“A mídia é o único setor capaz de mudar o mundo da noite para o dia”
Madeline Di Nonno, CEO do Geena Davis Institute on Gender in Media e presidente do júri do Glass Lions, aposta no potencial da publicidade no combate às injustiças sociais
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Isabella Lessa
20 de junho de 2016 - 16h27
Encontrar a conexão entre o negócio das marcas e a mensagem sobre as injustiças sociais é o grande desafio dos anunciantes, na visão de Madelina Di Nonno, CEO do Geena Davis Institute on Gender in Media e presidente do júri do Glass Lions. Para ela, campanhas como a vencedora do GP, a “6 Pack Band”, criada pela Mindshare de Mumbai, são um exemplo de como abraçar causas globais. Realizado para o Brooke Bond – Red Label Tea, da Unilever, uma marca de 113 anos, o projeto conseguiu unir cultura pop e entretenimento para tratar uma questão séria: a violência contra mulheres trans.
Em entrevista ao Meio & Mensagem logo após a coletiva de imprensa que anunciou os vencedores das categorias Promo, Direct e Glass, a profissional comentou o aumento da participação das mulheres no júri e o desempenho das marcas que se preocupam com causas sociais:
Meio & Mensagem – Neste ano, 40% do júri é formado por mulheres. Como avalia essa representatividade? Acha que o festival pode melhorar?
Madeline Di Nonno – O júri de Glass foi praticamente todo composto por mulheres: apenas três homens. Esse cenário pode melhorar muito ainda. Não apenas no Festival de Cannes, mas em vagas de emprego e cargos na política as mulheres sentem que precisam ser convidadas, em vez de levantarem a mão e tomarem a iniciativa. Acredito que existe uma iniciativa agressiva em Cannes de convidar mulheres que talvez não ocupem cargos sêniores com o intuito de misturar com pessoas mais veteranas. Isso é uma mudança drástica e de grande importância.
M&M – O Glass é uma categoria nova, está em seu segundo ano. Como avalia a evolução dos trabalhos inscritos nesse ano?
Madeline – No ano passado foi fenomenal. Um de nossos jurados, Josy Paul, chairman e chief creative officer da BBDO Índia, ganhou um Glass com a campanha “Touch the Pickle”, feita para a P&G. O volume de trabalhos inscritos nesse ano foi fantástico, então julgar os melhores cases foi uma tarefa desafiadora para nós. Todos são emocionantes e tratam de assuntos muito sérios, foi algo muito intenso.
M&M – Além do Grand Prix, a Índia ganhou outros dois Leões em Glass. O país é conhecido pelas injustiças e violências cometidas contra a mulher. Os cases premiados sinalizam uma mudança no mindset dos indianos? Na sua opinião, qual país está mais avançado nessas questões?
Madeline – Sabemos, através de pesquisas realizadas pelo Geena Davis Institute, que as pessoas, particularmente aquelas que são grandes consumidoras de entretenimento, possuem mais consciência e são mais preocupadas em abraçar causas como a igualdade de gênero. Nos EUA existem iniciativas significativas em torno do tema, pois no país ainda existe muita injustiça social. Particularmente nos EUA, diria que a mídia está tomando as rédeas e tem o poder de mudar esse cenário, afinal a mídia produzida em território norte-americano domina o consumo mundial. Então, o país tem uma grande oportunidade em termos de casar conteúdo e questões sociais.
M&M – Qual é o próximo passo para as marcas que já concentram esforços em questões sociais?
Madeline – Acredito que as marcas têm um histórico de filantropia há anos. A oportunidade de propagar mensagens a favor de causas sociais sempre existiu. O que elas devem fazer agora é atrelar a mensagem da marca à causa em questão ao invés de somente apoiar doações para instituições de caridade. É justamente aí que temos visto trabalhos incríveis surgindo.
Acompanhe a cobertura completa no hotsite especial do Cannes Lions 2016.
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