Accenture Song negocia compra da agência Soko
Liderada pelo CEO David Droga, a rede de comunicação da consultoria global pretende incrementar a operação brasileira da Droga5, inaugurada em São Paulo no ano passado
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Alexandre Zaghi Lemos
8 de dezembro de 2023 - 19h55
A Accenture Song, braço de comunicação da consultoria global, faz investidas no mercado brasileiro para incrementar a operação local da Droga5. Avançaram nos últimos meses as tratativas para aquisição da Soko, que atende marcas de grandes anunciantes como Ambev (Guaraná Antarctica e Stella Artois, entre outras), Unilever (Dove e Cif, entre outras), Nestlé (Dolce Gusto), Danone e Heinz.
Liderada globalmente pelo CEO David Droga, que fundou a Droga5 em 2006 e a vendeu para a consultoria em 2019, a Accenture Song chegou a avaliar, neste ano, outras agências brasileiras para aquisição. Uma das sondadas foi a Galeria, nascida em 2021 de uma cisão da DPZ e segunda colocada no ranking de maiores compradoras de mídia do Cenp-Meios, com dados relativos a 2022. Entretanto, as conversas entre as partes não evoluíram.
O que diz a Soko?
Já com a Soko, segundo fontes próximas à negociação ouvidas por Meio & Mensagem, o interesse se mantém de ambos os lados. Consultada, a agência enviou seu posicionamento oficial: “Por ser uma das maiores agências independentes do País, a Soko recebe contatos de diversos grupos de comunicação, tecnologia e propaganda do mundo sobre sinergias e possibilidades de negócio, o que é completamente esperado e saudável. Não há, no entanto, nenhuma conversa nesse estágio inferido pela reportagem”. Meio & Mensagem também procurou a assessoria de imprensa da Accenture Song, que não se manifestou até o momento desta publicação, que será atualizada se isso ocorrer.
Comandada pelo CEO e CCO Felipe Simi e os sócios Brisa Vicente (coCEO) e Felipe Belinky (COO), a Soko é parte da holding FlagCX, que têm à frente os fundadores Roberto Martini (CEO global), Luisa Martini (COO Latam) e Matheus Barros (CEO EUA e Europa), além de Barbara Soalheiro, que se tornou sócia da holding em 2020. Estão ligadas à FlagCX diversas outras empresas, como Mesa e Mooc. Fundador da Soko, Pedro Tourinho ainda é sócio da agência, mas não participa da gestão operacional da empresa.
Nascida em 2015 com foco em earned media, a Soko ganhou porte e diversificou sua atuação com a incorporação, em 2021, da CuboCC, a marca que originou o grupo, em 2004.
Durante sete anos, a CuboCC e a FlagCX integraram o grupo Interpublic, mas em 2017, em um raro movimento de recompra das ações, os sócios nacionais voltaram a ter 100% do negócio.
Em 2023, a Soko foi a segunda agência mais premiada no Effie Awards Brasil. Na pesquisa Agency Scope, de 2022, a Soko foi uma das agências mais bem avaliadas.
Mais jovem no mercado local, a Droga5 abriu sua base brasileira no início de 2022 e tem a general manager Stefane Rosa (que anteriormente atuava como diretora de atendimento na Droga5 Nova York) e o chief creative officer Renato Zandoná (ex-AKQA) na liderança.
Até então, a maior aquisição no Brasil da Accenture Song ocorreu em 2018, quando a companhia ainda se chamava Accenture Interactive e adquiriu a New Content, que, na ocasião, tinha 11 anos de atuação no mercado de conteúdo. Em 2015, a Accenture já havia feito outra compra neste mercado, da agência AD.Dialeto, focada em performance. Nos anos seguintes, as marcas das agências nacionais desapareceram e suas estruturas foram incorporadas ao que é hoje a Accenture Song.
Neste mês, houve uma grande aquisição envolvendo uma consultoria global e uma agência criativa. Focada em negócios digitais e de tecnologia, a consultoria Globant comprou participação majoritária na rede de agências Gut, fundada pelo brasileiro Anselmo Ramos e pelo argentino Gastón Bigio, e com escritórios em Miami, Buenos Aires, São Paulo, Toronto, Cidade do México, Los Angeles e Amsterdã.
Crescimento rápido
Detentora de agências globais como Fjord, Karmarama, The Monkeys e, mais notadamente, Droga5 — que foi de longe a maior compra de agência realizada pela consultoria, tanto pelo valor em cifras quanto pelo valor emblemático sobre o que esse movimento representava para a indústria —, a Accenture Song passou por diversas mudanças nos últimos anos. Se no momento do rebranding, em abril de 2022, quando se deu a substituição do antigo nome Accenture Interactive, projetava encerrar o ano com receita global de US$ 14 bilhões, o que acabou acontecendo é que ultrapassou a própria previsão.
Com montante de US$ 16 bilhões, a companhia está atrás somente do WPP como maior grupo de agências — a holding britânica obteve receita de US$ 17,8 bilhões no ano passado, e à frente do Publicis Groupe, com receita de US$ 15 bilhões. A observação foi ressaltada pelo Agency Report, publicado pelo Advertising Age no final de abril deste ano, no ranking que inclui as chamadas “legacy holding companies”, que estão no ramo da publicidade desde os primórdios, mas também considera as consultorias, que, em anos recentes passaram a alocar investimentos robustos em agências de publicidade, branding e design.
Em entrevista ao Meio & Mensagem, em maio, David Droga comparou os negócios da Accenture Song com os das holdings de publicidade. “Estamos crescendo mais rápido do que eles, porque temos uma oferta de serviços e capabilities muito mais vasta”, observou. Para ele, em um mercado fragmentado em que campanhas dividem budgets com outras disciplinas que avançam a passos largos, a criatividade deve ser o fio condutor de todas as partes. Na sua definição, a Song atua no negócio da criatividade, que nada mais é do que ambição, ideias, inovação e pessoas. A diversidade de entregas é viável, segundo Droga, pelo conhecimento da empresa-mãe, Accenture, sobre várias indústrias e categorias — com receita de US$ 61,6 bilhões em 2022, a Accenture abrange, além da Song, serviços que possuem estruturas específicas nas áreas de estratégia e consultoria, tecnologia, operação e indústria.
“Somos uma companhia jovem, apesar de poderosa. Estamos evoluindo do estágio de ser apenas uma operação influente em tecnologia para acrescentar criatividade e dados em tudo que fazemos. Não estamos tentando alcançar a tecnologia, como muitas empresas que esperam a tecnologia emergir para adotá-la e testá-la”, comentou Droga.
*Colaborou Isabella Lessa
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