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Seja mais criativo: 8 lições para treinar o seu cérebro

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Seja mais criativo: 8 lições para treinar o seu cérebro

Ganhador de 34 Leões em Cannes ao longo de sua carreira, Bas Korsten afirma que a exposição a opiniões discordantes é fundamental para melhorar a capacidade de resolver problemas por meio de soluções originais


19 de junho de 2019 - 5h41

Bas Korsten, chefe do departamento de criação da J. Walter Thompson de Amsterdam (crédito: Jonas Furtado)

Se você é daqueles que vive se comparando com os colegas mais criativos do trabalho – e quase sempre acha que a ideia do outro é melhor do que a sua – , a verdade é nua e crua. Há pessoas mais criativas e pessoas menos criativas. Agora, a boa notícia: é possível melhorar a capacidade de criar e resolver problemas por meio de soluções originais, desde que se garanta que a plasticidade e a flexibilidade do cérebro sejam otimizadas. É o que afirma Bas Korsten, chefe do departamento de criação da J. Walter Thompson de Amsterdam e líder do conselho Global Futures da rede internacional.

Em palestra intitulada “Construindo um exército de super criativos”, realizada na terça-feira 18, no palco principal de apresentações do Lions Health, Bas listou oito maneiras como uma pessoa pode treinar o próprio cérebro para melhorar a qualidade de suas ideias. O veterano de Cannes, ganhador de 34 Leões em sua carreira, usou como base estudos científicos e uma pesquisa desenvolvida com a consultoria holandesa Alpha em oito escritórios da J.Walter Thompson em diferentes lugares do mundo. A capacidade criativa dos participantes era medida antes e depois de se submeterem aos exercícios.

1– Abrace a natureza – Expor-se a ambientes diferentes é sempre um exercício estimulante, e o contato direto com a natureza pode mudar as vias neurais e desbloquear a inspiração. Se você mora e trabalha em grandes cidades, de tempos em tempos invista em viagens e passeios para destinos imersos na natureza. “Deixar o ambiente urbano e desconectar-se da tecnologia é uma ótima ferramenta para destravar a criatividade”, afirma Bas Korsten. “Nosso estudo mostrou que pessoas submetidas a quatro dias de hiking (caminhadas) na natureza aumentaram em até 50% a capacidade em tarefas envolvendo a resolução de problemas”.

2 –Limpe sua mente – Às vezes, quando estamos em busca de uma solução para um problema, precisamos dar um tempo e descansar a mente. Mesmo que em segundo plano, naturalmente nosso cérebro continuará trabalhando na questão. “Essa desconexão com o objeto de trabalho é importante, assim como voltar-se para si mesmo, colocar o foco na respiração”, relata Bas. Certos treinamentos baseados na técnica de meditação mindfullness permitem que se tome de volta o controle sobre os pensamentos, fazendo com que a criatividade flua em momentos críticos. Isso pode aumentar a capacidade de concentração em até 40%.

3 – Mantenha-se em movimento – Mente e corpo são um só. Movimentar-se expande o cérebro, que diminui com a inatividade. Ou seja: estar em movimento tem um papel importante em manter o pensamento virtuoso vigente. “Andar deixa o seu cérebro ligado. Por isso Steve Jobs dava longa caminhadas, andava enquanto participava de reuniões”, exemplifica Bas, que emenda um outro caso. Considerada uma das melhores escolas de educação fundamental no mundo, o colégio Thomas Jefferson, na Virginia (EUA), tem programas individuais de cardio para seus estudantes: eles começam o dia com duas horas de exercícios cardíacos.

4– Renda-se ao psicodelismo – Apesar de ser controverso, o uso de substâncias psicoativas não é exatamente uma novidade quando o assunto é estimular comportamentos, digamos, fora da caixa. “Microdoses de substâncias psicodélicas demonstram enorme potencial para permitir às pessoas deixarem de agir automaticamente e turbinam a criatividade”, afirma Bas. De acordo com o publicitário, uma dose diária equivalente a um décimo da dose média normal ajuda a criar novas vias neurais e a sair da zona de conforto – com a ressalva de que esse ‘normal’ pode ser uma medida bem pessoal nesse caso.

5 – Opere em seu estado alfa – Técnica de treinamento pela qual, por meio de análises da atividade cerebral, identifica-se quais áreas estão mais estimuladas e quais não estão funcionando em sintonia, o neurofeedback permite uma melhora no rendimento dos processos cognitivos – e pode aumentar a capacidade de memorização, atenção e aprendizado. “O cérebro está sempre mandando pulsos elétricos. O neurofeedback permite que você mande esses pulsos de volta para basicamente influenciar o estado que seu cérebro está, para estimular as pessoas a chegarem no estado alfa, no qual é muito mais fácil conectar partes diferentes do cérebro do que no estado beta”, compara o criativo da J. Walter Thompson de Amsterdam.

6 – Valorize as ideias ruins e vagas – Na linha “é preciso provar o amargo para apreciar o doce”, ideias as quais julgamos ruins têm um papel importante como referência para o cérebro, tanto de qualidade, quanto de diversidade. “Sendo um diretor criativo, me acostumei a ser bem ditatorial quanto à ideias – ou eram boas, ou ruins. Na verdade, manter as ideias ruins no mix por mais tempo pode ajudar com a criatividade”, afirma Bas. Pensamentos difusos e vagos podem ser deflagrados com a exposição do cérebro a muitas referências durante a fase conceitual. Essa intervenção facilita ao cérebro conectar mais pontos, e também melhora a qualidade da entrega criativa final.

7 – Exponha-se à discordância – Conflito leva à inovação, e a concordância, à estagnação. A divergência e o confronto com pontos de vistas opostos são grandes motores para pensamentos criativos. Ideias unânimes costumam levar a lugares comuns, enquanto o pensamento discordante é a fonte de inovações disruptivas, que envolvem mais riscos, mas também maiores recompensas. “Essa intervenção combate o viés de confirmação fundamental e ajuda a concentrar o foco em ângulos alternativos e na compreensão do que realmente motiva as pessoas”, afirma Bas.

8 – Encontre a dieta adequada – Diga-me o que comes e te direi que és. Uma das oito intervenções sugeridas por Bas para aumentar a criatividade, o tipo de alimentação pode fazer a diferença em processos de resolução de problemas. “A criatividade é um processo que acontece no campo neural, no qual a comida pode ter um papel importante”, diz Bas. Diferentes comidas terão diferentes impactos sobre a atividade cerebral. Cafeína, por exemplo, ajuda a estimular o pensamento divergente, de acordo com estudos citados pelo criativo.

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