8 tendências de gestão para o trabalho pós-pandemia
Leonardo Berto, gerente de recrutamento da consultoria Robert Half, aponta mudanças definitivas para as lideranças na relação com colaboradores e clientes
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Karina Balan Julio
27 de maio de 2020 - 14h18
Em tempos incertos, um dos poucos consensos no mercado corporativo é o de que empresas não poderão voltar ao “antigo normal” tão cedo. Há muitas dúvidas sobre o que representa o “novo normal”, mas, por outro lado, muitas empresas já reavaliam seus sistemas de gestão de pessoas e negócios de forma permanente.
Exemplo disso é a instituição do home office como modelo permanente de trabalho em empresas como Twitter, XP Investimentos, a startup ZeeDog, entre outras. O trabalho remoto estendido, previsto para durar inclusive após o fim do isolamento social, contudo, exige novas ferramentas e metodolodias de gestão.
O gerente sênior de recrutamento da consultoria Robert Half, Leonardo Berto, detalha oito tendências importantes para a agenda dos líderes nos próximos anos.
1. Ressignificação do tempo e indicadores
A generalização do trabalho remoto pede um olhar mais crítico sobre dados de performance e produtividade. “Empresas entenderam que uma gestão baseada em dados é questão de sobrevivência, através de indicadores de performance, operacionais e de engajamento com os colaboradores e clientes. Com todo mundo trabalhando em casa, o líder não pode olhar para o lado e ver o que o seu colaborador está fazendo, então é preciso quebrar os processos da empresa em etapas que possam ser mensuradas. É cada vez mais importante entender médias e correlações de tempo para mensurar exatamente como o tempo está sendo organizado”, analisa Leonardo.
2. Menos feeling e mais dados na gestão de PMEs
“Quando falamos do mercado brasileiro, e principalmente de pequenas e médias empresas, vemos que a gestão com base em indicadores não era tão presente antes da pandemia. Isso porque este é um grupo de empresas que sempre teve uma gestão mais relacional e emocional. Normalmente são empresas que viram uma oportunidade de negócios e saíram executando, na maioria das vezes com base no feeling e na experiência do empreendedor. Agora, mesmo essas empresas precisam pensar mais nos seus processos e em como avaliar sua performance”.
3. Home office sai da pauta do RH e entra na do financeiro
Antes visto como um benefício e parte da agenda do RH, o home office agora passa a integrar a agenda do time financeiro e de negócios. “As empresas puderam enxergar que as decisões podem ser mais ágeis com a gestão remota, então dificilmente voltaremos completamente ao modelo anterior. O home office não é mais uma discussão sobre benefícios e qualidade de vida, mas sobre gestão financeira e de modelo de negócios. Algumas empresas já começam a enxergar que não precisam ter 100% das pessoas no escritório, assim otimizando custos”, diz Leonardo.
4. Mais proximidade entre os times, apesar da distância
Apesar da distância física, a gestão de times remotos exige o contato mais frequente entre líderes e seus times, assim como conversas sobre feedback. “As avaliações de desempenho e análises de performance estão sendo mais recorrentes. Aquela cultura de fazer uma reunião de desempenho a cada seis meses com o gestor vai deixar de existir. Com uma gestão à distância, o contato mais frequente também é necessário”, analisa o diretor.
5. Saúde e bem-estar em pauta
“Empresas já falavam muito de uma gestão mais próxima e preocupada com o bem-estar físico e emocional das pessoas, e agora com o isolamento e a tendência do home office se consolidando, essa vai ser uma discussão ainda mais presente dentro das empresas”, analisa Berto. Não por acaso, muitas empresas estão fortalecendo iniciativas de bem-estar, mesmo em um ecossistema de trabalho remoto.
6. Adaptação a novas ferramentas digitais
“O profissional do futuro é um profissional engajado e conhecedor de novas tecnologias. As pessoas vão precisar trabalhar com mais ferramentas e inputar informações online para acompanhamento, porque a gestão está acontecendo dessa forma”.
7. Soft Skills ganham ainda mais destaque
“Há 20 anos, a contratação de profissionais era 100% técnica e as indústrias eram totalmente departamentalizadas. Hoje, o cara da contabilidade não performa bem se não tiver um contato muito grande com as áreas de logística, expedição, faturamento e vendas. Quando falamos de trabalho integrado em home office, o comportamento e soft skills são chave. É preciso muita capacidade de autogestão e intraempreendedorismo, porque o cenário atual e futuro pede isso”, afirma o executivo.
8. Mudança na relação entre empresas e clientes no B2B
Muito pautado na confiança e em construção de relacionamentos, o mercado B2B também tende a sofrer mudanças em suas dinâmicas. “O mercado de serviços costuma ser muito relacional, ou seja, antes de experimentar um serviço, você compra a confiança de quem está vendendo. A relação direta sempre foi muito importante, mas agora terá uma mudança de direcionamento com formas mais práticas de fazer negócio. Grandes eventos e negociações continuarão tendo toque pessoal e presencial, mas o dia a dia pode ser tocado virtualmente e de forma muito objetiva”, finaliza o especialista.
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