Brian Whipple: “tomamos a decisão de não adotar estrutura de holding”
Em entrevista ao Meio & Mensagem, CEO global da Accenture Interactive enfatiza que foco das aquisições é o acesso a novos recursos
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Isabella Lessa
8 de abril de 2019 - 14h45
Accenture Interactive compra Droga5
Whipple, que também tem passagens prévias por agências, como a Rapp e a Hill Holiday, diz que o objetivo das aquisições de agências é fazer com que a Accenture Interative tenha acesso a mais recursos para instaurar um novo modelo de negócios centrado em experiências. Para o executivo, é aí que reside o futuro do mercado de comunicação. Nesta entrevista concedida ao Meio & Mensagem, ele salienta que o modelo e operação da empresa é muito diferente do das holdings, pois aposta no crescimento orgânico. Leia a seguir:
Meio & Mensagem – Por que a companhia optou pela Droga5, especificamente? Quais são as características que tornam a agência atrativa para a Accenture Interactive?
Brian Whipple – As capacidades da Droga5 estão fortemente alinhadas e complementadas com os serviços oferecidos pela Accenture Interactive, que ajudam os clientes na reinvenção da experiência dos consumidores. Também procuramos um forte ajuste cultural e temos a crença mútua de que o futuro da marca é experiência. A Droga5 nos traz a profundidade necessária para o pensamento de marca e a criatividade, particularmente na América do Norte. Estamos expandindo e revigorando as capacidades da Accenture Interactive com uma combinação única de estratégia de marca, criatividade, produção de conteúdo, recursos de marketing de desempenho e muito mais.
M&M – Parte da indústria questiona a capacidade das consultorias em absorver a cultura das agências. É um desafio, de fato? Como a Accenture pretende integrar a Droga5 à sua operação, ao mesmo tempo mantendo a independência da agência?
Whipple – Como parte da Accenture, a Droga5 agora poderá oferecer um conjunto mais amplo e profundo de serviços digitais a clientes que buscam aprimorar sua experiência integrada com o consumidor. A equipe sênior permanece comprometida com o negócio, trabalhando no próximo capítulo de crescimento da agência. Vamos nos concentrar na construção de equipes comuns de atendimento ao cliente e ajudar os funcionários da Droga5 a entenderem a Accenture Interactive (e vice-versa). Ambas trabalharão para garantir uma continuidade suave do atendimento ao cliente e da cultura operacional, e começarão a buscar novos clientes no mercado, logo após a conclusão da transação.
M&M – Por que é fundamental ter uma agência criativa como a Droga5 na Accenture? A aquisição torna viável alguns objetivos que antes não eram realizáveis?
Whipple – Vamos ampliar capacidades e talentos em serviços criativos para marcas, incluindo estratégia de marca, produção de conteúdo, campanhas integradas e marketing de desempenho. A Accenture Interactive está adquirindo o Droga5 por causa da excelente reputação criativa da agência e por estar no topo das agências de marca, além de possuir uma visão compartilhada sobre o futuro da publicidade. A agência contribuirá para o crescimento de nossas ofertas e talentos, especialmente na América do Norte, ao mesmo tempo em que reforça nossa marca já forte na Europa. Nos últimos cinco anos, a Droga5 foi reconhecida como Agência do Ano por importantes publicações e premiações e apareceu pela terceira vez na lista de “Empresas Mais Inovadoras” da Fast Company em 2019.
M&M – As aquisições devem continuar?
Whipple – A Accenture segue com uma clara estratégia de aquisição que respeita nosso modelo, focado principalmente no crescimento orgânico. Fazemos aquisições por duas razões: 1) para ter acesso a novas capacidades; 2) fortalecer as capacidades existentes nos mercados onde precisamos nos aprofundar. Essas aquisições são projetadas para acelerar nosso acesso a recursos exclusivos e nos dar força extra em mercados estrategicamente importantes. Ao contrário das tradicionais holdings de publicidade, não compramos empresas para crescer – de fato, apenas 2,5% do crescimento da Accenture ano passado foi inorgânico.
M&M – A Accenture disse, no comunicado official sobre a aquisição, que com a Droga5 a Accenture Interactive está mais próxima da construção de um novo modelo de negócio. Como a companhia pretende concretizar esse plano?
Whipple – Com a chegada da Droga5, poderemos atender à crescente demanda dos clientes por transformações. Nossos serviços incluem insights de consumidores, design de histórias, concepção criativa e entrega omnichannel de experiências humanas significativas. Também esperamos que essa aquisição abra novas oportunidades para clientes, aprimorando o compromisso da Accenture Interactive com CMOs e CEOs. O acordo coloca a Accenture Interactive em uma posição em que não apenas projetamos a experiência do consumidor em nome de nossos clientes, mas também definimos a melhor maneira de comunicar essa experiência, oferecendo execução e entrega por meio dos canais. Acreditamos que esse conjunto integrado de capacidades – da estratégia de negócios à ativação, tudo impulsionado por uma forte narrativa criativa de marca e sólido backbone de tecnologia – nos diferencia no mercado. Teremos as capacidades holísticas de que precisamos para construir grandes experiências.
M&M – Como esse novo acordo, combinado às aquisições anteriores, posiciona a Accenture Interactive como competidora perante às holdings de comunicação?
Whipple – Tomamos uma decisão intencional de não adotar uma estrutura de holding. Temos uma equipe de gerenciamento. Não temos os incentivos que se encontra nas holdings. Com esse acordo, podemos aproveitar os melhores talentos e recursos para atender aos problemas de nossos clientes, livres de obstáculos. Quando adquirimos novas empresas, as respectivas lideranças se comprometem em se juntar à Accenture Interactive e se alinharem à nossa visão de que o futuro das marcas é a experiência.
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