Ainda vale a pena estudar publicidade?
Diante de um mercado pulverizado, profissão traz oportunidades, mas desde que seja vista de forma multidisciplinar
Diante de um mercado pulverizado, profissão traz oportunidades, mas desde que seja vista de forma multidisciplinar
Luiz Gustavo Pacete
27 de junho de 2017 - 9h31
“Se você tem vontade de ver coisas incríveis acontecendo, histórias que jamais achou que poderia ver, essa é sua profissão.” A frase, com uma boa dose de otimismo é de Ricardo Ribeiro, diretor sênior de arte da agência Rapp Brasil. Ainda que o ofício já não ocupe as listas de profissões do futuro ou dos cursos mais buscados do vestibular, publicidade deixou de ser sinônimo de propaganda e comerciais de TV para tornar-se algo sobre o comportamento humano.
Neste contexto, Ribeiro justifica seu entusiasmo com a profissão não pelo glamour de antes, mas pelas dezenas de oportunidades que ela traz. “A trilha pode ser turbulenta e o caminho longo, mas a descoberta é de que existe um mundo a ser conquistado. Publicidade continua sendo uma área em que você vai enxergar o nascimento de campanhas e projetos e conhecer pessoas com muito conhecimento”, diz Ribeiro.
Nicolas Henriques, gerente de planejamento da Mutato, observa um mercado cada vez mais pulverizado e descentralizado. “Isso é muito interessante e promissor para o recém-formado, porque possibilita testar e encontrar novas áreas e possibilidades que antes não existiam.” Segundo Henriques, entre essas áreas de oportunidade estão produtoras de conteúdo; agências de mídia de performance e programática.
O que se espera do social media moderno
Segundo ele, as grandes empresas entendem cada vez mais de estratégia e conteúdo. “Trabalhando de um novo jeito dentro do próprio cliente; institutos de pesquisa que entregam além do comportamento; escritórios de design thinking e consultorias excelentes para entregas específicas; em resumo, uma série de atividades e funções novas começam a surgir no cenário para quem está começando”, observa.
Ainda de acordo com Henriques, existem alguns velhos conceitos sobre publicidade que já não funcionam como antigamente. “Devemos parar de glamourizar o excesso de trabalho, aquela questão de viver a vida na agência e achar que isso se traduz em grandes entregas, assim como também acreditar que tudo deve ser criado pensando em levar prêmios. O mais interessante hoje é pensar que devemos sempre buscar entender o outro, o diferente, sairmos de nossa pequena, mas resistente, bolha publicitária e nos fiarmos muito em números, dados, pesquisas para alimentar nossa criatividade”, diz ele.
Gustavo Bonfiglioli e Ariel Nobre, sócios da Pajubá Diversidade em Rede, alertam que a pauta da diversidade é outro tema importante para a publicidade e vem ganhando cada vez mais visibilidade, logo deve estar no radar de quem tem interesse pela profissão. “Mas enquanto muito planner e cliente insiste em enxergar a diversidade como uma oportunidade conjuntural, as vozes de mulheres, pessoas negras, LGBTQIAs e outras minorias revelam que a questão é muito mais profunda e estrutural: trata-se de legitimar a existência de pessoas que sempre estiveram à margem do mercado”, afirmam Bonfiglioli e Nobre.
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