Pesquisa: 45,7% das pessoas não conhecem uma liderança negra

Taís Farias
18 de novembro de 2022 - 7h36

59% das pessoas ouvidas afirmaram trabalhar em empresas em que as pessoas negras compõem menos da metade do quadro de colaboradores (Crédito: Fizkes/ Shutterstock)

A consultoria de diversidade e inclusão Indique apresentou, em parceria com a agência Mindsight e a Visa, a pesquisa “Raça&Mercado de Trabalho: uma conta que (ainda) não fecha”. A proposta do estudo é compreender o cenário das pessoas negras no mercado de trabalho. Para isso, foram ouvidos mais de 2.500 profissionais entre 12 e 20 de janeiro deste ano por meio de um questionário quantitativo. Entre os entrevistados, 42,3% estão empregados, 38,7% desempregados e 19% estão em busca de novas oportunidades, apesar de já terem um emprego.

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Um achado do estudo foi o fato de que 59% das pessoas ouvidas afirmaram trabalhar em empresas em que as pessoas negras compõem menos da metade do quadro de colaboradores. Além disso, 45,7% dos entrevistados não conhecem uma pessoa negra que ocupe cargo de liderança. A partir desse dado, a análise defende que é preciso tornar os caminhos e oportunidades mais amplas para esses profissionais e que pensar só na jornada de entrada não basta.

Letramento racial

No levantamento, 37,2% dos respondentes negros indicaram já ter sofrido algum tipo de racismo no ambiente de trabalho. Deste total, 54,7% dos atos racistas vieram de líderes, enquanto 39% partiram de colegas de trabalho. A magnitude desse dado aponta para a falta de letramento racial nas companhias.

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Mais da metade dos entrevistados (57%) declararam que as empresas onde trabalham não possuem espaços de acolhimento para denúncias de racismo e 80,9% nunca participaram de algum tipo de treinamento para proteção de colaboradores em caso de racismo.

“O mercado tende a olhar para o recrutamento e seleção pontual de pessoas negras, como se essa fosse a única solução para o problema – muitas vezes concluem até que a questão foi resolvida. Mas os insights levantados na pesquisa demonstram que essa iniciativa, sem dúvida essencial, não se sustenta sem outras políticas nas empresas. Não dá pra falar de Diversidade, sem falar de inclusão”, aponta Amanda Abreu, sócia fundadora do Indique.

Frente a esse cenário, 74,6% das pessoas que participaram da pesquisa afirmam ser favoráveis a vagas preferencialmente destinadas a pessoas negras. E, ainda, 84,8% acreditam que a diversidade racial nas empresas contribui para melhores resultados nos negócios. Confira o estudo completo. Anteriormente, a consultoria já realizou outras pesquisas como a “Potências (in)visíveis: a realidade da mulher negra no mercado de trabalho”.