CEO da Mutato: “Está mais difícil separar política da economia dos negócios”
Eduardo Camargo, cofundador da agência que acaba de completar dez anos, comenta a busca por relevância cultural na publicidade
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Valeria Contado
4 de outubro de 2022 - 6h00
Em 2012, os sócios Eduardo Camargo e André Passamani entravam para o grupo WPP por meio da J. Walter Thompson: a então startup Mutato atuaria como um braço da agência e focada nas entregas de redes sociais. O ambiente, que viria a ganhar proeminência nos anos subsequentes como palco de conversas entre marcas e audiência passou a ser a especialidade da operação.
Logo, o escopo da Mutato expandiu e, progressivamente, o escritório passou a se firmar como agência criativa que prioriza a geração de relevância cultural. Ao longo desses dez anos, a empresa passou a se definir como um organismo fluido que vive em constante adaptação, com a intenção de se tornar parceira dos clientes e ajudá-los a cumprir sua comunicação da melhor forma possível.
As maiores agências de publicidade do Brasil
Segundo Eduardo Camargo, cofundador e coCEO da Mutato, o principal desafio da agência foi manter a regeneração como tarefa constante. Consequentemente, isso faz com que a equipe precise focar em como ajudar seus parceiros a se manter relevantes na sociedade. “Está cada vez mais difícil separar a política da economia e dos negócios. Hoje, a complexidade é tamanha que queremos conseguir olhar para os problemas e sobreviver a eles”, diz.
O CEO enxerga a trajetória da Mutato como uma agência que busca estar atenta ao que está sendo feito – sobretudo no âmbito de políticas voltadas para os tópicos de ESG, inclusive em questões de diversidade. “A necessidade da sociedade hoje é, de fato, construir novos modelos de pensamento, que nasçam sustentáveis e tenham o compromisso de ser agentes de mudança”, comenta.
Foi com essa premissa que a Mutato conseguiu se unir a marcas como Coca-Cola durante a Copa do Mundo no Brasil de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016, ocasiões nas quais trabalhou toda a construção da estratégia de marketing real time da empresa. Depois vieram Avon e Netflix, para as quais a operação ajudou a construir a personalidade digital das marcas.
Mais recentemente, a agência criou uma campanha para Mercado Pago protagonizada por Sasha Meneghel. A conta chegou ao portfólio da empresa no início deste ano. Para o Posto Ipiranga, a Mutato se deparou com o desafio de continuar a construir a história de uma marca que já está no imaginário do público brasileiro e que, além disso, já tem uma base consolidada de comunicação por meio de elementos da cultura brasileira. Entre os projetos para o anunciante, a agência foi responsável pela criação das iniciativas do posto no Rock in Rio.
A Mutato conta, ainda, com uma divisão interna chamada Tato, um observatório de relevância cultural que ajuda a empresa a observar questões relacionadas a diversidade e ao que está sendo falado pela sociedade. O CEO acredita que, enquanto as empresas não atingirem em seu quadro de colaboradores os parâmetros de diversidade que se igualam aos da sociedade, ainda estarão passos atrás do ideal.
Além disso, a partir da observação sobre o comportamento social, a agência enxerga uma grande preocupação da comunicação atual com a ética e sua importância para o mercado. Por fim, Camargo entende que, junto a tudo isso, o meio ambiente e a sustentabilidade são pilares que precisam ser olhados com mais atenção. “Nos vemos como uma agência que ajuda os clientes a caminhar nessa jornada, a acelerar as mudanças que precisamos ver no mundo. Queremos olhar o papel da publicidade no Brasil”.
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