Somente dois trabalhos brasileiros disputam Leões em Film

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Cannes Lions

17 a 21 de junho de 2024 | Cannes - França

Cannes

Somente dois trabalhos brasileiros disputam Leões em Film

“Tormenta”, da AlmapBBDO para O Boticário, com duas chances, e “A Cura”, da Africa para Editora Taverna, são os únicos filmes nacionais concorrentes aos prêmios da área mais tradicional do festival


18 de junho de 2024 - 6h38

“A Cura”, da Africa Creative, Santeria e Cabaret para Editora Taverna

Competição que deu origem ao Cannes Lions, a área de Film é uma das mais difíceis para a publicidade brasileira. Nesta terça-feira, dia 18, foi revelada a lista de finalistas da categoria em 2024, com 190 mencionados, mas apenas três chances de Leões para o Brasil: duas menções para “Tormenta”, da AlmapBBDO para O Boticário, e uma para “A Cura”, da Africa para Editora Taverna. Em comum, os dois trabalhos têm estilo de curtas-metragens, dramatizam histórias sensíveis e investem em produções cuidadosas — assista no final desta página.

Dedicado a abordar os desafios que envolvem a relação de mães e filhos durante a adolescência, “Tormenta” concorre nas subcategorias de Filmes Online e de Cultura & Contexto, que considera os aspectos regionais da criação para marcas locais, como o caso de O Boticário. O filme foi produzido pela MyMama Entertainment, em parceria com a Eccaplan, com direção de Kid Burro e trilha da Satelite Audio, com a música “When the Party’s Over”, de Billie Eilish.

“A Cura”, que expõe atrocidades relatadas no livro “Cura Gay – não há cura para o que não é doença”, escrito por Jean Ícaro e lançado pela Editora Taverna, também disputa Leão na subcategoria Cultura & Contexto, mas em um segmento que considera trabalhos baseados em comportamentos sociais, valores e estilos de vida de uma comunidade específica. O filme tem produção da Santeria, com direção de Rafa Damy e Nicole Cruvinel, e trilha da Cabaret.

Saiba mais sobre o histórico do Brasil em Film

O Festival Internacional de Criatividade de Cannes chega neste ano à sua 71ª edição com 30 competições. Entretanto, a única premiada em todas elas é a de Film. Quando o evento surgiu, em 1954, em Veneza, o prêmio era destinado exclusivamente aos melhores filmes publicitários exibidos em cinemas antes dos longas-metragens. Depois fixado em Cannes, o festival se dedicou exclusivamente aos filmes até 1992, quando foi introduzida a premiação de Press & Outdoor.

O mercado publicitário brasileiro só descobriu o evento quase vinte anos depois, em 1971, quando, pela primeira vez, um publicitário do País integrou o júri: Alex Periscinoto, falecido em 2021 e, na época da estreia no evento, vice-presidente da Almap. Quatro anos depois, em 1975, o Brasil conseguiu o primeiro Leão de Ouro do País. Washington Olivetto, então na DPZ, escreveu o texto do filme “Homem com mais de 40 anos”, assinado pelo Conselho Nacional de Propaganda e que nasceu a partir de um anúncio veiculado em 1º de maio de 1975, Dia do Trabalho.

Até 1980, o Brasil havia conquistado somente 3 Leões de Ouro em Cannes. Mas entre 1981 e 1990, período que, curiosamente, coincide com a chamada década perdida para nossa economia, o País brilhou com nada menos que 26 Leões de Ouro em Film – foram os anos dourados da publicidade brasileira. Alguns dos maiores clássicos de nossa propaganda datam dessa época. Em 1981, foram 3 Ouros. Um deles para “Adeus” e “Readmissão”, da DPZ e ABA Filmes, que mostravam a suposta saída e a volta triunfal do Garoto Bombril aos comerciais da marca. Um dos troféus de 1989 foi para o impactante “Hitler”, da W/GGK e ABA Filmes para a Folha de S. Paulo.

Na década seguinte, embora com menos Leões — foram 9 Ouros em Film entre 1991 e 2000 —, o Brasil manteve o nível em comerciais como o das formiguinhas que eram lançadas ao ar pelo aparelho de som da Philco (da então novata F/Nazca, em 1996); “Leds”, da Y&R para Gradiente, que transformou um prédio em aparelho de som, em 1998; “Cachorro peixe”, da AlmapBBDO para Volkswagen, em 2009; e, especialmente, “A semana”, da W/Brasil para a Editora Globo que foi longe em 2000 e disputou o Grand Prix.

Mas, de 2001 para cá, o desempenho em Film rareou e o Brasil ganhou apenas 3 Ouros entre 2001 e 2010, e outros 3 Ouros entre 2011 e 2020. O que salvou essa última década foi o Grand Prix conquistado em 2015 pelo filme “100”, da F/Nazca S&S e Stink para Leica Gallery – um filme de dois minutos que homenageia não só o centenário da marca Leica, mas a história da fotografia, ao reproduzir cenas marcantes.

O último Leão de Ouro em Film do Brasil foi conquistado em 2019, com “The Endless Ad”, da Wieden + Kennedy para P&G. No ano passado, o País ganhou apenas um Leão de Prata, com “Buscapé”, da VMLY&R, O2 Filmes e Supersonica para Vivo e Motorola.

Veja os dois trabalhos brasileiros que concorrem a Leões em Film no Cannes Lions 2024

 

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