Assinar

Cabelos lisos já são minoria em comerciais de TV

Buscar

Cabelos lisos já são minoria em comerciais de TV

Buscar
Publicidade
Comunicação

Cabelos lisos já são minoria em comerciais de TV

Pesquisa feita pela Heads mostra que movimentos pela aceitação dos cabelos naturais começam a influenciar a propaganda


13 de agosto de 2018 - 8h25

Com cabelos cacheados, Taís Araújo é exemplo do aumento do número de protagonistas negras na publicidade brasileira (Crédito: Reprodução)

Por anos exibindo madeixas lisas como modelo de beleza, a publicidade começa a apresentar uma mudança de conceitos. A sexta edição da pesquisa Todxs – Uma Análise da Representatividade na Publicidade Brasileira, elaborado periodicamente pela agência Heads, traz um dado que indica uma tentativa, por parte das agências e anunciantes, de representar os consumidores de forma mais próxima da realidade.

Durante uma semana de fevereiro de 2018, a Heads analisou 1822 inserções televisivas para avaliar a diversidade de gêneros, etnias e linguagem naquelas peças publicitárias e um elemento visual chamou a atenção. Entre as personagens apresentadas nos filmes publicitários, as pessoas com cabelos ondulados já são maioria (53%). Os cabelos lisos, que por muito tempo foram predominantes na propaganda televisiva, apareceram em apenas 26% dos personagens de comerciais. Os cabelos cacheados tiveram 10% de participação enquanto os crespos, 2%.

É possível ver a mudança do tipo de cabelo apresentado em comerciais ao analisar as edições anteriores da pesquisa da Heads. A terceira onda do estudo, divulgada no final de 2016, mostrava que, naquela época, 62% dos personagens que apareciam em comerciais tinham fios lisos. Os cabelos ondulados estavam restritos a 5% das pessoas que apareciam na propaganda. O percentual de personagens de cabelos cacheados, no entanto, era o mesmo há dois anos do que agora: 10%. Ao final de 2016, personagens de cabelo crespo correspondiam apenas a 1% dos protagonistas de comercias.

Embora ainda não seja condizente com a realidade capilar da maioria da população brasileira, a mudança na forma como os cabelos são representados na propaganda caracteriza uma evolução, na opinião de Isabel Aquino, diretora de planejamento da Heads e responsável pela pesquisa. De acordo com a profissional, a maior presença de fios naturais na publicidade nada mais é do que um reflexo do movimento que vem acontecendo na sociedade. “Todo esse movimento em torno da transição capilar e valorização do cabelo natural não é moda, mas uma conscientização que veio para ficar. O processo de assumir os cabelos da forma como são e de ter liberdade para usá-los dessa forma é algo afirmativo e positivo, sobretudo para as crianças, que por muito tempo sofreram bullying e sentiram-se envergonhadas do próprio cabelo. É uma transformação muito importante para a sociedade”, afirma Isabel.

 

(Crédito: Pesquisa TODXS – Heads)

Mais diversidade
Outro ponto da pesquisa também apontou uma presença maior de personagens negros em comerciais de TV. Segundo o estudo, a quantidade de homens negros protagonistas de comerciais aumentou 57% em relação a etapa anterior do estudo, feito há seis meses. Em relação às mulheres, também houve melhora. Em 2015, quando a primeira edição da pesquisa, foi feita, apenas 3% das protagonistas das campanhas publicitárias eram negras. Atualmente, esse número subiu para 16%.

A posição que as pessoas negras ocupam em comerciais mostra, entretanto, que a indústria ainda tem um longo caminho a percorrer. Quando retratados como coadjuvantes – ou seja, com participações secundárias em comerciais – os negros ocupam um espaço bem maior na propaganda do que como protagonistas. Enquanto 11% dos homens de destaque nos filmes publicitários são negros, quando se olha especificamente para os coadjuvantes, 59% são negros. Entre todas as mulheres que aparecem nos comerciais em uma posição secundária (não-protagonista), 46% são negras.

Sob a análise da Heads, os dados indicam uma movimentação por parte de agências e anunciantes, mas não são motivos para comemoração. “Ainda não dá para celebrar uma representatividade real quando sabemos que, pelas informações do IBGE, 55% da população brasileira se declara preta ou parda. Embora tenha aumentado, a presença de personagens negros na propaganda ainda é pequena dentro do contexto geral e deixar uma raça invisível é um tipo de violência”, critica.

Publicidade

Compartilhe

Veja também