Roleta russa em Grand Prix de Music causa controvérsia
Júri premiou na área de videoclipes um filme do cantor britânico Michael Kiwanuka que mostra jovens participando do jogo letal
Roleta russa em Grand Prix de Music causa controvérsia
BuscarJúri premiou na área de videoclipes um filme do cantor britânico Michael Kiwanuka que mostra jovens participando do jogo letal
Alexandre Zaghi Lemos
20 de junho de 2023 - 14h58
Um dos prêmios do Cannes Lions que mais chamou atenção nesta terça-feira, 20, segundo dia do festival, foi o Grand Prix entregue pelo júri de Entertainment for Music para o videoclipe “Beautiful Life”, produzido pela Smuggler, de Londres, para o cantor, compositor e produtor musical britânico Michael Kiwanuka.
A controvérsia se deve ao fato de o filme mostrar uma roda de jovens participando do jogo letal conhecido como roleta russa. Antes de cada um apertar o gatilho, o vídeo mostra trechos da vida que passam pela cabeça da pessoa naquele momento.
Jurado brasileiro na área de Entertainment for Music, o empresário e produtor Konrad Dantas, mais conhecido pelo nome artístico KondZilla, explicou que a dúvida em premiar ou não o clipe com um dos troféus principais da categoria movimentou a sala do júri. “Houve uma discussão pelo fato do case ser sobre uma roleta russa. Uma das juradas perguntou aos demais se a gente não estaria promovendo, publicizando esse tipo de comportamento, que é uma maluquice, mas a gente sabe que acontece”, conta.
Na ocasião, o júri considerava dois cases para o Grand Prix de videoclipe. O segundo, que acabou ficando com Ouro, foi “Cash in cash out”, de Pharrell Williams, 21 Savage e Tyler, desenvolvido pela Electric Theatre Collective, de Londres, e pela I Am Other, de Beverly Hills, com produção da Division, de Paris.
Entretanto, outra jurada lembrou que em 2019, um dos Grand Prix de Cannes foi para o videoclipe “This Is America”, de Childish Gambino, nome artístico do ator, roteirista, humorista e músico Donald Glover, que também é um filme bem forte, com enredo de denúncia contra o racismo. “Essa foi a nossa régua. De como continuar construindo a categoria. Daí nossa conclusão foi a de que ‘Beautiful Life’ não celebra o suicídio, mas sim a vida. É sobre a vida, não é sobre a morte. Porque, quando os personagens colocam a mão na cabeça, eles têm boas lembranças”, frisa KondZilla.
A presidente do júri, Danielle Hinde, sócia e produtora executiva da Doomsday Entertainment, de Los Angeles, frisou que o videoclipe faz também uma “declaração importante sobre a mídia social e como todos nós nos tornamos insensíveis a imagens horríveis”, em referência à cena final do filme. Também há quem enxergue o vídeo como uma advertência sobre o acesso a armas.
A área de Entertainment for Music concedeu ainda um segundo Grand Prix, aí para um case que envolve marca: “The Greatest”, da Apple, que mostra histórias de superação ao acompanhar sete pessoas com deficiências vivendo seus dias com a ajuda de recursos de acessibilidade.
O Brasil conquistou 1 Ouro, 2 Pratas e 2 Bronzes em Entertainment for Music. O case “Rosalia Motomami Live Experience”, desenvolvido pelas equipes do TikTok, em São Paulo, da Columbia Records, em Nova York, e da Motomami, de Barcelona, conquistou 1 Ouro, 1 Prata e 1 Bronze. A AKQA São Paulo aparece como agência adicional, crédito que não vale para pontuação no festival, apenas para reconhecimento da participação no case. As outras duas Pratas brasileiras foram para “Save the Favela”, da BETC Havas para Konzilla Records, e “Files of Freedom”, da Gut para Mercado Livre.
Assista, a seguir, os filmes citados:
“Beautiful Life”, de Michael Kiwanuka, vencedor de Grand Prix em Entertainment for Music
“Cash in cash out”, de Pharrell Williams, 21 Savage e Tyler, vencedor de Ouro em Entertainment for Music
“The Greatest”, da Apple, vencedor de Grand Prix em Entertainment for Music
E relembre “This Is America”, de Childish Gambino, Grand Prix no Cannes Lions 2019
Compartilhe
Veja também
Brasil sobe para a segunda posição no Lions Creativity Report
País ocupa segundo lugar depois de seis anos consecutivos na terceira colocação do relatório anual do Lions
Veja ranking atualizado das brasileiras mais premiadas na história de Cannes
Gut sobre da 19ª para a 14ª colocação; e, nos três primeiros lugares, a Almap acumula 276 troféus; a Ogilvy mantém 158 Leões; e a DM9, brasileira mais premiada em 2024, salta de 137 para 153 troféus