Como a vitória de Donald Trump pode impactar a publicidade nos EUA?
Líderes de agências, anunciantes e empresas de tecnologia ouvidos pelo Ad Age opinaram sobre os possíveis cenários e mudanças que devem ser trazidas pelo novo governo
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Meio & Mensagem
8 de novembro de 2024 - 6h02
Com informações do Ad Age
Logo após a confirmação da eleição de Donald Trump como o novo presidente dos Estados Unidos, a reportagem do Ad Age entrevistou executivos de publicidade, marketing, mídia e de empresas de tecnologia a respeito de quais mudanças a nova administração pode trazer para seus negócios.
As repostas abordaram uma gama ampla de tópicos, incluindo o impacto das tarifas de importação propostas para o varejo, mudanças no tom das mensagens de marca, que podem ir para o ‘orgulho nacional’ em vez da inclusão, preocupação de recuou nos esforços em torno de diversidade, redução na regulamentação de publicidade e potenciais mudanças nos investimentos em compra de mídia.
Veja, abaixo, algumas das respostas dadas por alguns líderes da indústria da comunicação dos Estados Unidos:
“É bom para a economia dos Estados Unidos. As empresas dos Estados Unidos não gostam de admitir, mas eles preferem Trump porque ele defende impostos baixos e menos regulação (talvez com alguma qualificação em tecnologia). Ele já indicou impostos pessoais e corporativos mais baixos. O fato de ter sido uma varredura limpa, com Senado e Câmara, irá potencialmente dar mais poder administrativo a Trump. Portanto, as empresas com exposição significativa, tanto nos Estados Unidos quanto no exterior, se beneficiarão. O mercado já está reagindo dessa forma. Talvez as tarifas sejam inflacionárias também, se promulgadas. A posição para a Europa e empresas que exportam para os Estados Unidos é provavelmente menos otimista, dada a probabilidade das tarifas dos Estados Unidos e a pressão pelo pagamento da parte de defesa na OTAN. Eu acho que a nova administração será boa para a América do Sul também, pela cadeia de suprimentos, mas talvez não seja não tão boa para a Ásia.”
“O retorno de Trump à presidência dos Estados Unidos significa que o ciclo fechado, de caras brancos falando com caras brancos sobre outros caras brancos no topo de nossa indústria, se sentirá ainda mais encorajado a manterem as mulheres fora da liderança e do poder enquanto as assediam sexualmente e as agarram quando e onde quiserem, enquanto encerram completamente até mesmo os esforços simbólicos de diversidade e inclusão, porque agora eles os prejudicarão ativamente em termos de negócios, mantendo assim nossa indústria tão racista, sexista, misógina, homofóbica, capacitista e ageísta como sempre foi.”
“[A indústria deve] acordar. As marcas devem prestar atenção. Comece a trabalhar na criação de produtos, experiências e serviços melhores. Conheça seus consumidores e esteja mais em sintonias com suas vidas, vontades e necessidades atuais. Pare de perseguir a geração Z e fale mais sobre valores. Mensagens sobre unidade e positividade são essenciais. E assuma alguns riscos.”
“A pessoa mais desrespeitada na América é a mulher preta. A pessoa mais desprotegida da América é a mulher preta. A pessoa mais negligenciada da América é a mulher preta”, Malcom X.
“A democracia precisa de um rebrand. A cultura precisa de espaços mais seguros. Nossa indústria prospera em comunidades que são muito subvalorizadas, subestimadas e desprotegidas. Agora não é hora de cortar verbas, talentos departamentos e nem de cortar a esperança. Agora é a hora de protestar por meio de nosso trabalho. De usar nossa criatividade para controlar as coisas que podemos. Para contar as histórias que não foram contadas. Medir o mérito dessas declarações de missão e provar a mais de 67 milhões de pessoas que elas importam. Provar a essa geração e a próxima que o ódio até pode ocupar espaço, mas que ele não vence. E o ódio, com certeza, não vende. Nós somos publicitários, claro. Mas somos humanos primeiros. Sempre coloque os humanos em primeiro lugar.”
“Os resultados da eleição, infelizmente, encorajarão e capacitação a atual base de poder de marketing a deixar de priorizar as práticas comerciais inclusivas, que incluem metas de contratação, diversidade dos fornecedores e priorização de audiências e insights que podem ir além da cadeia de suprimentos e de provadores de soluções com quem queiram trabalhar. Isso resultará no fechamento de agências-boutique menores, de propriedade diversa, como consultorias e produtoras. Isso resultará em um êxodo de executivos pretos e indígenas e não-brancos que têm que trabalhar sob coação ou em algo em que não estejam realmente contribuindo, além de mais apropriação cultural e assim por diante.”
“A reeleição de Trump revela a verdade a respeito de muitos aspectos da América. Para as marcas, é um claro chamado para a ação. Reúna-se em torno de seus valores e leve empatia para todos os aspectos de sua organização. Da cultura interna da empresa a cada mensagem que você entrega, do fundo ao topo do funil. Lidere sempre com propósito.”
“Nós precisaremos de abordagens mais disruptivas para nossas abordagens criativas – as melhores práticas não vencerão. A campanha política vencedora foi considerada disruptiva: eles foram contra as melhores práticas, as regras foram quebradas – o livro de regras foi jogado de lado! E isso funcionou. Quanto às marcas, eu ainda acredito que a negatividade não seja o caminho. As marcas ainda devem jogar um longo jogo para construir confiança e relacionamento ao longo do tempo. A disrupção, de qualquer forma, não precisa ser negativa. Precisa simplesmente evocar mudanças.”
“Esta eleição pode causar um boom para a economia que liberará os investimentos em publicidade. Se você é uma marca, é importante ser otimista e olhar para o futuro. Em um ambiente onde tudo se tornou excessivamente polarizado, é importante para as marcas agirem de forma que não seja considerada política. Os consumidores estão ansiosos para deixar para trás os conflitos dos últimos meses e se sentirem bem novamente.”
“Esse ciclo eleitoral corretamente gerou cautela por parte das marcas. Mas, ao olharmos para o futuro, sabemos que a necessidade de conteúdo e notícias profissionais se tornará ainda mais crítica. As audiências continuarão a recorrer a esses ambientes em momentos de análise profunda, avaliação e engajamento. Sabemos, por meio da pesquisa da Stagwell lançada neste ano, que anúncios colocados adjacentes a tópicos de notícias têm desempenho tão eficaz do que os anúncios posicionados próximos a conteúdo de negócios, entretenimento e esportes. Isso cria uma oportunidade para nós, como indústria, de apoiar a democracia e o conteúdo jornalístico, ao mesmo tempo em que entregamos os momentos e resultados de qualidade de que as marcas precisam.”
“O futuro da criatividade estará centrado no otimismo e nas ideias universais que nos unem. Como indústria, não podemos entrar em guerras culturais políticas. Não preciso que minhas batatas-fritas tenham um ponto de vista que cause divisões. É nossa responsabilidade, particularmente como estrategistas, de entender profundamente as pessoas e o que as guiam, não reduzi-las a arquétipos. Há nuances na humanidade e cabe a nós criar e histórias de marcas que nos unam. Esperança e otimismo são o que buscamos e isso significa que precisamos dar às pessoas algo para se conectarem. É, por exemplo, as provocações que fazem marcas como a Nike. Você está dando às pessoas algo para se unirem e espero que vejamos mais marcas fazendo isso. Pelas lentes do otimismo e da mudança, ainda podemos ter impacto sem nos alienar ainda mais.”
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