Colaboradores de agências: mais autonomia no home office
De acordo com pesquisa da Runrun.it, trabalho remoto propicia mais autonomia para funcionários que trabalham em agências
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Isabella Lessa
1 de setembro de 2020 - 6h00
Diante do cenário ainda instável da epidemia de Covid-19 no País, boa parte das empresas mantém, por tempo indeterminado, a rotina de trabalho remoto iniciada em meados de março. Segundo estudo do RunRun.it, empresa de software as service (SaaS) voltada a gestão do trabalho, 82% das agências brasileiras estão operando de forma 100% remota. A empresa ouviu, em julho, 252 colaboradores de agências para entender as percepções em relação ao home office sob diferentes aspectos: estado de espírito, relação com as lideranças, visão sobre a empresa e expectativas para o futuro.
Em relação à produtividade, mais da metade dos colaboradores (62%) afirma estar trabalhando mais horas do que nas jornadas de trabalho presencial para entregara mesma quantidade de tarefas – ou mais. Esse acréscimo na carga diária de trabalho tem algumas explicações, como o aumento de atividades, processos de aprovação e ajustes mais demorados do que no presencial, além da dificuldade de concentração, que atrapalha 48% dos entrevistados.
“O aumento da carga de trabalho, por um lado, acometeu empresas que continuaram indo empresas que continuaram indo bem e aceleraram o crescimento e, por outro, as que estão indo mal e foram em busca de alternativas. Muitos processos utilizados não estavam maduros ou não existiam. Esse é um processo que vem se arredondando”, pondera o CEO e cofundador da RunRun.it, Antonio Carlos Soares. A maioria (93%) respondeu que não está se irritado com mais facilidade, enquanto 24,8% têm achado mais difícil administrar o próprio tempo, 28% estão com mais dificuldade de obter apoio de outras áreas das empresas, 30% estão mais inseguros em relação à estabilidade no emprego e 22% sentem-se mais sozinhos.
Sobre o modo como encaram o trabalho em si, 80% dos respondentes estão satisfeitos com o próprio desempenho e sentem que os gestores confiam no trabalho desenvolvido por eles (77,5%), enquanto 16% avaliam que o controle e a microgestão aumentou. Além disso, 70% acreditam que podem contar com seu gestor quando precisam de ajuda, embora 54% sintam falta de feedbacks.
A autonomia para decidir em qual tarefa trabalhar é algo que se intensificou para 76% dos participantes. De acordo com Soares, a boa notícia para os gestores é que as equipes estão se saindo bem. Outra pesquisa, realizada em maio com 300 CEOs, diretores e gerentes de empresas (consultorias, de tecnologia, marketing e publicidade), mapeou que esses gestores sentiam certa insegurança em verificar se a equipe estava trabalhando adequadamente. “Nesta segunda pesquisa, no entanto, fica evidente o sentimento de apoio, suporte e liberdade por parte dos colaboradores”, comenta. Para ele, isso foi motivado, em parte, pelo dinamismo que a própria crise exigiu: projetos foram tirados do papel e novas oportunidades, impulsionadas pela aceleração digital, funcionaram como aspectos motivacionais.
Mudanças definitivas?
O amadurecimento que as empresas vivenciaram nesse período — sob as óticas da adaptação ao trabalho remoto e da relação entre colaboradores e gestores — reflete em um desejo pela permanência do home office e por mais flexibilização das jornadas. Mais da metade (57,5%) dos colaboradores afirma que gostaria de continuar trabalhando remotamente cinco vezes por semana, o que é mais de três vezes a quantidade de gestores (17%) que gostaria de continuar 100% em home office, de acordo com o estudo realizado em maio. Porém, a vontade de trabalhar à distância alguns dias da semana é um desejo parecido tanto para colaboradores (81,5%) quanto para gestores (82,7%).
Para se sentirem mais satisfeitos no trabalho daqui para a frente, 54% dos colaboradores gostariam de ver as agências executarem práticas de integração online com os colegas no trabalho remoto, enquanto 46% esperam ferramentas de trabalho mais efetivas. “Todo mundo tinha medo de aderir ao home office e foi algo que doeu para fazer. Mas todo mundo descobriu que funciona bem melhor do que se imaginava, e, à medida que as alternativas de
socialização forem aumentando, que as pessoas possam se reunir com os amigos e familiares periodicamente, ir à academia, à faculdade, tudo isso vai suprir a necessidade de socialização, melhorar a autoestima e segurança que essas pessoas têm. A gente vive hoje com um certo nível de insegurança, algumas pessoas perderam colegas, parentes ou estão com medo de perdê-los. Ainda assim, as equipes se mantiveram firmes nesse período”, diz Soares.
*Crédito da imagem no topo: Divulgação
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