferente toda vez. “Mas percebi que os desafios são a única forma de trazer inovação”, complementou.

Esse foi o primeiro ano do Lions Creators, uma experiência totalmente voltada à economia dos criadores no Cannes Lions. Para o ano que vem, o tarô prevê que discussões a respeito de descanso e saúde mental também acontecem nesse setor. Isso foi o que revelou a carta Quatro de Espadas, que trata de mente, segundo Jen. “Quatro de Espadas é basicamente a carta de descansar um pouco e fazer uma pequena pausa”, pontua.

Nesse sentido, no processo criativo também é importante reservar um tempo para absorver tudo e dar algum tempo para realmente processar as informações, na visão de Robyn. “Talvez, no próximo ano, Cannes Lions incorpore um pouco mais de descanso e/ou ajude nesse processo”, enfatizou a criadora.

Robyn sugeriu, ainda, que o festival coloque armários no centro de Cannes, para que as pessoas consigam trocar de sapatos para aproveitar a noite sem precisar andar até seus apartamentos, que também serviria como um local de descanso para os participantes: “Essa é uma maneira pela qual o Cannes Lions poderia incorporar uma ideia divertida de como oferecer descanso e criatividade ao mesmo tempo. Porque sejamos honestos e transparentes, não há criatividade a menos que seu cérebro esteja descansado”.

X foca em vídeos

Após Elon Musk atrair todas as atenções com sua passagem pelo Palais des Festivals na manhã de quarta-feira, 19, na tarde de quinta-feira, 21, foi a vez de a CEO do X, Linda Yaccarino, levar sua contribuição ao festival.

Linda Yaccarino, CEO do X, conversou Timbaland e Swizz Beatz sobre a parceria de Verzuz com a plataforma de Musk (Crédito: Celina Filgueiras)

Linda conversou com Marc Hustvedt, presidente da MrBeast – canal de James Stephen, conhecido como MrBeast – e com Swizz Beatz e Timbaland, sobre como o X tem se tornado uma plataforma de vídeos, que apoia criadores de conteúdo.

Em janeiro deste ano, MrBeast postou seu primeiro vídeo na plataforma como um teste para ver “quanta receita publicitária um vídeo no X geraria”. O próprio Musk incentivou o feito (veja abaixo).

Uma semana depois, MrBeast afirmou que arrecadou R$ 260 mil no vídeo, que já tinha batido 150 milhões de visualizações na plataforma. “Tivemos 650 milhões de pessoas únicas assistindo ao vídeo do MrBeast nos últimos 90 dias em apenas uma plataforma”, afirmou o presidente do canal.

Dentro da estratégia da plataforma com vídeos, o X anunciou, em abril deste ano, que lançará um aplicativo de smart TV para streaming de vídeo. Chamado de X TV, o produto se vende como um companheiro ideal para “uma experiência de entretenimento envolvente e de alta qualidade em uma tela maior”.

Além disso, na quarta-feira, 19, o X anunciou um acordo de distribuição com os produtores musicais Timbaland e Swizz Beatz para trazer os conteúdos da plataforma de entretenimento, Verzuz, para o aplicativo de Musk.

“Agora estamos trazendo o visual para a conversa em um só lugar. Foi natural ter Verzuz no X porque ele já estava lá. Estamos reunindo o visual e os comentários”, explicou Beatz. O DJ também revelou que tomaram essa decisão porque poderiam continuar com sua propriedade intelectual e sua própria voz.

“X permite que você seja livre para criar seu próprio modelo de negócios que funcione para você. Os criativos podem aproveitar seu contato, ser donos de seu conteúdo e ser os chefes de seu conteúdo. É uma nova era”, ressaltou Timbaland. “É hora de ser disruptivo e somos a plataforma perfeita para ser disruptivo.”

De acordo com Linda, X tem uma abordagem diferente das outras plataformas e o objetivo de melhorar a experiência do usuário dentro do aplicativo. “Antes da aquisição, éramos basicamente apenas um aplicativo de mensagens e você não pensava em nós em relação ao vídeo”, afirmou. “É afilosofia que temos e pode mudar com o tempo, à medida que amadurecemos no negócio, mas é isso que é tão emocionante”.

A CEO do X ainda enfatizou a dedicação e transparência do X ao crescimento da economia dos criadores. “Tem sido explosivo em nossa plataforma, compartilhando receitas de mais de US$ 50 milhões em um espaço de tempo muito curto, mas permitindo aos criativos duas coisas, possuir seu IP em múltiplas plataformas para que possam ganhar a vida, mas também para aumentar a base criativa”, disse.

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