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Comunicação

Criação em casa: a quarentena nas narrativas

Além de alterar a dinâmica das produções, distanciamento social permeia narrativas de produções publicitárias e de entretenimento


13 de maio de 2020 - 6h00

A Hysteria, núcleo de conteúdo da Conspiração, está explorando a temática da quarentena sob a ótica das mulheres em projetos para Converse e séries como a “A Quarentena de Cada Signo” (foto) – Crédito: Divulgação

O Dia das Mães, comemorado no último domingo, 10, deixou ainda mais clara a recorrente utilização de cenas de pessoas reais, em suas casas, nas campanhas publicitárias.

A surpresa inicial diante da suspensão das filmagens externas em São Paulo pela Spcine – no início da quarentena, em meados de março – rapidamente cedeu lugar à adaptação de produtoras e agências ao atual cenário de recursos limitados. Nada tão distante do mundo pré-pandemia, garante Luisa Barbosa, produtora executiva sênior da Conspiração. “Ainda é um aprendizado, mas se adaptar e produzir em condições adversas são características sempre presentes nas produções audiovisuais. E é gigante a nossa capacidade para a resolução de problemas e para a aplicação de soluções”, afirma.

A produção “caseira-profissional” tem sido posta em prática, muitas vezes, por meio da direção remota. Um exemplo disso foi o filme “Raio de Sol”, segunda fase da campanha da AlmapBBDO para o WhatsApp. As Irmãs Fridman, da Stink, dirigiram à distância o diretor de fotografia Pierre de Kerchove, que, por sua vez, filmou a namorada, que atuou no filme e ajudou a produzí-lo.

Já o filme criado pela Publicis para Ninho, da Nestlé, teve direção remota de Mariana Youssef, diretora de cena da Paranoid. De acordo com ela, o principal aprendizado da atual dinâmica é a parceria entre marca, agência e produtora. Ao contrário do que se poderia imaginar, os prazos ainda mais curtos e as condições ainda mais restritas foram capazes de trazer agilidade e confiança aos processos, diz. “Creio que seria muito edificante se esta dinâmica fosse incorporada num futuro próximo quando tudo voltar a operar normalmente. Acho muito rico para o processo que ele seja leve e com menos camadas e barreiras. Tenho certeza que melhora, acima de tudo, o resultado do filme”.

Direção remota

A Conspiração está realizando dois projetos de entretenimento: um reality de culinária e outro de culinária, ambos com produção, filmagem e edição 100% remota.

A produtora enviou três iPhones esterilizados para a casa da apresentadora. Ela recebeu orientações sobre como operar e posicionar os celulares, assim como instalar o microfone de lapela. A direção foi feita por meio da webcam do computador, que fez as vezes de videoassist para os diretores em suas respectivas casas.

A DPZ&T, na campanha #CasaéTudo, criada para Electrolux, apostou na recriação de cenas reais. Após fazer um casting virtual, a produtora Café Royal brifou algumas pessoas para interpretarem cenas de atividades cotidianas dentro de casa.

Quarentena como temática

Assim como nas campanhas publicitárias, as produções de entretenimento também estão explorando o contexto do distanciamento social. A Hysteria, núcleo de conteúdo da Conspiração, produziu uma série de quatro episódios para a Converse, inspirada na campanha Love Yourself First, que mostra como as mulheres se mantém criativas e inspiradas em casa. O projeto havia sido fechado antes da pandemia, mas acabou sendo lançado durante a quarentena, já que o autocuidado ganhou ainda mais relevância neste período.

O núcleo também fez a série “A Quarentena de Cada Signo”. Publicada no stories do Instagram, o conteúdo é composto por cinco sketches de cada signo. Depois, a equipe uniu os 12 filmetes em uma só temporada veiculada no IGTV, no YouTube e no site da Hysteria. No total, são cinco temporadas com reuniões de roteiro feitas pelo zoom e filmagem feita com celular de cada uma das seis atrizes convidadas.

Segundo Luisa, embora seja difícil ser assertivo em relação a tendências neste cenário, existem algumas tendências para além de conteúdos com a temática sobre a própria pandemia que devem se intensificar. “Estamos vendo a consolidação das lives, a busca por conteúdos que gerem aprendizado e novas alternativas para o contato social”, comenta.

Para Mariana, as narrativas precisarão também se adaptar. “Talvez tenhamos histórias mais enxutas, com menos personagens e cenas mais contemplativas. Talvez sejam séries e filmes de produções “menores” mas, que para serem bem-sucedidos, precisarão investir em roteiro. O que é excelente”.

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