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Comunidade LGBTQIA+ tem baixa representatividade na mídia e publicidade

Estudos da Getty Images e GLAAD, e da Elife e agência SA365, revelam que a representação da comunidade na mídia e publicidade ainda continua baixa e estereotipada


28 de junho de 2021 - 17h51

Nesta segunda-feira, 28, é celebrado o dia Orgulho LGBT, data em que gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis que frequentavam o bar Stonewall Inn, em Nova York, em 1969, se rebelaram contra a repressão preconceituosa da polícia e reivindicaram direitos civis, em marcha pelas ruas da cidade norte-americana. Desde este acontecimento, membros da comunidade LGBTQIA+ vêm lutando pelos seus direitos e, principalmente, por respeito.

De 1969 para cá, a comunidade já conquistou diversos direitos como união civil entre homossexuais, reconhecimento jurídico da identidade de gênero, criminalização da LGBTfobia, ocupação de espaços públicos, entre outras, porém, a luta ainda está longe de acabar. A questão da representação visual dessa comunidade, por exemplo, ainda continua baixa e estereotipada em todo o mundo, segundo pesquisa da Getty Images e GLAAD, organização de defesa de mídia LGBTQIA+.

Representação visual de pessoas da comunidade ainda continua baixa e estereotipada (crédito: D E Plume/Getty Images)

O levantamento “Visual GPS 2021 da Getty Images” aponta que apenas 20% dos entrevistados globais afirmaram ver pessoas LGBTQIA+ representadas regularmente em imagens e, quando o fazem, as representações são estereotipadas. Nos Estados Unidos, esse número é um pouco maior, ficando em 25%. Para os respondentes, 30% dessas imagens retratam gays de forma afeminada, 29% mostram pessoas da comunidade carregando a bandeira do arco-íris, 29%  retratam mulheres lésbicas como masculinas e 28% representam gays como extravagantes.

Tristen Norman, chefe de Creative Insights para as Américas da Getty Images e iStock, afirma que, embora o aumento da representação impacte positivamente o aumento da aceitação, a pesquisa mostra que indivíduos LGBTQIA+ continuam “grosseiramente” sub-representados na mídia. “Mesmo quando essa comunidade está representada, as empresas e a mídia dependem muito de imagens estereotipadas e pouco autênticas”, completa.

A terceira edição do estudo anual “Diversidade na Comunicação de Marcas em Redes Sociais”, realizado pela Elife e agência SA365, também confirma que a representatividade da comunidade LGBTQIA+ está baixa no Brasil. Na verdade, a pesquisa mostra que ela diminuiu um ponto percentual em 2020 em comparação com 2019 na comunicação dos maiores anunciantes, mesmo em um ano com o cenário dos debates no mercado publicitário gerados pela PL nº 504/2020, que vedava a participação da diversidade na comunicação.

A pesquisa da Elife e agência SA365 analisou 1902 posts (entre vídeos e fotos) no Instagram e Facebook com 50 marcas feitas pelos 20 principais anunciantes brasileiros entre janeiro e dezembro de 2020. O levantamento contou com sete etapas: identificação dos principais anunciantes de acordo com a Kantar Ibope, set-up do monitoramento no Buzzmonitor, mineração de dados, seleção de posts contendo protagonistas humanos, classificação de grupos presentes nas imagens, cruzamentos de dados e, por fim, análise qualitativa.

O estudo da Getty Images ainda sugere que pessoas da comunidade LGBTQIA+ em países com menos representação nos visuais, incluindo mídia e publicidade, apresentam maior experiência com a discriminação e preconceito. “Por exemplo, na Alemanha, onde a representação é menor, a discriminação é maior, ao contrário do que acontece nos EUA. O que quer dizer que imagens autênticas que capturam de forma precisa e positiva as nuances dessa comunidade diversificada não são apenas necessárias, mas podem ter um impacto positivo global”, ressalta Tristen.

O levantamento da Elife e SA365 também observa sazonalidade no conteúdo LGBTQIA+, com elevação da presença destas publicações em junho, considerado o Mês do Orgulho e em datas natalinas, quando as marcas fecham parceria com influenciadores. Em junho de 2020 foram realizadas 13 publicações com este enfoque, enquanto em dezembro foram dez, ao passo que, em março do mesmo ano, não houve nenhuma publicação neste sentido, os meses de setembro e outubro também apresentaram índices mais baixos, apenas uma e duas campanhas, respectivamente.

Essas percepções, de certa forma, deixam alguns anunciantes hesitantes quando se trata de representar proativamente a comunidade LGBTQIA+ em suas campanhas e comunicações, especialmente fora do Mês do Orgulho LGBTQIA+. Para ajudar as marcas e empresas em seu esforço para serem mais inclusivas em suas escolhas visuais, o GLAAD e a Getty Images lançaram neste mês o Guia LGBTQI+, que oferece recomendações práticas para fazer escolhas visuais mais inclusivas com segurança ao retratar a comunidade.

“Em vez de evitar representações ou confiar em estereótipos, criamos orientações sobre como representar autenticamente a comunidade LGBTQI+ de forma a criar conexões duradouras. O aumento da representação de pessoas LGBTQI+ em suas comunicações demonstra sua ênfase intencional em torno da diversidade e faz um compromisso público de seu apoio a esta comunidade”, comenta Nick Adams, Diretor de Representação de Transgêneros do GLAAD.

**Crédito da imagem no topo: Cecilie Johnsen/Unsplash

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