Criativos dão dicas para manter o foco e aumentar a produtividade
Meio & Mensagem conversou com criativos para entender seus rituais de concentração no processo de criação
Criativos dão dicas para manter o foco e aumentar a produtividade
BuscarCriativos dão dicas para manter o foco e aumentar a produtividade
BuscarMeio & Mensagem conversou com criativos para entender seus rituais de concentração no processo de criação
Karina Balan Julio
24 de fevereiro de 2017 - 7h40
Uma das maiores agonias da civilização contemporânea, a produtividade tem sido uma busca constante de profissionais de todas as áreas. O desafio de lidar com várias tarefas ao mesmo tempo pode ser ainda mais difícil quando o trabalho envolve processos criativos. Uma pesquisa da empresa americana Scoro mostra que 89% das pessoas admitem perder tempo no trabalho todos os dias. A maioria delas aproveita cerca de 60% ou menos do tempo disponível em sua jornada de trabalho. De acordo com o estudo, atividades como checar o e-mail, comparecer à reuniões, pesquisar assuntos na internet e a procrastinação estão entre os principais fatores que diminuem a produtividade.
Meio & Mensagem conversou com criativos de quatro agências para entender seus rituais e métodos para evitar a procrastinação e fazer a criatividade acontecer. Confira o resultado abaixo:
Mauro Villas-Bôas, diretor de arte da WMcCann
Foto: Divulgação
Acredito que ser criativo é um método, é algo que se pratica. Quanto mais fizer, melhor. Por isso, não deixe nunca a máquina esfriar. Encare os trabalhos na sua mesa e ainda acrescente alguns projetos pessoais. Seja um superdiretor de arte, mas não sufoque o escultor. Seja um bom redator, mas não deixe o guitarrista morrer. Esses projetos paralelos são a maior fonte de renovação que você pode criar. É uma espécie de caixa de compostagem: ideias adubadas organicamente.
Theo Rocha, diretor de Criação da F/Nazca Saatchi & Saatchi
A melhor maneira que encontrei ao longo dos anos de me manter produtivo foi fazendo pausas nas quais realmente mudo de assunto por um tempo e desligo dos problemas que parecem não ter solução. Pode ser uma volta no parque, conversar com alguém, ir à academia ou até mesmo entrar num outro job mais complicado ainda. O importante é que seja algo que realmente me tire cem por cento do assunto anterior. Outra alternativa é pedir ajuda, quase sempre funciona. Gosto de falar com pessoas de outras áreas da agência, pois sempre aparece um novo jeito de encarar o problema. E, se nada disso funciona, é importante não perder a perspectiva das coisas. Relaxado é bem mais fácil chegar a uma boa ideia.
Mariângela Silvani, diretora executiva de criação da Grey Brasil
Meu ritual de criação e, consequentemente, produtividade, envolve algumas etapas fundamentais para mim: conversa com o cliente e entendimento do briefing. Normalmente é daí que surgem os ou “o” insight. Várias vezes acabo perseguindo outros e acabo voltando a esse primeiro sentimento. A partir daí, vem um momento de extrema concentração, onde mergulho em pesquisas: de textos, vídeos, referências, histórias sobre o produto, pessoas, enfim, tudo o que possa alimentar ou gerar ideias. É uma etapa de silêncios e introspecção, onde fico totalmente focada naquilo que tenho que fazer. É o momento do prazer da concepção. Depois vem o compartilhamento, a conversa sobre a ideia, a soma das outras pessoas e às vezes a destruição (risos). Nesse caso, respiro fundo, toma água, café e começo tudo outra vez.
Léo Avila, diretor de criação da Santa Clara
Acredito plenamente que não existem regras a serem “cagadas”, como dizemos popularmente, quando o assunto é processo criativo. Raramente o que funciona para um, funciona para outro. Então dicas, truques e macetes servem mais como inspiração. Como bom CDF, eu nunca espero ter um arroubo criativo, um momento eureka que vai salvar o mundo – e meu final de semana. Então planifico o meu processo, tento entender qual o jeitão da ideia que estou perseguindo.
Quando eu percebi que sempre tinha alguma ideia quando saía da mesa, trouxe uma garrafa para a agência e comecei a beber litros de água, para me forçar a levantar e ir ao banheiro (bom para os rins, bom para as ideias). Outra dica é do Alex Bogusky, mas funciona para mim: percebi que algumas ideias meia-boca melhoravam quando eu abria a boca para contar, comecei a contar inclusive as ideias inexistentes. Geralmente, depois de um ‘ah, já sei! A gente podia…’ vem alguma coisa. Mesmo que essa coisa não estivesse lá antes. Não é raro eu ver gente se privando de dominar o processo criativo simplesmente porque parece ser mais cômodo se esconder atrás do ‘é o que temos’. E aí vem, na esteira, o fantasma da procrastinação – que, no meu tempo, era só enrolação, mesmo. Quando um profissional de criação não deixa seu ganha pão nas mãos da sorte ou de seu feed de Facebook e se percebe como profissional, esse sim é um bom truque pra estimular a criatividade.
Compartilhe
Veja também
Grupo chinês investe R$1 bilhão nos serviços da 99 e anuncia retorno do 99Food no Brasil
Aplicativo foi lançado em 2019, mas teve suas operações descontinuadas em 2023; retorno do app está previsto ainda para este ano
Quais são os planos do Grupo de Planejamento sob nova gestão?
Diretoria da entidade sem fins lucrativos dará continuidade ao trabalho de formação e focará em novas parcerias para tornar disciplina mais acessível