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Comunicação

Com 5 dias, Festival de Cannes será mais curto

Evento limita disputa de Leões a seis inscrições por campanha, corta áreas de Cyber e Integrated, muda nome de Promo & Activation, lança 4 novas competições e deixa o prêmio de Agência do Ano mais difícil para concorrentes brasileiras


13 de novembro de 2017 - 18h14

Por Alexandre Zaghi Lemos e Isabella Lessa

José Papa, CEO do Cannes Lions, e Philip Thomas, CEO da Ascential Events, apresentam em Londres o “novo Festival de Cannes

O Festival Internacional de Criatividade de Cannes será menor em 2018, quando realizará a sua 65ª edição. Dos oito dias de atividades de 2017, o evento será concentrado em cinco dias no ano que vem, de 18 a 22 de junho, de segunda a sexta-feira. Com isso, o preço de um Complete Pass, para o delegado participar de todas as atividades cai dos € 4.135 (cerca de R$ 15.800) cobrados em 2017 para € 3.249 (cerca de R$ 12.400) no ano que vem. A mudança é uma clara resposta à reclamação dos líderes de holdings de agências sobre o alto custo de enviar profissionais todos os anos ao festival e ao boicote do Publicis Group, que durante o Festival de Cannes, em junho, anunciou que ficará 12 meses ausente de eventos internacionais para investir em projetos internos, o que inclui sua ausência da croisette francesa em 2018.

Ainda nesta linha mais econômica, a organização do evento prometeu que o preço dos hotéis será congelado para 2018 para participantes inscritos no Festival, que também poderão economizar com menus de preço fixo em mais de 50 restaurantes, com três opções: € 20, € 30 e € 50.

Além disso, cada agência que fez mais de 15 inscrições de peças na edição de 2017 terá direito a uma inscrição grátis para delegado Young Lion em 2018. Com isso, segundo a organização, mais de 650 jovens criativos participarão do evento no ano que vem sem custo de inscrição. O esquema será repetido em 2019, com base nas inscrições de 2018.

“Estes novos benefícios tornam possível aos participantes orçar o Festival de forma mais precisa e eficaz, com medidas genuínas de poupança de dinheiro”, disse o brasileiro José Papa, CEO do Cannes Lions, que apresentou as novidades em Londres, nesta segunda-feira, 13, ao lado de Philip Thomas, CEO da Ascential Events, empresa controladora do Festival.

Eles anunciaram também a aposentadoria das áreas de Cyber e Integrated, e mudança de nome da área de Promo & Activation para Brand Experience & Activation. Por outro lado, o evento lança quatro novas competições em 2018: Creative e-commerce, Social & Influencer, Sustainable Development Goals e Industry Craft. A nova área de Sustainable Development Goals irá premiar soluções criativas que abordam qualquer um dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. E a de Industry Craft juntará em um novo júri específico as subcategorias de craft antes julgadas nas áreas de Print, Outdoor e Design. Apesar do aumento no total de competições de 24 para 26, a organização do evento promete a remoção de 120 subcategorias, com a intenção de simplificar o julgamento e diminuir a concessão de Leões. A nova arquitetura do Festival divide as suas 26 competições em nove vertentes:

– Comms (onde estão as áreas de Film, Print & Publishing, Outdoor, Design, Titanium, Radio & Audio e Mobile & Screen, essas duas últimas com nomes remodelados – antes eram apenas Radio e Mobile);

– Reach (Creative Data, PR, Diretc e Media, além da nova Social & Influencer);

– Craft (com Film Craft, Digital Craft e a nova Industry Craft);

– Experience (com a renomeada Brand Experience & Activation e a nova Creative e-commerce);

– Innovation (Innovation e Product Design);

– Impact (Creative Effectiveness);

– Good (com o Glass Lions e a nova Sustainable Development Goals);

– Entertainment (Entertainment e Entertainment for Music); e

– Health (Pharma e Health & Wellness).

Além disso, haverá novas regras para a concessão dos disputados Leões. As principais mudanças são o limite de, no máximo, seis inscrições para cada campanha e a mudança na contagem de pontos para os prêmios especiais, como Agência do Ano e Holding do Ano. A partir do ano que vem, a pontuação para um Grand Prix sobe de 10 para 30 pontos, com os Grand Prix de Titanium e de Creative Effectiveness passando a valer 35 pontos (antes era 12); os Leões de Ouro terão pontuação aumentada de sete para 15 pontos; e os Leões de Prata, de cinco para sete pontos. Os Leões de Bronze e os shortlists mantém a pontuação atual, de três e um ponto, respectivamente.

Outra mudança nos diversos júris será a separação das peças criadas para ONGs e sem fins lucrativos das campanhas desenvolvidas para marcas. Em 2018, o que a organização pretende é uma maior distinção nos júris entre as ações para marcas e as de caridade, abrindo caminho para uma mudança futura, planejada para 2019 ou 2020, de “segregar completamente” o trabalho sem fins lucrativos.

As novas regras deixam o título de Agência do Ano mais difícil para as concorrentes brasileiras, normalmente beneficiadas pela quantidade de inscrições e pontos de finalistas, e privilegia as vencedoras de Grand Prix e Ouros.

“Por quase três anos nossos times têm trabalhado em novos formatos, processo que envolve diretores criativos, CMOs e discussões ao redor do mundo. Era fundamental fazer essa mudança”, disse José Papa, para quem as novas regras deixam mais difícil a conquista de Leões, mas “tornam o prêmio mais justo”.

Durante a apresentação foi mostrado um vídeo com opiniões de diversos líderes da indústria, entre os quais o brasileiro Fernando Machado, executivo-chefe global de marca do Burger King, que defendeu um aumento na diversidade das palestras. “As melhores palestras não eram de gente da publicidade”, citou. Quanto aos seminários, a organização do Festival de Cannes divulgou que a partir do ano que vem qualquer interessado poderá se candidatar para palestrar – o que já ocorre em outros eventos, como o SXSW.

“Acreditamos que essas mudanças são para o bem, com Leões mais difíceis de ganhar, e refletem o cenário moderno do marketing, com conteúdo acessível online como nunca antes. Acreditamos que elas reforçam que Cannes é sobre criatividade no centro de tudo”, frisou Philip Thomas.

A onda de questionamento da indústria em relação ao custo e ao gigantismo do Festival de Cannes teve início durante a edição de 2017 por um anúncio feito pelo CEO do Publicis Groupe, Arthur Sadoun, de que a holding não iria participar de premiações por um ano, o que inclui o Cannes Lions de 2018. Após o anúncio das mudanças no evento para o ano que vem, Sadoun reafirmou que está mantida a decisão de não participar no ano que vem, mas elogiou as novidades de Cannes, especialmente a redução na duração e na complexidade do evento. Em comunicado oficial, o Publicis Groupe disse que colaborou nos últimos seis meses com o esforço de mudança do festival e que estará de volta à disputa por Leões em 2019. “O Publicis Groupe está ansioso para participar do Festival em 2019”, disse Sadoun no comunicado oficial.

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