Dissidência da Abradi prepara lançamento de nova associação

Alexandre Zaghi Lemos
18 de julho de 2022 - 12h32

A disputa pelo comando nacional da Associação Brasileira dos Agentes Digitais (Abradi), em eleições com duas chapas concorrentes, gerou uma crise entre seus dirigentes e uma dissidência que promete iniciar uma nova entidade. Em processo de mobilização e constituição legal, a Associação Nacional do Mercado e Indústria Digital (AnaMid) deve ser lançada no dia 15 de setembro. A eleição para o biênio 2022-2024 na Abradi ocorreu em abril. A oposição, liderada pelo então vice-presidente Daltro Martins obteve 183 votos, contra 76 da chapa encabeçada pela presidente Carolina Morales.

Carolina Morales segue no comando da Abradi e Rodrigo Neves deverá presidir a AnaMid (Crédito: Divulgação)

Entretanto, um pedido de impugnação, que alega que Daltro não ocupava cargo diretivo em nenhuma empresa afiliada, foi protocolado antes e acolhido após a votação. Diante da insatisfação da chapa mais votada, a entidade recorreu ao escritório de advocacia que a atende, Franco de Menezes, que sugeriu em seus pareceres, entre outras providências, a manutenção da impugnação a Daltro e a realização de novas eleições, após revisão cadastral dos associados. Mas, o Conselho de Administração da Abradi acolheu apenas parte das recomendações, incluindo a impugnação, mas rejeitou realizar um novo pleito.

Assim, segue no comando da entidade pelos dois próximos anos Carolina Morales, que é sócia e CMO na ICom, de Brasília, e a primeira mulher a presidir a associação. Desde então, o outro grupo lidera um movimento de cisão, com desfiliações da Abradi e prepara o lançamento da AnaMid, que deverá ser presidida por Rodrigo Neves, CEO da VitaminaWeb, de São Paulo, que havia sido reeleito presidente da regional São Paulo da Abradi, no mesmo processo eleitoral, mas renunciou.

“Nos últimos dois anos, houve desgaste entre a Abradi São Paulo e a nacional. Tudo bem que existem regras, mas o estatuto é vago, dá margem a dupla interpretação e a vontade da maioria não foi respeitada”, alega Neves. Entre os diferenciais da AnaMid, ele cita a possibilidade de filiação não só de empresas, mas também de profissionais; e a intenção de uma atuação mais ampla e diversa, abarcando todas as áreas da indústria digital e de inovação. A ideia é manter a capilaridade nacional, com representação em todos os estados.

Na Abradi, Carolina Morales diz que o movimento de saídas se restringe a empresas mais vinculadas ao grupo de Martins e Neves. Segundo ela, na ocasião da eleição a associação tinha 484 filiados e no dia 8 de julho esse total era de 432. “Houve uma diminuição majoritariamente nos filiados de São Paulo. No total, saíram mais de 50 empresas, mas recebemos outras”, cita. A Abradi prepara edital de convocação de novas eleições para a regional São Paulo, sem presidente desde a renúncia de Neves. Carolina pretende se focar no potencial de crescimento da associação, especialmente através de projetos como o Guia de Valores de Produtos e Serviços Digitais, lançado neste ano, que precificou cerca de 150 atividades para servir de referência ao mercado, e, segundo ela, tem ajudado a atrair novos filiados.